Combina mais comigo.

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Finn point Of View

Minha atenção estava na paisagem do lado de fora da minha janela. A imagem de rochas, árvores secas e rios de sangue era como um símbolo do submundo. A grelha que eu apoiava estava enferrujada e manchava minhas mãos, o que devido à pouca iluminação era difícil de se ver.

Ao meu lado estava uma vela pela metade, que estava derretendo e testemunhando minha inquietação. O fogo na ponta da cera me lembra ela, a ardência da chama me lembrou seus olhos quentes e intensos. Ultimamente, Millie começou a me deixar muito mais louco por ela.

— Senhor — ouço uma voz masculina me tirar dos meus pensamentos — Eles estão esperando.

— Eu quero que você coloque Sebastian na arena — eu ordeno, ajustando meu casaco, o que fez o soldado assentir.

Em alguns minutos, saí do meu quarto, enquanto sentia minhas asas escuras e pesadas rastejarem pelo chão. Caminhei pelos corredores de pedra até a arena, onde os demônios estavam prontos para assistirem a batalha. Ao entrar no local vejo todos se curvando diante de mim, sincronizando os milhões de demônios, assassinos, ladrões, traiçoeiros, narcisistas, canibais e traidores. Aqueles estupradores e pedófilos se tornavam a comida, dos dois sentidos para muitos.

Eu caminho para o meu trono, sentando enquanto observava o silêncio esperando pela minha resposta. Sorrio satisfeito, encarando o homem barbudo na arena, ao lado de homens que estavam dispostos a matar para sobreviver. Seu olhar era de puro ódio e desprezo dirigido a mim.

— Que comecem os jogos... — digo com um sorriso divertido nos lábios, me ajeitando na cadeira com os gritos de guerra dos demônios.

Em poucos segundos o jogo se transformou em um banho de sangue, com mortes por toda parte, e Sebastian tentava sobreviver. Afastando-se dos jogadores que preferiam matar os mais próximos. Minha felicidade lentamente começou a desaparecer quando percebi que ele ainda estava vivo.

As lembranças fizeram parte de minha mente quando percebi que o homem na arena me lembrava alguém... Automaticamente, eu voltei para aquele dia, que desejei esquecer.

Seus gritos eram presente em toda a casa, enquanto eu permanecia no lado de fora, abraçando as minhas pernas sentado no chão, arrancando a grama verde aos poucos. Enquanto observava mais para frente as crianças da vizinhança se divertindo, aprendendo a voar, brincando e gritando aos risos, como todos deveriam fazer; Por que eu não fui igual a elas?

As crianças com seus quatro/cinco anos, corriam descalças com suas asas brancas abertas. Enquanto a mim, nunca tive uma grande coragem para abri-las por completo na frente do meu pai. Pois da última vez que fiz isso, ele arrancou no mínimo umas sete ou talvez quinze penas de mim. O que me fez sentir uma dor enorme e inesquecível. 

Disse-me que era para eu aprender a não fazer mais isto novamente. Eu já sabia que era porquê ele tinha inveja de não ter suas asas brancas e puras. Além do mais, por que ele iria querer um filho feliz que voa alegre por aí com asas puras?

Ele me fez ter alguns pontinhos negros nas minhas asas. Obrigando-me matar pequenos animais. Empurrar os outros de lugares altos. Me deixar fumar aos cinco anos de idade, e por aí vai, no entanto, por eu ser apenas uma criança na época, não as escureceu tanto assim. Dava para se ver os pontos pretos ao menos que se esforçasse, por isso então ele mandou eu deixar as asas fechadas o tempo todo, para o meu bem no sentido dele não me bater. E também, dos outros não me verem como má influência, embora eles já me vissem assim.
Mas já havia desistido de tudo e todos, não tentava mais me enturmar. Ao passas pela rua, eu via as pessoas com medo de mim, e eu gostava daquilo. Eu não sei o que era pior, se era escutar os gritos dentro de casa, ou se era olhar a vida dos outros melhores que a minha. Bem, pelo menos dentro de casa eu podia fumar sem ser julgado por ninguém.

𝐖𝐇𝐈𝐓𝐄 𝐖𝐈𝐍𝐆𝐒 𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐒𝐍𝐎𝐖 | 𝐅𝐢𝐥𝐥𝐢𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora