A casa caiu

1.4K 109 4
                                    


PAOLA

-Alguém quer carona para casa? –Eu perguntei para as minhas amigas. –O Fred deve estar vindo já.

-Eu quero, tenho um compromisso daqui a pouco. –A Vivi disse entusiasmada. –O Hugo me convidou para passar à tarde com ele. A gente vai pegar um cinema, vocês querem vir?

-Eu dispenso o programa romântico, mas você deveria ir com eles, Preta. Encontro de casais. –Cutuquei a Cíntia.

-Bem que eu queria, acontece que o Victor tem uma entrevista de emprego. –Ela deu de ombros. –Mas vamos sair para lanchar a noite, se alguém quiser ir.

-Qual é o curso dele, mesmo? –Eu franzi a testa.

-Odontologia. –A Cíntia respondeu prontamente.

-E o da Viviane é biomedicina, acertei? –Perguntei, apenas para vê-las assentir.

-Oi meninas. –O Fred parou ao meu lado. –Querem carona?

-A Vivi vai com a gente. –Apontei. -E você Cintia?

-Minha irmã vem me buscar, nós vamos sair em busca de um presente para o noivo dela. –Contou com uma careta.

-Boa sorte. –Eu ri, estando consciente de que ela odiava esse tipo de coisa.

Dentro do carro, eu a Viviane monopolizamos a escolha das músicas e fomos cantando na cabeça do meu irmão pelo trajeto todo. Logo que a deixamos em casa, o meu celular vibrou no bolso da calça jeans. Era uma nova mensagem do Bad. Ele havia enviado outras três, durante a semana. Todas praticamente idênticas.

"Fala comigo, Musa?"

-Quem é? –Meu irmão franziu a testa, diante do meu suspiro audível.

-O Bad. –Eu resmunguei.

-Cara, eu me esqueci de contar. –O Fred bateu a mão na própria testa. -Ele perguntou sobre você.

-Como assim? –Eu exclamei assustada. –Perguntou o que? Quero detalhes. –Exigi.

-Quem era você, ou melhor, a empregada. –O Fred disse como se fosse obvio. –Eu tava tomando um lanche com o Osmar, aí o Bad chegou com um amigo e ficamos conversando. Quando o assunto da festa surgiu, ele perguntou se um de nós tinha visto uma garota vestida de empregada. Descreveu sua fantasia e tudo.

-Você negou e o Osmar não se lembrava de absolutamente nada? –Eu presumi e o vi assentir. –Ótimo, logo ele esquece. Só uma última dúvida, qual o nome do garoto?

-Bad? –Meu irmão franziu o nariz em uma careta divertida. –Eu não sei, mas posso descobrir se, por acaso, você estiver interessada. –Caçoou.

-Eu não ligo a mínima para esse garoto. –Retruquei, irritada.

Chegando ao apartamento, eu e o Fred fomos para a cozinha. Nossos pais dificilmente almoçavam em casa, por isso, nós costumávamos inventar ou improvisar receitas. Qualquer coisa que não levasse muito tempo.

-Tem um bilhete aqui. –Meu irmão avisou, retirando o papel que estava preso na porta da geladeira por um imã. –Ah, que merda.

-O que é?

-Uma festa na casa daquele casal de amigos do papai... Para a família toda. –Ele ressaltou com tédio.

-Em plena sexta-feira? Ninguém merece. –Bufei voltando para perto do fogão, antes que o arroz queimasse.

Como previsto, o evento da noite foi monótono e longo. A única vantagem era a mesa cheia de brigadeiros, por onde eu me esgueirava a fim de garantir uns doces antes da hora. No sábado, eu acordei tarde e depois de almoçar, me joguei no sofá. Estava assistindo a um filme, quando o Bad me chamou no whatsapp.

Dando o Troco (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora