Jay

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Eu vi Park Jongseong pela última vez no sábado à noite. Apenas nos falamos por mensagens no domingo, não como da última vez, pois ele pareceu atarefado. Não conseguimos nos encontrar no café da manhã de segunda-feira, então não tínhamos conversado de verdade, até o momento em que o avistei no corredor.

Por conta do nervosismo que eu sentia em falar com ele, principalmente em iniciar o contato, decidi fingir que não tinha o visto, para fazer com que ele me cumprimentasse primeiro. Finjo procurar algo no meu armário, de costas para sua direção, ansioso esperando por sua abordagem.

Meu plano é ameaçado por um garoto da minha aula de história que se aproximou antes dele. Ele começa a tentar puxar assunto, forçando gentileza e simpatia, como se eu já não soubesse que ele só estava ali para pedir minhas anotações. Odiei como não consegui dispensá-lo antes que fosse tarde demais.

Jongseong não costumava falar comigo quando eu já estava conversando com outra pessoa, por isso passou reto por mim, apenas dando um pequeno sorriso como cumprimento. Aquilo não era o bastante para mim, por isso, assim que consigo me livrar da aproximação indesejada, me apresso para alcançá-lo mais à frente no corredor.

— Oi. — a pressa não deixa que eu pense em algo mais criativo. — Como você está?

— Oi. Achei que estivesse ocupado. — ele responde. — Na verdade, estou também. Eu estava indo para uma reunião do time.

Ah, certo. — eu não estava realmente de acordo, mas não era como se eu pudesse impedi-lo. — Podemos conversar mais tarde, se você tiver um tempo.

Ele apenas assente com a cabeça. Penso ser o fim da nossa interação e me preparo para ir embora na direção contrária, porém sou impedido. Sua mão segura a minha e me puxa para perto.

— Aonde vai?

— Tenho aula. — esclareço.

— Eu sei, mas não vai se despedir?

— Tchau. — aceno com a mão que eu tinha livre.

Jongseong começa a rir e diz:

— Você é fofo!

As pessoas geralmente comentavam isso. Por mais que fosse um elogio, nem sempre fazia com que eu me sentisse bem. Eu sentia que, na maioria das vezes, elas diziam com a intenção de reforçar na mente delas que eu era tão imaculado. Embora grande parte de mim realmente partisse desse princípio, eu não gostava de ser visto apenas como um garoto ingênuo, ainda mais por Jongseong.

Eu tinha outras partes, eu poderia pensar, fazer e dizer coisas indecentes também, não queria ser limitado a minha versão recatada, eu desejava que houvesse coisas sobre mim que ainda despertassem a curiosidade dele.

— Não quero que me chame assim! — fico irritado.

— Por que falou como se eu tivesse te ofendido?

— Como você se sentiria se todo mundo te visse como alguém tão frágil e sensível? — não espero uma resposta. — É cansativo ser visto assim o tempo todo, em qualquer coisa que eu faça.

— Eu não disse que só te vejo dessa forma. — ele tenta se defender. — Sei que tem muito mais sobre você, mas isso não impede que eu te ache fofo em momentos como esse.

— Vou começar a te chamar de fofo também, quero ver se vai gostar. — digo birrento.

— Você me acha fofo? — insinuante, ele levanta sua sobrancelha.

Não seria essa a primeira palavra que eu usaria para descrevê-lo.

Ainda que agíssemos da mesma maneira, esse termo não seria o mais adequado para se referir a Jongseong, pois ele conseguiria dar outro significado. Seu carisma e charme fariam com que ele parecesse encantador, e não desinteressante como eu.

To All The Boys I've Loved Before - JaywonOnde histórias criam vida. Descubra agora