Jogos de azar - pt

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Neste dia de fraqueza, ofereço aos céus minha riqueza.

Aqui, apresento-lhes, isto: o veneno dos jogos de azar, a sina de marinheiros que, mesmo após uma tempestade, sempre retornam a velejar.

O impulso de navegar é forte, mas ouso tento o negar, já que não quero que mais uma de minhas embarcações descansem no fundo do mar.

Finjo possuir controle de minha condição... prometi em tempos remotos que nunca mais iria retornar.

Infelizmente, as ondas do mar são hipnóticas – sussurrando em meus ouvidos como o canto duma sereia.

Não, eu não vou! Eu não quero! Não quero me afogar novamente...

(...)


Entro num salão com a cabeça erguida e olhos no prêmio.

(Observo atentamente os meus oponentes.)

(Sento-me na mesa designada.)

Compro uma possibilidade mensurada em fichas...

Começo com azar, seguro os meus impulsos que aos poucos se tornam em descontentamento.

Uma hora passa, engulo a saliva; aparento estar sem saída e perspectiva.

Sinto meu tesouro sangrar – definho aos poucos.


Enxergo um pequeno lampejo de esperança, mas esse se dissipa com o flop.

Dissimulo minhas perdas, tento dissimular minhas perdas; tentativa frívola, tomara que ninguém perceba...

Uma onda de emoção choca-se contra minha razão – tilt – é agora, chegou meu momento!

Devo arriscar tudo em um jogo de cara ou coroa!

Arrisco...


(Revelam-se as cartas.)


Rosto torna-se impassível, minha ansiedade deseja escapulir de meu peito.

Presencio um calor percorrer meu corpo, ao mesmo tempo que esse grita: eu estou vivo!

Revelamos nossas cartas – arrependimento tácito –

Perdi.


(Levanto-me envergonhado da mesa...)

(Mordo levemente meus lábios.)


Com o coração fragmentado e pesado, juro nunca mais retornar!

Juro...

Até ignorar essa promessa.

Jogos de azarWhere stories live. Discover now