Elizabeth Monteur e os mares de Morgana

Sinfonia das ondas

Estavamos caminhando por uma pequena passagem dos fundos do mar até o cais, era um caminho estreito e fedorento, cheirava a peixe estragado e bebidas, mas não era um caminho muito comprido.

-Estou ficando enjoado - James reclamava, era quase como se desse para ver o mesmo verde de enjoo.

-Já estamos chegando eu imagino. - Elizabeth tentou amenizar a situação.

Reyna estava na frente, Elizabeth atrás da mesma, depois James e eu. 

Saímos numa rua aberta pouco movimentada, Elizabeth não tirava seus olhos de Reyna, seu olhar me lembrava muito quando nos conhecemos, havia me desacostumado em ver Elizabeth tão cética.

-Certo, voltaremos para o navio e de volta ao trajeto original. - Elizabeth se limpava e dizia em bom tom.

-Podemos levar o cachorro? - James perguntou.

-Que cachorro? - Elizabeth perguntou confusa.

Estavamos muito confusos com o questionamento de James, assim que nos viramos para checar do que o mesmo estava falando, conseguimos ver um cão de caça, era um Pastor Belga de Malinois, já fui perseguido por muitos desse. Obviamente o cão era dos oficiais da polícia que estavam a nossa procura, naquele momento só rosnava enquanto nos encarava, sua postura era rígida e de ataque, algum cheiro ou vestígio deve ter ficado para trás para que o cão pudesse nos reconhecer. Não deu tempo para pensar em nada antes que o cão viesse desesperadamente latindo para cima de nós, era um cachorro forte e adulto, extremamente ágil.

-CORRAM! - E assim corremos as ordens de Elizabeth.

Corriamos pelas ruas de Tálassa, o cais não era tão próximo do bar então tivemos que correr bastante, não só o cachorro mas também havia policiais nos perseguindo incansavelmente a cada esquina que viravamos.

-Minhas pernas estão doendo! - Reclamava James enquanto corria.

Era perceptível o quanto ele estava ficando cansado ao desacelerar seus passos, ele não conseguiria nos acompanhar, se eu não tivesse pegado aquele garoto em meus braços e carregado ele durante o resto do trajeto até o cais, não foi uma ação pensada mais sim algum tipo de reflexo, não queria que James se machucasse. 

Chegamos todos ao cais e como esperado Belos estava a nossa espera. Colocamos James a bordo primeiro, depois de Elizabeth eu subi no navio, Reyna olhava de longe sem saber se deveria ou não subir a bordo.

-RÁPIDO! SUBA LOGO! - E assim Reyna fez pelas ordens de Elizabeth, que ajudou a mesma ao segurar sua mão enquanto subia - LEVANTEM A ÂNCORA!

James e eu giramos o dispositivo em que a âncora ficava agregada, para que Belos pudesse se movimentar novamente. Assim que conseguimos sair do cais, foram poucos segundos até que oficiais aparecessem procurando por nossas cabeças, foi um enorme escândalo por uma caixa de suprimentos, mas conseguimos da mesma forma.

-Estão todos bem? - Elizabeth perguntava olhando para todos de modo geral, enquanto a maioria de nós sentavamos ao chão acenando nossas cabeças, por incapacidade de falar devido ao cansaço extremo.

Reyna se levantou e foi andando diretamente até Elizabeth.

-Muito obrigada Elizabeth, eu agradeço sua compaix... - Elizabeth se distânciou de Reyna de maneira rude, deixando que a mesma falasse sozinha.

-Você vai descer na próxima cidade, e vai pagar pelos suprimentos que usar aqui. - Elizabeth se expressou de maneira áspera, parecia estar na defensiva.

As horas passaram, conversava com Reyna enquanto fazia minhas tarefas, James parecia interessado então fazia parte da maioria das conversas, e Elizabeth... bem não tinha visto a mesma pelo resto do dia, a não ser na hora do jantar, que foi quando ela nos chamou. Largamos as vassouras, cordas e esponjas, e nos direcionamos para onde sempre nos sentavamos ao comer, todos juntos reunidos em uma mesa, mas dessa vez com uma pessoa a mais. Elizabeth fez a caridade de pelo menos arrumar o prato de Reyna, não perdia seus modos, nem com estranhos em seu navio, talvez tenha sido uma forma de se desculpar por suas ações mais cedo. Nos sentamos, Reyna entre eu e James, Elizabeth da mesma forma, só que do lado contrário. Era um silêncio constrangedor e um ambiente monóto, todos comendo ou apenas revirando suas comidas.