"-Por que o teto do seu palácio é uma nebulosa morta?
-E porque não poderia ser?
-Isso não é uma resposta.
As duas esferas obsidianas que são os olhos negros do demônio brilham de divertimento direcionado para o anjo.
-Talvez ela me lembre você?"
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Dormir realmente não é algo que anjos devem fazer.
Amamiel, vendo como o sono tende a revigorar o corpo cansado dos humanos, pensou que dormir fosse algo bom. E talvez seja,mas só para os mortais.
Seu atual estado o tem desgastado tanto que ele chegou ao ponto de ter que fechar os olhos e descansar para repor as energias.
Foi a primeira vez desde sua criação que o anjo dormiu.
Uma péssima idéia com toda certeza.
O ato de dormir em si é bem tranquilo,mas acordar é um verdadeiro calvário.
Todo seu corpo reclama tentando o convencer a ficar deitado e dormir mais um pouco. Nem um pouco prático quando você tem tarefas a cumprir no decorrer do dia e ficar deitado não é uma opção.
Amamiel está experimentando pela primeira vez o que é ficar de mal humor por não poder dormir o quanto quiser.
E, para completar o combo de desgraças,as portas duplas da área de preparo dos alimentos do centro de desabrigados onde o anjo faz trabalho voluntário acabaram de ser abertas com força em uma entrada dramática de um homem de pele branca pálida, olhos castanhos escuros,cabelos negros longos até os ombros e vestindo nada mais nada menos que um terno branco.
O recém chegado olha diretamente para o anjo entre todas as pessoas dentro da cozinha e o sorriso que se abre no rosto dele não tem como ser confundido com nenhum outro. A vontade de Amamiel é pegar a faca que está usando para cortar cenouras e atirar no maldito. Como se nada,o homem vem direto para ele.
- Bom dia, Amamiel.-Ele o cumprimenta muito sorridente e amigável.
- Aqui eu sou Rubens.-O anjo segura a faca a usando para cortar um pedaço de cenoura com mais força do que deveria.- O que quer , Mokazz?
O demônio chega tão perto que nem uma brecha é visível entre os dois.
-Não gostei da sua pele humana.-Mokazz faz careta ao pegar uma mecha de cabelo castanho do anjo entre os dedos.- Não combina nada com você.
Respirando fundo, Amamiel pede forças para não esfaquear o demônio naquele instante.
- O que quer aqui,Mokazz?
Sua insistência na pergunta anterior parece decepcionar o demônio pois ele bufa se encostando no balcão onde o anjo corta legumes.
- Vim falar sobre o nosso filho.
A resposta do demônio instantaneamente faz o anjo virar o rosto olhando ao redor para ver se algum dos humanos está os observando. Contando que não,ele deixa o que estava fazendo de lado e,agarrando um dos braços do demônio,o empurra até uma sala que usam como dispensa.
