CAPITULO 1 - EM ARYAMANI'S HOUSE

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             Não era uma crise aguda. Era uma crise branda, cinza, difícil

de enxergar. Um sentimento monótono, constante. Uma sensação

de poder ser mais do que sou, fazer e sentir mais, e ainda assim,  

não me mover.  Sei do potencial que tenho para ser feliz. Aliás, eu sei que todos nós podemos ser muito felizes, mesmo sendo imperfeitos em um mundo imperfeito. Mesmo lidando com dificuldades. É por isso que não quero o médio, quero o melhor, o máximo da vida.

Quero realizar tudo o que estiver ao meu alcance e que não é pouco.

               Para superar esse estado cinza de viver, o sentimento de

crise me avisava lá do inconsciente: “Mude, não está bom mesmo.

Mude. Você pode. Você deve!”.

                Minha parte mais lúcida sabia os caminhos que eu deveria

seguir, mas meu medo de ser inteira e assumir completa

responsabilidade por quem sou e por tudo o que eu já escolhi ser

me impedia de experienciar a tal felicidade.

                                                                                * * * * *

                   Vou explicar melhor depois, porque resolvi ir para a Índia.

Mas antes, vou falar do susto e do impacto que  senti logo ao sair

do avião.

                 A chegada à Índia, foi como cair de paraquedas em meio

a um forno gigante, barulhento e desconhecido de algum país

em alguma galáxia distante. Era 1h da manhã. Eu estava totalmente

 sozinha; tinha só 21 anos e vinha de um inverno de Londres.

Tinha estado lá por três dias em uma conexão prolongada

entre Brasil e Índia. 

                 Era início de dezembro de 1997. Nunca fui amiga do

frio; sempre me senti dolorida e triste no meio deste clima. Na

verdade, em minhas viagens e moradias em terrenos glaciais,

acho que nunca soube me defender das baixas temperaturas com

as devidas peças de roupa para amenizar a força deste gigante

poderoso e mal-humorado. Eu já tinha me aventurado com

quinze anos a morar em Dakota do Norte, nos Estados Unidos,

por nove meses e lá sim, conheci muito bem este clima bravo e

impiedoso.  Meu problema maior acho que era nos pés, que estavam

sempre frios. Menos 10 graus e eu usava tênis. Menos 30 graus

e eu ainda de tênis. Nada de botas quentinhas com pelos dentro.

É claro que eu só poderia me sentir um frango congelado.

              Mas, na Índia, nesta mesma época, quando em Londres

fazia 4 graus, assolava um calor de 40, e ao ser apresentada

àquele bafão quente, eu me percebi com um casaco pesado para

Viagens de uma Psicóloga em CriseOnde histórias criam vida. Descubra agora