Capítulo 01 - Luzes

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        Tomas arregalou os olhos quando leu a notícia no jornal. Finalmente revelaram qual era o objetivo das aparições extraterrestres por aqui. Eles não vieram para nos eliminar, nos dominar, nos estudar, nem nos roubar. Foi revelado que os ETs vieram pra comer mulher casada.

        Sim, as mulheres eram abduzidas, a coisa acontecia e elas voltavam pra terra confusas sem saber explicar direito para os maridos o sumiço repentino. Na vizinhança de Tomas, três casamentos já haviam acabado por intervenções extraterrestres.

        O governo não mandava míssil, não mandava exército, não mandava nada para acabar com esses pestes. Afinal, não havia como prever aonde apareceriam. Quando a coincidência acontecia, eles decolavam pro espaço deixando nossas melhores aeronaves para trás.

        Tomas estava tranquilo no escritório, degustando um café quando de repente seu telefone tocou e ele quase derrubou a xícara no susto. Era seu vizinho, avisando aos berros, que viu luzes rodando pelos céus da vizinhança. Tomas já com a pulga atrás da orelha, jogou o paletó nas costas entrou no carro velho e dirigiu frenético destino a sua casa.

        Faltando um quarteirão de onde morava, da sacada, um dos moradores gritou para Tomas:

        — Vi um dos OVNIs voando de mansinho na direção da sua casa, Tomas!

        O motorista pisou fundo no acelerador, girou o volante, sua aliança brilhou no anelar, o carro curvou a esquina e viu!

        Um objeto voador não identificado circulava no silencio e na maldade, por cima da sua casa.

        O casado estacionou o carro, subiu as escadas, a porta estava trancada. Ele deu um, dois, três chutes épicos e a porta escancarou. Estava tudo escuro, tentou ligar o interruptor, mas continuou escuro. Pela janela olhou as casas vizinhas, entendeu que só a sua estava sem energia. E sua esposa onde estava? Encucou o homem.

        Não avistou Carol naquele cômodo, queria chamar por ela, mas não fez, precisava ter cautela, não sabia como o famoso evento acontecia. Caminhou silenciosamente por cômodo a cômodo; sala, cozinha, quarto, banheiro; ela nunca estava, ele se agitava a cada ausência.

        Foi no quarto de visitas, que ficava no andar de cima que encontrou sua amada. Ela olhava pra fora com as mãos na murada da janela, fascinada com a luz que vinha do outro lado.

        — Carol, sai da janela! - ordenou Tomas.

        — Amor, vem ver isso! - disse ela.

        O casado se aproximou e viu no céu. A nave tinha formato de disco e planava imóvel sobre o terraço, por baixo havia um atraente festival de luzes acendendo e apagando. Carol apertou os lábios e disse:

        — É lindo né, Tomas?

         Ele se espantou com a esposa, segurou seu braço e a puxou para fora do cômodo e para fora de casa. No carro, ele a pôs no banco carona e sentou no banco da direção. Foi aí que reparou que sua mulher estava soluçando num choro confuso, não era hora de puxar assunto. O homem colocou o carro em movimento. Numa distância segura, olhou por cima dos ombros e viu a nave pilantra alçando voo, as luzes das casas em volta, tremeram e normalizaram.

        Tomas, em alta velocidade virava as esquinas desgovernadamente, os veículos abriam caminho em respeito, como se fosse uma ambulância, pois entendiam a emergência da situação. O motorista nem sabia para onde ia, só queria despistar a nave que se mantinha calma atrás dele. O piloto de fuga colocou a cara pra fora do carro apontou pra uma casa e gritou para os ETs:

O Abdutor de AliançasOnde histórias criam vida. Descubra agora