Epílogo

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          Ao chegar em casa Lan Xichen estranhou a ausência do irmão na mesa da sala onde geralmente estudava, suas coisas estavam espalhadas, alguns lápis no chão e nem sinal do seu proprietário. Então ele seguiu rumo ao quarto do irmão e assim que abriu a porta arrependeu-se amargamente, o pior foram as faces dos garotos em pleno vigor, sobretudo a de Wuxian que parecia ter atingido o nirvana.

        Rapidamente ele fechou a porta e muito envergonhado saiu de casa batendo a porta com um pouco mais de força para que o casal soubesse da sua partida. No quarto Wei não sabia se ficava ainda mais envergonhado ou se tentava sobreviver a mais uma rodada, ele não imagina que o Lan, embora virgem, parecesse mais experiente que um profissional do sexo, bem se Wei sobrevivesse seria praticamente impossível disfarçar todas aquelas marcas.

– Lan Zhan, com que face irei olhar para o seu irmão? Estou muito envergonhado! – Wei murmurou para o outro assim que o fogo abaixou.

– Ele não se importa, mas vai ser um pouco constrangedor para todos nós. – Lan Wangji explicou abraçando o outro com o braço esquerdo enquanto fazia movimentos circulares com o polegar sobre a ponta do osso do quadril do menor.

– Você está muito calmo para alguém que foi pego transando! – Wuxian resmungou ao passo que brincava com a mão direita do Lan.

– Já aconteceu comigo uma vez. – Wangji respondeu calmamente.

      Obviamente que Wei interpretou de outra maneira e se levantou de uma vez dando um tapa no peito do maior.

– Você me disse que era virgem! Seu mentiroso!

– Espere, eu sou ...era, deixe-me explicar, foi o contrário, eu que vi o meu irmão com um cara, foi traumatizante o suficiente. – Explicou o jogador vendo o outro o avaliar para saber se era verdade ou mentira antes de voltar à posição anterior.

      Eles ficaram ali por mais um tempo sem falar nada até o Lan que parecia mais pensativo que nunca perguntar:

– Wei Ying, você quer namorar comigo?

– Hmm... não sei se você está merecendo! – Wei provocou se virando e mudando de posição para ficar face a face com o outro.

– Por que não? – Perguntou Wangji analisando aquela linda pintinha que Wei tinha no canto da boca.

– Convença-me! – Ordenou Wuxian.

       Claro que Wangji o convenceu muito bem e a nem era preciso, o sim que Wuxian berrou em plenos pulmões seria dado até mesmo em um simples sussurrar ao pé do ouvido do Lan.

       Quando chegou na sua própria casa naquele dia foi puxado de volta à realidade com três fatores, o primeiro foi Xichen saindo pela porta principal do pequeno conjunto de mini apartamento onde Wei e Jiang moravam, entre eles só restou um simples até breve e orelhas vermelhas de ambas as partes. O segundo era Jiang Cheng o surrando com uma colher de madeira alegando que seu namorado tinha sido traumatizado e por quase ter perdido a hora. O terceiro e último eram as malas perto da porta e a linda Yanli tentando segurar o irmão mais novo.

– A-Li, você não pode ir, o pavão não precisa de você, nós precisamos. – Wei Wuxian fez drama enquanto abraçava a mulher pelas pernas tal qual uma criança.

– Xian Xian, você já está bem e eu preciso voltar para a China, mas prometo vir aqui assim que eu puder. Cuide-se por favor, não crie problemas com o A-Cheng e aprenda a trancar as portas. – Ela disse brincando com o garoto que quase se esgoelou de vergonha ali mesmo.

– Não acredito que o Xichen veio fofocar aqui! – Wei Ying reclamou levantando-se e cruzando os braços.

– Mas ele não veio, eu que o sequestrei no meio do caminho do supermercado e meio que tenha o obrigado a me contar o motivo pelo qual ele parecia tão envergonhado, sério, ele parecia um pimentão. – Yanli confessou vendo os dois irmãos dar de ombros, eles sabiam o quanto ela poderia ser convincente. – O A-Cheng ouviu porque é intrometido.

