I Think He Knows - Muke

10- Last Friday Night

   Um barulho irritante ecoava em meus ouvidos, eu juro que minha maior vontade era bater minha cabeça na parede a cada vez que o som ruía. Todo o meu corpo doía e eu não conseguia abrir os olhos, mais uma vez o barulho perfurou minha mente me fazendo abrir os olhos o máximo que conseguia, vi as cortinas abertas que permitiam uma claridade dolorosa entrar no quarto, encima de mim pousava um edredom branco que não era meu, na verdade esse quarto todo não era meu, onde raios eu estava?

   O barulho soou mais uma vez e eu peguei meu celular em mãos, arrastando o ícone verde sem me importar em olhar no visor quem me ligava, assim que aproximei o aparelho da orelha me arrependi amargamente.

   - Onde você esta? - Gritou do outro lado da linha com sua voz furiosa de sempre.

   - Bom dia - disse voltando a fechar os olhos e jogando a cabeça contra o travesseiro atrás de mim.

   - Luke Robert Hemmings onde você esta? - Gritou mais uma vez.

   - Já estou indo para casa, pai - respondi respirando fundo.

   - Quero saber onde você esta. Você tem noção da merda que fez? O que as pessoas vão pensar de você agora? O que vão pensar de mim? Quando virou esse ser humano deplorável?

   - Tá, tá, a gente já se fala, beijo - disse e desliguei o telefone sem dar muita importância, já estava fodido mesmo, não me lembro o que fiz, mas a merda deve ter sido grande então não tem como piorar.

   Olhei envolta do quarto vazio sentindo minha cabeça doer e me levantei da cama, estava vestido com roupas que não eram minhas mas serviam perfeitamente. Abri a porta dando de cara com um corredor tão vazio quanto o quarto, afrente estava uma escada de onde vinham sons de conversa, desci massageando as têmporas e percebi que estava na casa dos Hood.

   - Bom dia, como estão as consequências da bebedeira? - Perguntou Mali-Koa da cozinha, ela estava de pijama e seu cabelo loiro estava preso em um coque desajeitado.

   - Não grita, por favor - pedi me sentando no balcão e deitando minha cabeça encima da bancada.

   - Cara, acho que você exagerou ontem - disse Calum colocando um copo de café na minha frente.

   - Eu fiz alguma merda? - Perguntei tomando um gole de líquido preto.

   - Alguma? - Perguntou Michael em tom irônico - Vamos começar pelo fato de que você ficou com quase todas as mulheres da festa.

   - Quase foi além com uma delas no sofá na frente de todo mundo... - completou Mali timidamente.

   - Pulou na piscina as três da manhã de roupa e tudo e tenho quase certeza que usou alguma droga - disse Calum tomando seu café.

   - Eu tenho certeza disso - ressaltou Michael.

   - Eu não esqueci de ontem, Clifford, ainda não estou falando com você - disse o encarando com os olhos semicerrados.

   - Deveria, depois de tudo... - falou com um sorriso mínimo.

   - Como assim? - Perguntei preocupado.

   - É que - começou devagar.

   - Michael Clifford fala logo, o que eu fiz?

   - Porque a preocupação? Tem algo que você queria fazer que não conseguia sóbrio? - Perguntou e vi seu sorriso de canto aumentar conforme eu me mostrava mais assustado.

   Não tinha nada que eu tivesse vontade de fazer bêbado, eu acho, mas meu cérebro insistia em pensar em algo que martelava na minha cabeça há um tempo e, bom, eu não confio em mim bêbado.