6. O cordeiro e a percepção.

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Jimin não sabe quando começou, ou se sempre esteve ali.

Ele não tem certeza do que causa a fúria homicida que corrompe suas entranhas.

Ele é apenas um ômega que não deveria ter tanta raiva espalhada dentro de seu pequeno corpo. E mesmo assim, ele quer colocar fogo em tudo.

Vamos voltar para casa.

Ele diz a Jungkook, se esforçando muito para simplesmente não gritar e ir em direção a ele, arrancando sua cabeça em um click fácil como fez com o outro humano esparramado ao lado da cama.

Sua barriga murmura nessa hora, enjoada. Seu filhote parece ter um apreço maior por carne humana, mas Jimin não gosta de como desliza para dentro dele, gorduroso e coagulado.

Namjoon se afasta nessa hora, um passo de distância, calculando exatamente quando Jungkook se arrasta pelo chão até chegar a um ponto fixo que seus pés possam se firmar para ele correr.

Jimin limpa a boca suja de sangue, engolindo com a língua os restos em seus lábios gordos. Ele se sente todo gordo; inchado e cansado, dando o melhor de si para ser a boa morada para seu herdeiro.

Mas ele está com raiva e talvez seu filhote sinta isso.

Desde criança ele atribuiu sua disfunção interna pelo fato de ser ignorado e espantado como uma praga pela vila. A beta que cuidava dele fazia um bom trabalho mas não era o suficiente. Jimin não queria ser amado por alguém que ele não podia sentir o cheiro quando fazia algo fofo ou errado.

A raiva embutida é um sentimento predominante dos alfas.

Mas por incrível que parece, ele não sente essa sensação com Jungkook.

Justamente por não saber o que Jungkook sente, ele quer mantê-lo por perto.

Ele nunca teve apreço por humanos; nunca os deixou vivos por tempo o suficiente para decorar seus nomes e seus rostos. Sua atenção sempre esteve nos olhos deles, e na forma que ele ouvia o lamento de uma alma quebrando sempre que ele se dignava a abrir as pernas para os mortais sem qualquer relevância na cadeia alimentar.

É melhor dizer que Jimin nunca se importou com nada que não fosse Namjoon e seu futuro junto a ele.

Como ômega, ele deveria amar, ser carinhoso, cuidadoso, gentil... Mas Jimin não é nada disso.

Seu sangue podre pelo lado fae deveria ser a resposta mais clara do porquê ele é tão indisciplinado em sua categoria.

Mas também não é bem assim.

Faes ainda são criaturas majestosas, criadas para serem a potência mais formidável dentre os seres vivos da floresta.

Eles são a criação da deusa Aisling, a celta das fadas, dona do Sol, dos sonhos, do tempo e da beleza.

Mas Jimin é diferente dessa vertente também.

Quando criança, ele ouvia que as raça dos faes e dos lobos não poderiam se misturar por conta da imoralidade celestial revestida através deles.

Uma maldição.

Aisling era irmã de Rokeed, o homem sentado na lua, que foi banido após confessar seu amor por ela.

Jimin seria a junção disso: do pecado atribuído por um amor imoral.

Mas convenhamos, mesmo sendo estritamente devoto às suas orações desde pequeno, ele sabe que esse monte de merda ainda não dá as respostas que ele deveria ter.

Jimin é o que é.

E nesse momento, ele é um ômega gordo e irritado olhando seu marido arrastar o seu humano pelo tornozelo.

sangue e mel | namkookminOnde histórias criam vida. Descubra agora