Expulso do paraíso.

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Millie Point Of View 

O sol nasceu, e tudo virou um verdadeiro inferno. Todos começaram a julga-lo e dizer que o queria na fogueira, porém, o Wolfhard não dizia uma palavra. As suas mãos estavam amarradas numa corda e o seu corpo estava ajoelhado. Meu estômago embrulhava e a minha voz saia falha do tanto que eu gritei ao meu pai para que parasse. 

— Como lei. Eu, Robert Brown, rei da nossa terra ordeno que este garoto seja expulso do paraíso — o homem diz apontando para o Wolfhard, e eu não consigo engolir o choro. 

— Ele devia ser morto na fogueira! — vejo uma mulher dizer — Como fizemos com as bruxas que praticavam magia negra!

— Acredito que... Não será possível, senhora — meu pai ri sem graça — Uma pessoa que mata seus próprios irmãos deve viver no submundo, onde há gente do mesmo nível. 

O cacheado amarrado pelos pulsos me encarava serenamente, enquanto eu estava quase morrendo de preocupação, o garoto tinha um olhar calmo. A Sadie, sua irmã, tinha um olhar de ódio e tristeza ao mesmo tempo, enquanto em cima de uma árvore as crianças observava a cena escondidos. A pequena Mariel chorava em silêncio tossindo sem parar conforme seu rosto ficava cada vez mais pálido. 

— Peço a cooperação de todos, para que o portão seja aberto — o de coroa diz, fazendo um sinal para que os dois homens da guarda real abrissem o portão com as correntes. 

Enquanto todos estavam observando e prestando a atenção no portão e nas vozes sinistras das almas lá embaixo, eu passo atrás da multidão. Ficando mais perto do garoto, que ao me ver sorriu de lado. Se afastando um pouco dos guardas, que também estavam distraídos, para tentar se aproximar de mim. No entanto, meu pai me vê atrás de si e me olha desconfiado. 

— Me deixa conversar com ele, papa — peço tentando convencê-lo, e o Homem fica em silêncio — Por favor... 

— Dois minutos — responde desviando o olhar para o senhor Owen. Um cara extremamente chato que faz parte da organização dos Howard. 

Sorrio brevemente, correndo até o Finn que estava alguns metros longe de mim. O garoto me abraçou com dificuldades devido às correntes grossas que estavam amarradas no seu pulso, e eu solto um suspiro de alívio ao senti-lo. As suas asas estavam pretas e soltavam um tipo estranho de cinzas, me dando a total certeza que o Wolfhard havia praticados inúmeros pecados. 

— Finn, eu posso tentar convencer o meu pai — digo o puxando mais para mim, e eu sinto as minhas mãos mancharem com o seu sangue.
 
— Eu não quero ficar aqui, princesa. Esse lugar com certeza não é para mim — o cacheado solta um riso sem humor, e eu sinto meus olhos repletos de lágrimas — Vamos nos encontrar novamente, eu sei disso. 

Não consigo me conter e seguro no seu rosto, beijando os lábios frios do garoto, me deixando completamente enfeitiçada por ti. O gosto da sua boca era maravilhoso, vinho e bolachinhas de baunilha que comemos a noite toda. Sorrio com isso antes de me afastar do seu rosto, sentindo a sua mão afagar a minha bochecha lentamente. O Finn soltou um lindo sorriso, enquanto se levantava com os guardas te puxando. 

— Se cuida, princesa — pede, que me fez rir ao meio as lágrimas. 

Observei o Wolfhard ser guiado para o portão, e como todos, eu me aproximei mais um pouco. Os homens soltaram o seu pulso, e o fizeram ficar na ponta do penhasco, ficando de frente para a escuridão do submundo. Um lugar sem luz com gritos aterrorizantes e vozes sinistras, feito como um inferno para prender os demônios.

Finn Point Of View

C

onfesso que eu sempre esperei por esse momento, e já sentia estar destinado a viver junto ao desgraçado do meu pai, pois não somos tão diferentes um do outro, certo? A Millie estava ao lado do rei, a Sadie estava me odiando mentalmente, e as crianças em cima da árvore pareciam não compreender. Era a pior cena que já tive que presenciar, confesso. Mas parte de mim, dizia que o pior estava por vir. 

𝐖𝐇𝐈𝐓𝐄 𝐖𝐈𝐍𝐆𝐒 𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐒𝐍𝐎𝐖 | 𝐅𝐢𝐥𝐥𝐢𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora