Entre o amor e a morte (Conto)

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                 Se há uma coisa que aprendemos desde pequenos é que, por melhor que seja, o amor sempre nos machuca de alguma forma. Seja pelo fato de que nós ainda não compreendemos todas as vertentes presentes no simples e complexo ato de amar, ou apenas porquê consideramos ele como esdrúxulo ou até mesmo um pouco fora dos padrões. Mas afinal, viver dentro dos "padrões" realmente pode trazer felicidade verdadeira? Não quero me atentar muito a questão filosófica ou antropológica sobre o amor. Meu objetivo é contar minha história e mostrar que é simplesmente impossível amar, sem que de alguma forma nós possamos não sofrer. Afinal, o amor consiste numa estrada de mão dupla e ambas devem caminhar na mesma direção. Parece complexo, mas não é tão difícil de compreender. E apesar de ser belo, não há nada mais trágico que o amor.

                  Após várias decepções amorosas, acabei ficando um pouco desacreditado no amor. E como eu costumo refletir um pouco sobre mim e a minha vida, algumas vezes apenas pensar em milhões de coisas aleatórias ao mesmo tempo, e em outras vezes até imaginar histórias de amores que só existem na minha mente. Para essa atividade individualista, eu costumo sentar na porta da minha casa, ou na janela do meu quarto, e observar o pôr do sol com sua beleza triunfal, ou a lua com seu brilho e natureza totalmente exuberantes e divinos. 

                  Um certo dia, sentei-me na porta para apreciar um pôr do sol com um tom meio rosado, e muito lindo de admirar. Era um dia comum como qualquer outro. E estava a imaginar situações corriqueiras e algumas soluções para ela. De repente, ao outro lado da rua, passou um garoto, e o seu brilho e simpatia fizeram um contraste perfeito entre a sua beleza singular e o pôr do sol. Seus cabelos tinham ondas semelhantes às do mar, que faziam um realce com a cor de seus olhos que pareciam ser da cor do mel. Além disso, seus olhos eram de tamanho médio, bem desenhados, e exibiam uma forte sensação de uma pessoa muito segura de si. Fora tudo que eu já citei, seu olhar era tão penetrante quanto um feixe de luz na escuridão. Sua estatura era mediana, assim como seus aspectos físicos no geral. Vê-lo naquela tarde, foi como ter tido a visão de um dos anjos do paraíso. A sua presença transmitia uma paz que eu jamais sentira em toda a minha vida. Pensei estar em um sonho profundo, ou apenas imerso nas imagens produzidas pela minha mente. Mas era uma visão real, e eu não estava sonhando ou imaginando coisas.

                 No mesmo período que aparecera aquele belo garoto, na pacata cidade de Stoneville também estava amedontrada devido a um assassino em série que estava a solta. Já havia um total de 25 vítimas, dentre elas  mulheres, homens, e até mesmo jovens. Uma situação bem crítica e pesada para uma cidade que até então era muito tranquila e quase sem índices de violência. A população estava tomada pelo medo, afinal, qualquer um poderia ser a vítima desse maníaco. As pessoas mal saíam de suas casas, as crianças já não brincavam na rua, e os idosos que costumavam sentar na porta de suas residências para tomar um ar fresco, já não apareciam mais. A cidade era, literalmente falando, uma cidade fantasma.

                Mesmo sabendo os riscos, eu precisava conhecer aquele garoto angelical. Tinha que arrumar uma forma de nossos destinos se cruzarem de alguma forma. As pessoas diziam para não confiar em alguém desconhecido e tudo mais, porém, era bem improvável que um garoto tão jovem como ele, pudesse ser um assassino em série que não deixou nenhum rastro, nenhum padrão e nenhum modus operantis.

             Para acalmar a população de Stoneville, o Departamento de Polícia havia proposto um baile de máscaras para fazer com que a população não pensasse tanto nos crimes que haviam sido cometidos no último ano e ao mesmo tempo, criar um lugar propício para fazer com que o assassino pudesse mostrar um sinal de sua existência, tentando fazer uma vítima. A polícia havia feito um reforço na segurança, de maneira que qualquer tentativa suspeita, levaria a uma abordagem no suspeito. Eu estava muito animado para esse baile, afinal, era uma chance possível de conhecer o garoto que tomou meus pensamentos nos últimos dias. 

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