Vai Ficar Tudo Bem

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— Jake Shim? Podemos falar com você por um minuto? É sobre o desaparecimento de Kim Minjeong — Uma policial se aproximou do garoto, ele havia acabado de sair do banheiro após ter tido uma crise de choro, seus olhos ainda estavam avermelhados e ele fungava um pouco, mas mesmo assim balançou a cabeça positivamente e se deixou ser guiado até a sala da diretora.

A mulher havia deixado a sala livre para que os policiais pudessem entrevistar os alunos, então naquele momento só havia Jake, aquela policial e mais três homens enormes e com olhares ameaçadores.

— Você já deve estar ciente do que ocorreu, certo? — Jake concordou, se sentando no pequeno sofá que havia ali na sala — Acabamos de entrevistar Yoo Jimin e ela comentou sobre você, disse que você era o único garoto da festa e que era um amigo próximo de Minjeong. Nos conte, como era sua relação com a garota?

— Ótima! Eu e a Kim não somos melhores amigos, mas ela sempre me cumprimenta todos os dias e eu compro lanche quando ela esquece seu dinheiro, a festa era para comemorar que o professor de educação física não iria mais atormentar as garotas, eu fui o único menino na festa porque elas queriam que eu fizesse parte da comemoração. Quando o professor estava vivo ele tentava sempre se aproximar das meninas, tentar tocar nelas ou falava coisas horríveis, quando eu percebia isso entrava no meio para tirar as garotas de perto dele, o principal alvo sempre era a Minjeong.

— Essa informação é nova, você já viu ele próximo da Kim quantas vezes?

— Várias! Eu matava aula para poder ficar na quadra quando ela tinha aula de educação física, eu sabia que ele ia tentar tocar nela em algum momento e eu não permiti que acontecesse, pensei que agora as coisas seriam mais leves nesse colégio, porém foi só eu abaixar a guarda com as garotas que ela acabou desaparecendo.

— Imagino que esteja se culpando por isso, mas não é sua culpa, ok? — A policial abriu um pequeno sorriso, esse que passou um pouco de confiança para o australiano — A Minjeong estava agindo estranho ontem? Notou algo de diferente?

— Não! A Min estava se divertindo muito, mas...Eu notei algo estranho. Quando Jimin me pediu para ir na cozinha buscar energéticos, eu vi um barulho estranho vindo do lado de fora e pude ver uma pessoa no quintal, parecia um homem mas não tenho certeza já que ele usava um moletom preto que escondia o rosto, a movimentação dele parecia suspeita.

— Ele fez alguma coisa estranha?

— Não que eu tenha visto, só olhou ao redor e depois sumiu na escuridão, depois disso eu voltei para piscina e decidi que deveria ir embora já que estava tarde, nisso a Jimin me pediu para que se encontrasse a Minjeong deveria avisá-la que devia ir para a piscina. Acho que naquele momento a Kim já devia ter desaparecido — Ele abaixou a cabeça e sentiu seus olhos se encherem de lágrimas mais uma vez.

— Obrigado por essas informações, vai nos ajudar e muito na investigação — Jake se levantou e a mulher andou com ele até a porta — Não fique se martirizando por coisas que não estavam ao seu alcance, está bem? Já notei que você é um bom menino e todas as meninas que eu já conversei só tem coisas boas para falar de você, o que aconteceu com a Minjeong não é sua culpa.

— Obrigado, espero que encontre ela logo, se precisar de qualquer ajuda eu vou estar aqui pronto para ajudar.

— Eu tenho certeza que sim, eu que agradeço por ter cooperado conosco — Ela abriu a porta e Jake saiu rapidamente, ele deveria voltar para a sala de aula já que a aula havia começado, mas ele não fez isso.

Shim caminhou até o jardim da escola e se sentou na grama, respirando fundo e tentando segurar as lágrimas. Ele não queria pensar que algo ruim havia acontecido com sua amiga, desejava que tudo isso fosse um pesadelo e que logo Minjeong estaria correndo na sua direção com um sorriso no rosto e gritando o nome de Jake.

— Está tudo bem? — Ele se assustou com uma segunda voz, ele levantou a cabeça e viu Nishimura Riki em pé há alguns passos de distância dele. O japonês mantinha uma expressão neutra no rosto, com as mãos dentro do bolso do seu moletom e o cabelo bagunçado, não passou despercebido por Jake de que os olhos do mais novo também estavam vermelhos.

— Não, e pelo visto com você também não — Jake deu um pequeno sorriso, mas Riki não retribuiu — Quer se sentar aqui e desabafar? Eu posso te ouvir, mas não garanto que darei bons conselhos.

— Tudo bem, eu acho que nem ao menos quero falar sobre — Nishimura se sentou ao lado de Jake, cruzando as suas pernas e começando a puxar a grama com os dedos para se distrair — São problemas familiares.

— De qualquer forma espero que você consiga superar essa fase difícil.

— Eu também espero... — Riki deu um pequeno sorriso triste, imediatamente a cabeça de Jake o levou para uma memória muito antiga. Quando ele era uma criança e estava brincando com os meninos.

O pequeno Riki, o amigo deles que havia morrido, estava cabisbaixo naquele dia e não quis falar sobre o que sentia, Jake se lembrava de falar que "seja lá o que estiver acontecendo, vai passar, ok?" e Niki havia dado o mesmo sorriso triste.

Jake conhecia esse sorriso, era idêntico ao do seu Niki. Isso o fez pensar que talvez Sunwoo estivesse certo e aquele garoto ao seu lado fosse o garotinho que havia desaparecido, aquele garotinho que brincava com Jake todos os dias.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, até o sinal tocar e verem seus amigos se aproximando. Foi uma surpresa para os outros verem Niki e Jake juntos, mas Sun foi o primeiro a reagir e puxou o japonês para um abraço.

— Você está bem? Por que saiu da sala chorando? — O Kim perguntou preocupado.

— Não foi nada, não precisa se preocupar — Riki abriu um pequeno sorriso, dessa vez parecia mais sincero, e então arrumou os fios de cabelo do mais baixo — Vai ficar tudo bem, hyung.

MISSINGOnde histórias criam vida. Descubra agora