Tomas perseguia a nave e a nave perseguia a caminhonete. Adiante já se via a enorme e extensa montanha se aproximando bem no meio do caminho. O traído nunca percorreu por aquela estrada, talvez quem tivesse dirigindo aquela caminhonete sabia o que ocorria quando se deparasse com os poderes extraterrestre, mas preferisse jogar o carro contra a montanha num suicídio honroso.
O ex-casado acelerou com tudo, alcançando o OVNI. Pôs o braço pra fora, mirou pra cima resistindo ao vento, mas não fez ideia de onde atirar. Uma bala de pistola soava inofensiva perante aquele objeto bruto. O cenário avermelhado devido as luzes de excitação, insinuava que algo devia ser feito urgente!
A montanha estava chegando mais perto. Ele fechou os olhos, respirou fundo buscando uma solução, nada veio a cabeça. A caminhonete fez um movimento descontrolado, um cilindro apareceu na janela trêmula do motorista. A cabeça do objeto foi mirada na direção do disco voador, um clarão amarelado surgiu dali, e da ponta do cilindro um cubo voou em direção a nave deixando fogo e fumaça no trajeto percorrido.
— Uma bazuca? — gritou Tomas com a cara em cima do volante — O pessoal da caminhonete tem uma bazuca?
Apreciou cada momento daquele mini foguete indo na direção da nave mau caráter. Era bom demais pra ser verdade. Sabia que uma aeronave daquele porte não cairia assim tão fácil, mas ansiava em causar o mínimo incomodo aos vigaristas. Ele abaixou um pouco a cabeça pra ver o projetil chegar lá em cima. O foguete já estava perto demais e nada da nave projetar o escudo de defesa, se é que isso existia. Um estrondo surgiu, a nave chacoalhou e Tomas viu uma belíssima euforia de fogos na explosão provocada embaixo dela. Comemorou aquele réveillon acontecendo graças a bravura do motorista da frente pra proteger seu casamento. Até que a beleza incandescente cessou, sobrando uma fumaça serpenteando no céu. A astronave lançou um jato como extintor de incêndio, e assim que o ambiente limpou, o ex-casado constatou que o buraco foi minúsculo como uma topada de dedo que não impede o corredor de correr. A nave continuava a perseguir.
Na frente, a montanha estava terrivelmente gigante. E a caminhonete não diminuía a velocidade. Ia mesmo acontecer. Mas no pé do cume havia uma área mais escura, quando o farol tocou o local, se revelou um túnel, a caminhonete entrou ali. A luz vermelha da nave ficou azul e desacelerou ao perceber que não caberia na passagem repentina, tremeu e subiu pela montanha.
Tomas, acompanhou o veículo da frente pelo interior do túnel que logo desacelerou e encostou próximo a parede rochosa. O ex-casado passou devagarzinho investigando o automóvel estranho e estacionou logo adiante, desceu do carro e ficou ali curioso pra conhecer o ousado da caminhonete preta.
O novo ambiente era mais escuro que lá fora. A maçaneta do veículo misterioso se moveu e a porta abriu, surgiu a sombra de alguém, suas botas de couro pisaram no chão areado, ele se ergueu, encarou o homem da lata velha sem falar nada e voltou a atenção para os itens que começou recolher no carro. A fera tinha estilo.
— O que está fazendo aqui? — Perguntou a voz do estranho.
— Vim atrás deles, queria fazer justiça.
O sujeito encaixou a bandoleira entre o ombro e o pescoço. Mesmo no escuro, pelo formato da arma, parecia uma doze. Ele virou a cabeça e disse:
— O que eles te fizeram?
— Raptaram minha mulher.
— Raptaram? — Disse o estranho se virando por completo dando uma leve gargalhada — ou ela quis?
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O Abdutor de Alianças
Science FictionQuando Tomas descobre um OVNI sobrevoando sua casa, ele entra em pânico e arrasta sua esposa para dentro do carro, fugindo em sua lata velha. No entanto, a tecnologia alienígena a bordo começa a atiçar os instintos mais ocultos dos seres humanos, le...