5. O cordeiro e a bruxa.

6K 1K 1.5K
                                    

Até Jungkook ela vem.

Cantando com o soneto de tormento, solitária e triste, vaga a assombração. Mas não hei de me acostumar, porque ela não desiste não.

Mas quem é ela? Qual o seu nome? Diga o seu nome!

Não!

Diga o seu nome!

Me ajude, por favor! Por favor, por favor, não arranque os meus olhos!

— Qual o seu nome, criatura nascida do choro da lua?

— Verana.

Jungkook tenta respirar, mas é em vão.

Verana, nascida numa quarta-feira.

Feliz numa quinta-feira.

Casada numa sexta-feira.

Abusada no sábado.

Guiada no domingo.

Bruxa na segunda.

Executada na terça.

Enterrada na quarta.

Diga o seu nome!

Verana. Verana. Verana. Verana. Verana! Verana!!! Verana!!!!

Jungkook abre os olhos, conseguindo se mover, sentindo os membros voltarem a tremer.

Ele respira e seus ouvidos ficam em alerta, zumbido de um lado para o outro. Suor cobre seu corpo, o choro desce como cascata de seus olhos e o mundo ao redor ainda está escuro.

Ele se levanta, se senta, se encontra; existindo.

Olha ao redor e não há nada além do vazio. Sem monstros, sem criaturas, sem calor.

Vazio.

Mas ele sente ela respirando em seu pescoço. Quando mais atento, ele pode ouvir os passos dos pés para trás se arrastando contra o piso. Se ele focar os olhos na escuridão, ela estará lá, com a boca aberta como um remoinho, deixando as larvas caírem dos buracos onde deveriam estar os seus olhos.

Ele não faz nada disso, no entanto. Seus dedos se movem rápido para a mesinha ao lado de sua cama e ele pega seu telefone, colocando uma música alta para tocar na caixa de som via Bluetooth.

Olha o relógio e vê que são três e treze da manhã. Sempre no mesmo horário, implantado no mesmo pesadelo, atormentando sua vida.

Ele acende todas as luzes que ele sabe que também não desligou pela casa. Ainda sim, todos os dias ele acorda com elas apagadas, assim como as persianas de seu apartamento totalmente fechadas.

Em outra época ele poderia simplesmente achar que estava enlouquecendo, mas dizer isso seria admitir justamente que está louco, porque tudo é real.

O frio desperta seu corpo coberto de suor. A música agitada ecoa pelos alto falantes.
Ele precisa da música para preencher os gritos fundados em sua mente. Precisa da claridade para enxergar além daquele poço sem fim.

Precisa saber se continuava vivo.

Ele toma água direto da garrafa, faz sua meditação com a respiração, toma seu calmante e coloca a chaleira para ferver. Dentro do banheiro, ele troca as roupas, porque sabe que é inútil tomar banho sendo que o pesadelo vai voltar e ele vai suar de novo.

O telefone toca e ele sabe que é Eunwoo.

Seu amigo também tem dificuldades para dormir, mas é por outras circunstâncias.

sangue e mel | namkookminOnde histórias criam vida. Descubra agora