Your Blood

Cap 29. Eros.

O sol lá fora brilhou, os pássaros cantaram em coro, o inteiro despertou ou pelo menos quase. Naquela manhã, Rony não conseguia nem distinguir o que era real e o que eram meros sonhos, sendo assim, vamos recapitular os últimos eventos.

Rony, Carlinhos e Blaise saíram juntos para cidade, tudo parecia estar perdido até eles entrarem em um bar e beberem (ou tentarem), Rony foi puxado por um homem gigantesco e o socou assim iniciando uma briga de bar, quando menos esperava outros homens caíram no soco se divertindo como se estivessem em festa. De repente foi puxado por Zabinni para fora do bar onde ele pôde ver o sorriso mais lindo do mundo, iluminado pela lua, tão delicado, tão frágil mas tão forte, tão ele mesmo... Naquele momento ele clamou para que o amanhã não chegasse, que pudessem ficar eternamente naquele único momento.

Mas obviamente o amanhã chegou. Chegou trazendo sua luz, Rony sentiu os raios de sol esquentarem o seu rosto, seu corpo ainda está quente não fazia nem a menor menção de se mover. Tudo que ele queria era ficar naquela cama, para sempre, sem se preocupar com o seu futuro, com seus amigos, com como iria orgulhar os seus pais, como ia fazer para suportar ano após ano, como faria para ter aquilo que queria de volta.

- Você não vai?

- Para onde? Tem alguém realmente me esperando, Harry?

- Eu te esperaria.

- Me esperaria? - ainda imóvel Rony, sem olhar para seu amigo, agradeceu fortemente por ter um amigo mesmo sendo como era.

- Só se você escovar os dentes.

Rony poderia ter visto um pequeno sorriso nos lábios de Harry, ele então, finalmente, levantou-se, afinal havia chegado um amanhã.

Era complicado se sentir animado sabendo o que teria que enfrentar, professores, provas, e principalmente, pessoas. Uma em específico, Blaise. Era difícil ver ele sorrindo, difícil ouvir ele gargalhar, difícil sentir o seu cheiro, difícil ver a sua pele beijada pelo sol que parecia que iria fazer Rony enlouquecer se não fosse ele mesmo o sol que queimasse a pele de Blaise. Ele queria mais, queria sentir mais, queria ouvir mais, queria ver mais, queria gemer mais, queria mais e mais.

- Me avise se for demorar mais, temos 20 minutos para termos um café da manhã descente sem comer apenas restos, mas se quiser acabar com a água do mundo pode ficar aí, eu vou me matar enquanto espero.

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- Paixão e amor, qual a sua diferença? Eros é a palavra que os gregos usavam para descrever o romance. Era associado ao desejo, ao prazer, atração física e ao sexo. Não façam essas caras, somos todos bem crescidinhos para conseguirmos lidar com essa palavra! - a professora falou escondendo seu mini sorriso.

- O que é que você sente Draco, hein Harry? É Eros? Quer se afogar no desejo e na atração física? - Rony perguntou mexendo suas sobrancelhas de modo exagerado e até mesmo assustado, quem conseguia mexer tanto as sobrancelhas?

- Que nojento Ronald, não deve existir só esse tipo de amor!

- E você não está errado senhor Potter? Potter! Para os gregos não se existia apenas uma palavra para o amor, era algo mais profundo e sensível. Existem três palavras que podem descrever o amor para os gregos, Eros, Ágape e Philia. Para Platão, embora eros seja sentido em disposição a uma pessoa, o eros é transformado numa apreciação da beleza trazida na alma. Platão acreditava que tanto filósofos quanto amantes buscam a verdade através do eros. Pois o Eros é pode ser mais quente que o fogo, pode afogar aqueles que não sabem fazer bom uso dele, podem fazer com que você se transforme em uma nova pessoa, e cabe a você descobrir se essa nova pessoa vai ser alguém bom ou um idiota completo.

Ron tinha certeza que se estivesse sentado um pouco mais na frente, sentiria dois pares de olhos encarando as suas costas. Agradeceu por ter chegado atrasado, assim evitando saber se tinha se transformado em alguém bom ou um babaca. Apesar de já saber da resposta.

- Philia fala sobre amizade, porém, engloba muito mais do que apenas isso. Significa lealdade, família, e comunidade. Philia é caracterizada por ser sincera, recíproca, pura e ultrapassa, até mesmo, Eros. Em razão disso, é sábio priorizar a Philia sobre as outras formas de amor mais passageira. Segundo Aristóteles: "as coisas que fazem a amizade ser o que é: fazer gentilezas, fazê-las sem ser convidado, e não proclamar o fato de tê-las feito". Chamar o seu melhor amigo de seu verdadeiro amor não seria errado na visão de Philia

- Chame esse ruivo sardento de seu amor e eu corto sua existência da terra Potter, eu sou o seu amor! - Draco exclamou baixo o suficiente para Harry e Ron ouvirem.

- Me pergunte daqui uns anos e eu digo se você é o meu amor verdadeiro é Eros ou Philia.

- Você poderia me perguntar agora mesmo e eu lhe diria que você é o meu Eros, e é o único tipo de amor que eu preciso. - Draco falou de forma aveludada e cítrica, Harry sentiu o objetivo daquela frase, e não só ele, a sala toda ouviu.

- Ah, o amor juvenil, impressionante como as coisas podem ir da água para o fogo em questão de segundos, isso nos leva a um amor mais suave. A Ágape, esse amor pode ser descrito como um amor para natureza em geral, amor pelo ser humano e suas criações, um amor à vida, Platão e os antigos filósofos usavam o ágape para contrastar com o eros e o philia. Eles usavam o ágape para definir o amor a membros da família, de um grupo com afinidades em comum. Apesar de ter sido discutido pelos antigos filósofos gregos, o ágape era pouco presente nos manuscritos da época, e só foi ser mais usado na Roma Antiga, em carta para significar "prezado".

Eros, Philia e Ágape, Ron queria saber qual desses amores Blaise sentia por ele. Poderia ser que não sentisse nenhum desses por ele, poderia não sentir nada... Não, ele sentia alguma coisa, era claro que sentia, era claro pelas trocas de olhares, quando pegava Blaise lhe dando olhares furtivos e ainda mais quando ele não fazia nem questão de desviar o olhar, aquilo lhe dava borboletas no estômago... Mas porra! Por que estava pensando tanto nele? Por que não conseguia parar de forcar nele, tudo que Ron queria era parar de pensar nele desde a hora que acordava até a hora que dormia e nem mesmo nos seus sonhos ele podia escapar desse tormento. Lembrou-se do sonho que o fez não querer sair da cama, lembrou-se do porquê o sol tocando o seu rosto parecia ser tão confortável, era porque os lampejos do sol lembravam os beijos que Blaise os dava em seus sonhos, o lembrava de como o tocava, como sussurrava em seu ouvido, como o chamava... Tão vívido, tão perto, porém tão mais tão distante da situação real.

Ele queria ser fogo, queria ser desejo, queria ser prazer, queria ser tudo, queria ser Eros. Quer ser o Eros de Blaise. Queria ser único, queria ser almejado e desejado por quem o desejava, queria ser o Eros do seu Eros.