" "

12 0 0
                                    

             Corpos mortos e brisa fria.
             É época de inverno e está tudo tão feio, é dia de celebrar mas tudo que se tem é dor. Ódio, nunca visto, tanto ódio. Um vislumbre mais puro do final de um inferno que durou mais de dez anos, finalmente..... não, não acabou. Nunca termina, ainda há mais deles por aí. Escondidos, fingindo ser pessoas de bem, amorosos, falsos, hipócritas. Eu não falo só deles, eu falo de todos.
Todos simplesmente me deixaram aqui pra morrer.
Dia 15 de dezembro de 1945, é chegada a época do natal.
A neve branca sobre nós, caindo como pó, tempestade.
Eu estou só.
Corpo apodrecendo, decomposição.
Uma criança de gênero feminino, às nossas estavam sobre ela e fedia a podridão e sangue.
Do outro lado da sala havia mais três crianças caídas, cada uma dela tomou um tiro na cabeça - um único tiro, mas suas roupas foram rasgadas e mesmo mortas foram violadas, elas fedem a óleo, elas seriam queimadas após o término da diversão daquele outro.
Outro caído, um adulto, vestido com um uniforme de soldado mas sujo, tanto de sangue quanto poeira, não o lavava faziam meses, o fedor de suor era intenso, mas não mais que o do sangue escorrido no chão de suas costas.
Como chegamos aqui?

Você pode pensar bem sobre isso,
Me diga, acha que toda aquela doença mental de vários alemães simplesmente acabou quando seu líder caiu?
Acha que todos foram salvos no momento que uma bala atravessou o cérebro daquele imundo lunático?
Não, não acabou.

Eu, minha irmãzinha, e mais 3 amigos meus fomos sequestrados por esse cara caído.
Ele era um homem indignado pela derrota na guerra, e nós éramos seu entretenimento.
Foram meses onde eu assisti amarrado minha irmã ser espancada, meus amigos, ele estuprou e bateu em cada um de nós, ingerimos drogas e bebida, tantas que nem sinto mais gosto de qualquer comida.

Tivemos de comer ração de cachorro várias vezes, e ele nos obrigou a mesmo comer às fezes dele mesmo e seu cão. Não havia como sair, ele se escondeu no mato, afastado de qualquer cidade que eu poderia ver no horizonte.
Tudo que havia eram árvores e mais árvores, não importando o quão longe eu olha-se na janela.
Fomos acorrentados, e só tínhamos direito a água por dois em dois dias.

Ele buscava nos torturar e dizia que a culpa era nossa por termos nascido.
Nascido de um povo maldito e feio, um povo imundo citado por ele, éramos existências filhas de porcos imundos e vagabundas.
Ele repetiu isso todos os dias para nós, como um disco que travou no mesmo lugar.

Mas um dia, ele se cansou de "brincar". Esse dia foi hoje, hoje de manhã.
O homem nos soltou, tirou nossas correntes.
Nos deixou em pé em pose de soldado, braços baixos e grudados nas roupas rasgadas e sujas.
Ele subiu até o quarto, eu aproveitei e peguei um caco de vidro, um grande pedaço, do tamanho de uma faca.
Mas eu não tinha esperanças de dar certo, ele era um soldado treinado, eu morreria.

Mas, eu ao menos queria dar a chance mínima de meus amigos e irmã fugirem.
Cada um de nós passou dos dez anos de idade, e no mínimo ainda tínhamos força pra correr. magros e fracos.

Porém, tudo que ouvi a seguir foram gritos.
Um tiro, quando ele desceu da escada, um a um, meus amigos foram caindo - minha irmã gritou, ele socou a cara dela e pulou sobre ela,
E eu tive a chance de ouro.

Um barulho maior de novo, ele havia atirado nela.
Nesse momento, eu não senti mais raiva.
Nem ódio, e sequer ainda sentia qualquer dor.

Eu apenas enfiei esse caco de vidro o mais profundo que podia na garganta daquele homem,
eu tirei e comecei a perfurar suas costas,
até que seu sangue jorrou enquanto ele se debateu.

Segundos, ele estava morto.
Mas ... não há alegria.
Sequer senti alívio, sequer estava satisfeito, sequer sobrou algo...
Tudo que restou foi um vazio.
Sem choro, eu simplesmente me agarrei ao corpo caído daquela irmãzinha que tanto amei.
Eu comecei a perder até o senso do cheiro. Eu tive entendimento que não havia mais nada para mim no mundo.
O mundo ... Às pessoas, eu perdi a empatia por qualquer coisa ao meu redor.
Naquela casa empoeirada e pequena, naquele frio tão perpétuo do inverno. Eu não tinha mais nada.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 07, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

"   "Onde histórias criam vida. Descubra agora