Capítulo 5

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Enquanto caminho num difícil dilema para decidir se eu estava decidida ou tensa, um filme se passa em minha cabeça. Todos os momentos bons que passei com Guilherme me fez lembrar que algo em mim ainda o queria .Eu ainda amava aquele idiota. 

De costas para mim, Guilherme não me vê chegar, mas no mesmo instante que ele iria levar mais uma vez o copo de bebida a boca, me fiz perceptível para ele.

— Boa noite!  - digo de forma segura.
Ele se vira e me olha atentamente.

Seu olhar era de surpresa e no entanto me vi perdida nele. Parecia que aquele ali na minha frente não mais meu Gui.

As pessoas mudam...

- Sila! – ele diz baixinho. O encaro.  – O que faz aqui? – ele olha em volta.

- Não estou acompanhada, se é isso que procura. Eu sou a pessoa que você está esperando! – tento parecer firme, eu não iria mostrar a ele minha dor, minha aflição.

Guilherme me encara.

- Até imagino o motivo de você ter feito isso. – ele diz finalmente.

- Sim, só tenho apenas uma pergunta a lhe fazer. Por que Gui? Por fez isso comigo? – essa era a pergunta que eu me fazia todos os dias todos.

Vejo Guilherme colocar o copo sob o balcão do bar e sinto sua feição se fechar.

- Sila, talvez seja melhor assim. Não me leve a mal mas, você está cheia de bagagem, de problema. Eu só não me senti preparado para tudo o que viria junto com você! – certo, aquilo foi como um soco no estômago. Ele me pegou em cheio.

- Por que você nunca me disse isso? Por que nunca se abriu comigo? – indago. Ele me olha atentamente.

- Não sei, no começo foi legal, Sila. Era como uma aventura, você era diferente das outras, tinha opinião, era decidida, mas, com o tempo, esse negócio de namorar escondido começou a pesar, sem falar que, você era virgem, com isso, precisei buscar em outras o que você não poderia me dar! E tinha também o lance da religião e sua família. Mas então, senti que mesmo assim faltava algo. Você estava empolgada, ansiosa com a ideia de fugir, de ser livre, mas, mesmo estando longe de todos, mesmo não gostando das suas tradições, você é uma deles. E vi isso nas pequenas coisas, nós não iríamos dar certo juntos. Disso tenho certeza! E esse algo que faltava, era ter uma namorada por completo sabe? Uma namorada de verdade! Sem falar que, meu pai, minha família, eles nunca iriam te aceitar. E, depois de sair com tantas para ter nelas o que você não poderia me dar, descobri que eu não pertenço a ninguém, ou não sou de ninguém. 

- Então você achou melhor seguir sem mim? Achou que ir embora e me largar era o certo a se fazer? E o pior, sem me comunicar. – digo sentindo um nó se formar em minha garganta.

- Sila, eu gosto de você, você é uma garota incrível mas, somos de mundos diferentes. Talvez, seja melhor para você se casar com o turco que sua família arrumou. Quem sabe você seja feliz com ele. Você nunca será como um ocidental, como uma de nós. – ele olha em volta.

Realmente as meninas que ali estavam curtindo e bebendo em nada se pareciam comigo, ao contrário delas, eu me vestia recatada demais.

- Você me desonrou Guilherme, você acha mesmo que meu noivo vai me querer depois do que fizemos? Você acha que minha família vai me aceitar depois disso? – pergunto ao sentir as lágrimas caírem de meus olhos.

- Eu sinto muito por isso Sila, mas foi você quem quis! – outro soco no estômago.

Vejo Guilherme se levantar e deixa um dinheiro sob o balcão, e então ele para na minha frente.

Meu amor turcoOnde histórias criam vida. Descubra agora