Capítulo 04 - Sombra

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        Numa coragem desajeitada, Tomas apertou o gatilho, a arma escoiceou disparando. As balas voaram em direção ao alvo. O alienígena agachou e pulou como um gafanhoto, buscando cair atrás do carro como escudo. Sons de vidro quebrado e lataria amassada decepcionou Tomas respeito a sua pontaria. Sua lata velha estava mais velha ainda. havia buracos no carro misturados ao sangue escuro do inimigo derramados por sua parceira.

        Marta oscilava a atenção entre o adversário e as entradas, precavida de qualquer surpresa. O divorciado então tomou a responsabilidade de focar no extraterrestre. Esperou ansioso para que bicho pontasse a cara de algum lugar por trás do carro, mas viu no ar três objetos brilhantes e pontudos vindo na sua direção, ele tirou o rosto da frente se escondendo atrás da pedra. Os projeteis silvaram e fincaram trêmulos na parede atrás dele.

        — Que porra é essa? — perguntou.

        — São as garras dele — disse Marta — Eles lançam e crescem rapidamente pra lançar de novo.

        Tomas praguejou, ajeitou a arma e voltou tentar avistar o adversário. Mais três insistentes projeteis vinham a seu encontro, ele escondeu o rosto de novo, os projeteis perfuraram a parede ao lado dos primeiros três.

        — Caralho, quando eu vou poder mirar nesse cara?

        — Agora! — gritou Marta, numa fúria de disparos — Ele só tem duas mãos né? Tá esperando regenerar as unhas! Ele está vulnerável!

        Pelo lado de Tomas, conseguiu ver no meio da chuva de fogo a criatura se agachando para saltar do carro que estava sendo atingido para a caminhonete. Imaginou a linha que o alvo pularia e mirou ali bloqueando o trajeto de fuga.

        — Acho que ele vai pular pra trás da caminhonete — gritou o ex-casado e do nada se ligou — as armas estão lá. Ele sabe atirar?

        — Não to afim de descobrir! — berrou Marta no meio do tiroteio.

        A criatura pulou. Tomas atirou e o ser passou acrobaticamente por cima da rajada, ele ainda tentou atualizar a mira no bicho, mas a caminhonete surgiu na frente como escudo e o salafrario pousou em segurança.

        — Caralho!

        Para evitar o pior, Tomas calculou a altura de onde estava até o solo e pulou lá embaixo. Marta agora focou a mira no seu veículo dando cobertura a sua dupla. Tomas se jogou rolando  para alcançar o outro lado da caminhonete. Se deparou com o alien que o viu e guinchou como uma besta, esticando o pescoço fino e arregalando seus olhos dourados. Nesse momento, Marta avistou a cabeça vulnerável da criatura e acertou alguns disparos de raspão. A criatura alerta, saltou virando de ponta a cabeça e lançou um chute no ar onde três garras saíram de um de seus pés, elas foram em busca da roceira que se esquivou no último momento danificando apenas sua arma que rachou com impacto ficando no chão em duas partes.

        Aproveitando o bicho no ar, Tomas lançou mais disparos, um raspou na bochecha, mas os outros clarões dispersaram pra aonde o ser já não mais estava. O ET era fino e se movia bem. Ainda na descida, o alien pontapeou o atirador que foi pra trás. O ser pousou flexivelmente e saltou na direção do protagonista erguendo pra trás o pé que ainda obtinha as unhas. Lançou um chute, suas garras mergulharam na barriga da vítima, subiram até o peito e se libertaram da carne deixando trilhas de sangue. O homem machucado aproveitou o pé do inimigo ao vento pós golpe, deu um encontrão nele e apoiou o ombro debaixo da perna erguida, prendendo seu membro mortal também com as mãos. De relance ainda avistou Marta raivosa chutando a arma quebrada.

O Abdutor de AliançasOnde histórias criam vida. Descubra agora