– Irmã! – O mais novo murmurou desacreditado para em seguida ser abraçado pela mais velha que bagunçou-lhe os cabelos.

       Eles fizeram uma última refeição antes de terem que ir para o aeroporto e foi bem difícil para que os dois a deixassem partir, a realidade só pareceu bater à porta no momento que o avião decolou e sumiu no horizonte.

      A volta para casa foi bem silenciosa e naquela noite os dois irmãos dormiram juntos, como sempre faziam quando um notava a tristeza um do outro. No dia seguinte, eles voltaram às suas rotinas normais, escola e trabalho. As vezes Wei reclamava das escapadas do irmão mais novo e quando Wangji vinha ter certeza que Wei estava se alimentando e injetando sua insulina, tinha que ouvir o outro reclamando que não gostava de ser a figura responsável.

       Os dias passavam cada vez mais corridos, exames finais deixavam os três estudantes apreensivos, resposta de faculdades para o Lan e para Wei. A livraria vendendo bastante e algumas vezes, a visita doce da senhora Lan era que fazia o dia ficar ainda mais doce, ela fazia questão de mimar seus netos e os namorados deles, agora fazia até mesmo algumas sobremesas diet para Wuxian.

       Então veio o dia que Wei esperava, mas ao mesmo tempo o deixava apreensivo e tudo que ele queria era descontar na comida e ele até fez, todavia logo um namorado preocupado brotou ao seu lado e sabe-se lá de onde ele retirou um kit de aferição da glicose.

– Está um pouco acima do recomendado, vamos cuidar disso. Eu vou estar ao seu lado está bem? – Lan Wangji avisou guardando os itens em uma caixinha e depositando no porta-luvas do carro em que estavam.

– Eu esperei por isso Lan Zhan, só que agora que estou aqui eu... – Wei sussurrou sentindo uma pequena poça de lágrimas se formar em seus olhos.

– Eu sei A-Ying, você é forte e eu sei que você consegue. Depois que fizermos isso, vamos sair dali e vamos para casa. Eu vou te hidratar, depois vou te alimentar direito, vou te dar um banho e te fazer uma massagem, para enfim nós dormimos bem quentinhos. O que acha? – Lan Wangji propôs massageando em movimentos circulares a região entre o pescoço e a orelha esquerda do namorado.

– Parece muito bom. – Wei Ying sussurrou pousando sua testa no ombro do companheiro.

        Antes de mais nada Lan Wangji o abraçou e beijou-lhe o topo da cabeça, assim que Wei tomou uma dose de coragem eles desceram do carro e seguiram para o interior do fórum. Logo, a avó das jades, Xichen e Jiang Cheng vieram ao encontro deles como também os irmãos Wen.

         Houve o julgamento e para Wei olhar na cara de Wen Chao o causava ânsia e nojo, aquele desgraçado o tocou contra sua vontade, destruiu um elemento necessário para sua sobrevivência e depois o simplesmente deixou sangrando sozinho para morrer. Honestamente, tudo que ele mais queria era nunca mais olhar para a face daquele monstro.

       O julgamento foi um borrão na mente de Wei que honestamente não conseguiu ficar ali muito tempo. Ele desmaiou de nervosismo e precisou ser retirado dali para se recuperar, mal conseguia segurar um copo de água, mas Wangji o ajudou.

       No fim Wen Chao pegou 8 anos por ser réu primário, bons antecedentes e menor de 21 anos, ou seja, ele nem iria esquentar costela atrás das grades.

       Quando puderam ir embora, Lan Zhan levou o namorado para seu apartamento ao passo que Xichen foi ficar com Jiang Cheng.

       O Lan mais novo cumpriu sua promessa e cuidou do seu Wei Ying, seu doce, até tê-lo dormindo em seus braços de onde ele nunca mais sairia.

FIM

Doce (WangXian)Onde histórias criam vida. Descubra agora