Victor e Hugo?

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-Tava te procurando. –Meu irmão estalou os dedos na frente do meu rosto. –Ta sozinha?

-To sim.

-O Osmar apagou, acredita? –Ele riu. –Liguei para o tal filho da madrinha dele e pedi que o levasse para casa. O cara ainda demorou, segundo ele, por que tava com uma musa, eu mereço né? –Bufou.

-Ele tava comigo. –Admiti. –O apelido que você não lembrou mais cedo é Bad. –Contei com desanimo.

-Com você? –O Fred franziu a testa e me encarou surpreso. –Pensei que você não quisesse nada com os amigos do Osmar. –Forçou uma imitação da minha voz.

-Eu não sabia quem esse Bad era até você ligar. –Retruquei, aborrecida.

-E ele sabe que você é a ex do Osmar? –O Fred achou graça da situação.

-Não, ele não sabe nem meu nome... –Parei ao me dar conta daquilo. –É isso. –Murmurei, analisando todos os pontos que precisaria cobrir.

Deixando os detalhes mais picantes de lado, eu fiz um breve resumo do ocorrido para o meu irmão e o convenci a acobertar minha identidade. Das pessoas com quem interagi nessa noite, ele era o único que sabia que eu estava por trás da máscara. O Bad não tinha visto meu rosto, não sabia meu nome e o celular que lhe passei não era o oficial. Bastava eu desaparecer para evitar futuros aborrecimentos. Quando o encontrasse novamente, seria como se nunca tivéssemos sido apresentados. Senti uma pontada de decepção por não terminar o que começamos, mas era a melhor opção.

-Tudo bem. Eu já entendi o que fazer, mas eu digo que você veio vestida de que? –O Fred quis saber. –Só para o caso de alguém perguntar.

-Sei lá. Qualquer coisa que use preto. –Eu estalei os lábios, com indiferença. –Vou conseguir uma carona para casa, não quero estar aqui quando o Bad voltar.

-Calma aí, você não precisa ir embora. –O Fred exclamou surpreso.

-É melhor que ele não me veja com você. –Afirmei. –E se me encontrar sozinha vai querer me beijar, logo eu preciso ir embora.

-Você não acha mais simples abrir o jogo com o cara e dar um fora nele? –O Fred esfregou os olhos.

-O Bad é insistente. Mesmo se souber a verdade, eu duvido que ele desista e não confio em mim para resistir... –Franzi os lábios. –Além do mais, não me leve a mal maninho, mas festa sem as minhas amigas não é a mesma coisa.

-Se você quer mesmo ir eu te levo. –Ele encolheu os ombros, como se desistisse. –Não vou te deixar ir embora com qualquer um.

-Eu pego um taxi. Posso? –Perguntei de forma irônica. –Vai curtir a festa, eu vou ficar bem. –Assegurei.

-Tudo bem, mas se cuida. –Ele beijou minha testa, antes de se afastar.

Eu já tinha encontrado uma carona na pista de dança, só não podia contar ao Fred já que ele odiava o cara em questão. Os dois estavam na mesma turma de faculdade e haviam criado essa rivalidade, após um campeonato de futebol que disputaram em times adversários. Porém, essa inimizade não me impediu de trocar alguns beijos com o inimigo do meu irmão no último fim de semana e, muito menos, de lhe pedir um favor agora. Meu motorista dançava com uma ruiva e se destacava dos demais por ser o único ali sem fantasia, embora o jeans e camiseta não lhe caíssem mal. Enquanto caminhava em sua direção arranquei a máscara e a peruca, deixando meu cabelo cair bagunçado pelas costas.

-Caíque. –Cutuquei seu ombro e preparei minha melhor expressão de tristeza. –Primo, será que você pode me dar uma carona?

-Carona? –Ele piscou surpreso, mas logo um sorriso travesso curvou seus lábios.

Dando o Troco (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora