Capítulo VIII

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(Música: Let her go, Passenger.)


Eu já conhecia bem o talento de Carol para organizar eventos, mas fiquei muito impressionada quando cheguei à casa de Laura e vi o que ela havia preparado daquela vez. Já na entrada, duas garotas que eu não conhecia, vestidas com coloridas fantasias de havaianas, recebiam os convidados dizendo "aloha" e colocando em cada um o tradicional colar havaiano de flores. As meninas, escolhidas a dedo, tinham a pele morena, cabelos negros e lisos e corpos absolutamente perfeitos. Quando viram Thomas, inclusive, sorriram mais ainda, certamente encantadas com seu charme e beleza. Ele foi gentil, abaixou-se para receber o colar e, segurando a minha mão o tempo todo para mostrar que estava acompanhado, agradeceu com um gesto de cabeça, entrando em seguida. Eu percebi a decepção delas e fiquei bem satisfeita, devo confessar. Eu sempre me sentia diminuída diante de mulheres bonitas e morenas, o que significava que eu passava a vida assim, uma vez que era uma das poucas cariocas de pele (absolutamente) branca que existia na cidade.

Ainda sorrindo após a minha pequena vitória, quando dei por mim estava diante do cenário mais havaiano que se possa imaginar. Por todo lado havia tochas acesas, o que compunha um espetáculo à parte. Vi duas mesas enormes, cobertas por toalhas coloridas e com motivos tropicais, sobre as quais havia vários cestos de frutas de um lado e de outro, pratos com frutos do mar de vários tipos. No bar, novamente montado no fundo do jardim, as pessoas pegavam coquetéis, cerveja, sucos e refrigerantes variados, e muitos copos estavam enfeitados com pedaços de abacaxi lindamente esculpidos, parecendo pequenas obras de arte.

Para completar a ilusão de estar no Havaí, havia muitas pranchas de surfe fincadas na grama, o que achei bastante exagerado, mas muito interessante de se ver. E novamente lá estavam os pufes da outra festa, mas desta vez cobertos com tecidos muito coloridos. Nas árvores ao redor vi algumas lanternas rústicas acesas, o que emprestava um ar ainda mais bonito à decoração. Literalmente espantada, caminhei lentamente, olhando tudo com satisfação. Carol realmente possuía um talento especial para organizar festas!

Ao meu lado, Thomas também estava olhando tudo, mas não necessariamente admirando a decoração. Parecia procurar alguém ou alguma coisa.

- O que foi? Está tudo bem? - perguntei, um pouco preocupada por antecipação.

- Quero ver se Steve já está aqui - ele respondeu em voz baixa.

- Ele disse se já estava vindo?

- Não falei com ele hoje.

- Isso é ruim?

Ele olhou para mim, sorriu e me puxou mais para perto.

- Não. Tudo está sob controle, não se preocupe.

E beijou o alto da minha cabeça com carinho, o que teve o poder de me acalmar. Já que estávamos ali, eu queria muito poder desfrutar de uma noite normal com ele e estava torcendo que tal desejo fosse realizado.

Continuamos caminhando e eu notei que a festa já estava bem cheia. Muitos tinham optado por usar roupas coloridas, como que numa referência ao Havaí, muito embora a grande maioria deles nunca tivesse sequer pisado lá uma única vez na vida. Achei isso engraçado, pois eu mesma estava usando um vestido simples, de verão, sandálias baixas e tinha uma bolsinha atravessada no corpo onde carregava apenas o básico. Thomas estava de calças jeans, camiseta de malha e levava apenas a carteira e o iPhone num dos bolsos de trás. Creio que éramos o casal mais comum da festa, o que me agradou bastante. Quanto menos atenção ele despertasse, melhor eu me sentiria. Além disso, eu precisava acompanhar de perto quando Carol se encontrasse com Steve, pois não queria que ela sofresse demais quando percebesse que ele não iria adiante com nenhuma situação "afetiva". De certa forma, ele estaria ali muito mais "a trabalho" do que por lazer.

Prometidos - Para o bem e para o mal (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora