Capítulo 3

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~Visita~

— Ah, finalmente! Por que química tem que ser tão chata? — reclamou Leandro.

O sinal acabara de tocar e nós dois já estávamos com as mochilas nas costas. A última aula, como deu pra perceber, foi química. E como também deu pra perceber, meu amigo não era o maior fã da matéria. Quanto a mim? Minhas notas eram acima da média, mas também não era minha favorita.

— Quando você pega o jeito, fica fácil. Logo, logo você decora as fórmulas.

— Mas eu não quero decorar nada! E outra, pra quê essas fórmulas complexas vão servir? Deviam deixar a gente escolher nossa grade horária!

— N-Nisso vou ter que concordar...

— Mas deixando esses átomos chatos de lado, bora jogar essa tarde? — O garoto puxou o celular dele para ver alguma coisa.

— Acho que sim. Podemos jogar aquele jogo lá que-

— Dani! Dani! — quase gritava Lilian enquanto se aproximava correndo. — Dani, preciso da sua atenção!

Sua mochila parecia pesada e quando a garota foi parar, cambaleou um pouco pra frente. Quase tentei segurá-la pra ela não cair, mas não precisei.

— T-Tá, o que foi, Lilian?

— Você pode ir na minha casa hoje pra gente fazer aquilo?

Não fala uma coisa dessas assim, menina?! Pensei. Em choque, me virei na mesma hora pro Leandro e comecei a negar com as mãos qualquer pensamento que ele pudesse ter.

— N-N-Não é n-nada disso! E-Eu juro! — gritei pra complementar. Mas ele parecia ter ignorado tudo que falei e me deu aquele sorrisinho de quem "já entendeu tudo" mais uma vez. Só que não tinha entendido nada! — V-Você devia pensar melhor em como fala as coisas, Lilian!

— Por que, falei algo estranho? — perguntou a garota, tão inocente que fez eu me sentir mal.

— É-É que... deixa quieto. Só que não vou poder ir, já tinha marcado com o Leandro de-

— Relaxa, amigo. Acabei de lembrar que não posso jogar com você pois me chamaram pra completar o time numa partida contra a rua de baixo. É uma pena, de verdade. — Leandro, ainda se achando o mais esperto da situação, se virou pra mim e colocou as mãos nos meus ombros. E com uma expressão séria, complementou. — Então vê se não avacalha com essa chance, seu lerdo.

Chance do quê? O único lerdo que não entendeu nada é você!

Entretanto ele nem me deu uma chance de responder e saiu correndo. O que se passava na cabeça daquele maluco? Suspirei em derrota e me virei — ainda vermelho, vale ressaltar — pra Lilian. Ela parecia confusa com a situação.

— Não costumo conversar muito com o Leandro, mas ele é bem... expressivo, né? — perguntou a garota.

Olha só quem fala...

— Mais do que o necessário, na verdade... D-De qualquer forma, só esquece o que ele falou, tá?

— Qual é, não me importo porque sei que você não pensou nada de errado com meu convite. Né? — Meu silêncio deixou o clima ainda mais constrangedor e me vi obrigado a desviar o olhar mais uma vez. — Né?...

A garota também enrubesceu e virou o rosto. Por favor, não faz isso! Ah, a situação só vai ficar pior...

— N-Não é isso, é só que você me pegou desprevenido e...

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