Um estrondo foi ouvido, talvez fosse todas os pequenos pedaços do meu coração caindo no chão após serem jogados ao ar por uma explosão. Explosão essa que você causou por uma própria culpa minha. Eu nunca tive a intenção de lhe deixar ir. Eu poderia fazer qualquer coisa para que ficasse uma única noite comigo hoje e me ouvisse dizer tudo o que tenho. Que me deixasse ousar me deitar em seu colo e me permitir chorar para que tu enxergue a dor do meu coração destruído desde que se foi.
O teu cheiro suave ainda me ronda e eu sempre acho que você está por perto, e eu vivo nessa infindável ilusão pensando que voltaria. Eu sempre costumo deixar suas coisas prontas para a sua chegada, e você nunca volta. Meus braços não são mais o teu destino final no fim das contas, no fim da noite. Eu preparo o teu banho quente na banheira como você adorava ficar e a água sempre acaba parada, esperando por um corpo que não vai voltar.
Apesar da chuva, minhas roupas ficam embebidas com minhas próprias lágrimas, com um pensamento tão longínquo quanto o meu, pensando que tudo seria como no início. Que você voltaria.
Me lembro de tudo, de cada suspiro, de cada risada. De cada momento que vivia ao teu lado e pensava o quanto eu não poderia lhe perder. Mas eu perdi.
"Eu pegaria uma granada por você, eu colocaria minha mão numa guilhotina por ti. Eu pularia na frente de um trem, eu faria qualquer coisa. Mas eu sei que jamais faria o mesmo."
Porque se você fizesse o mesmo, talvez eu não estivesse qui agora lamentando sua partida com toda dor e com todos os cacos de meu coração que faço questão de dançar em cima com meus pés descalços. Que me corta, não meus pés sangrentos, mas minha mente talhante que se destrói cada dia mais um pouco. Que me deixa na beirada de um abismo onde nunca consigo enxergar seu fim.
como ousou um dia me dizer que é covarde, quando carregou toda sua dor sem reclamar? como pode dizer ter tanto medo, tendo enfrentado os meus piores? como não enxerga que foi a coisa mais bela vista por meus olhos?
tu foi uma luz que cegou-me quando olhei, que queimou-me quando toquei, e de ti eu sempre quis provar mais. quis pegar-te em meus braços e fazê-lo meu. unicamente meu. de luz e imensidão. não existe corpo e alma. tu é luz, tão quente e brilhante.
uma estrela. não qualquer uma, mas a que faz todo o universo ser voltado para ti. que outra estrela iria querer brilhar, senão para observar o teu brilho? que outro planeta existiria, senão para girar em torno de ti? que outro vivo ser respiraria, se não fosse para admirar-te?
quando colocou-se frente à um espelho, como ousou odiar-se? quem você pensa que é para não amar você mesmo? se até aqueles que os humanos chamam de salvador morreu para te salvar, por que você insistiu em dizer que não vale de nada?
tornou-te forte cada vez que uma lágrima correu seu rosto. tornou-te forte cada vez que ao terminar, teu melhor sorriso apareceu. E eu sinto falta de todas essas coisas.
tinhas uma força imensurável, mas tu não reconhecia. desconhecia porque tapou os próprios olhos para apenas condenar em ti o que sempre admirou nas pessoas. mal sabia que sempre estava sendo admirado.
por mim.
e eu jamais deixarei de fazê-lo, donde quer que esteja.
Com muito amor, carinho e saudade, E.
