Body Language - Kurosaki Ichigo

Capítulo Único

Body Language [Capítulo Único]

Ichigo, 13h57: "Preciso de você".

Não era a primeira vez que eu teria que ajudá-lo, Ichigo vivia se machucando e eu que cuidava de seus ferimentos apesar da sua família ser dona do hospital do bairro.

Mas estava cedo demais para ele arranjar briga, as férias de verão mal haviam terminado.

Tomei um banho rápido e coloquei uma camiseta branca e short de alfaiataria fininho preto, o tempo ainda estava quente e eu ainda demoraria alguns minutos para chegar até sua casa. Alcancei minha bolsa sobre a cama e quando estava prestes a abrir a porta para deixar o quarto, a porta da minha sacada foi aberta.

— Mas que merda...! — Disse assustada, mas relaxei assim que vi o dono dos cabelos alaranjados.

Não tive tempo para brigar com ele porque o garoto caiu de joelhos sobre o piso de madeira no instante seguinte.

— Ichigo! — Fui em sua direção imediatamente. Sua respiração estava ofegante e ele apoiava as mãos no chão. — O que aconteceu?! — Segurei seu rosto e estranhei a falta de machucados, fizeram alguma coisa diferente com ele dessa vez.

— Á-Água. — Assenti e fui até a cozinha.

O rosto dele estava quente e corado, esperava que fosse apenas pelo esforço que ele havia feito para chegar aqui tão rápido mas poderia ser febre. Avisei Kurosaki-san que ele estava aqui, Ichigo vivia preocupando sua mãe e eu não gostava de vê-la angustiada então sempre que pudesse, aliviaria as coisas.

Afinal, ela era a minha chefe.

Ichigo pegou o copo e o virou de uma vez, sua respiração estava um pouco melhor mas ele ainda respirava de forma pesada.

— Está melhor?

— Não acho que um copo d'água resolva as coisas senão eu não teria vindo até aqui. — Riu com sarcasmo.

— Idiota. — Dei um peteleco em sua testa, levantando-me ligeiramente.

Estava de frente para ele também no chão, nossa diferença de tamanho ficava evidente até daquela maneira. Ficava embasbacada que um garoto de 18 anos pudesse ser tão grande.

— Foi o Aoi. — Rangeu os dentes. — Acho que ele colocou alguma coisa na minha garrafa do treino.

— O novo namorado da Inoue-san? — Assentiu. — Meu Deus, que coisa de criança! Não entendo por que ele fica tanto em cima de você já que você não tem mais nada com ela.

— Nem eu, ele é... Ugh! — Gemeu de dor e eu fiquei alerta.

Seus olhos estavam pesados, ele parecia querer dormir e estava lutando para ficar desperto.

— O que foi?

— Quente. Está muito quente.

Verifiquei sua temperatura rapidamente.

— Não há nada de errado, você não está com febre.

— Minha cabeça dói... Tá muito calor.

— Vou ligar o ar-condicionado pra você. — Levantei-me e fechei a varanda junto com a cortina cinza, depois fui até a porta e a fechei. Liguei o aparelho com o controle que estava sobre a minha escrivaninha e depois voltei para ele. — Acredito que você vai ficar mais confortável assim. — Sorri.

— Obrigado.

Havia quase 1 ano que eu trabalhava no hospital dos pais dele como assistente, ajudava além do que eu deveria como ficar com as irmãs mais novas dele ou preparar a janta para todos comermos. Não era algo que me incomodava, pelo contrário, me alegrava muito poder estar em um ambiente tão animado e aconchegante. Minha relação com a minha família não era das melhores então havia saído da casa dos meus pais e passei a morar nessa casa alugada que dividia com Rukia. Minha adaptação foi difícil, nunca tinha morado sozinha, mas ter 22 anos e não saber se virar sozinha era o cúmulo então tive que encarar o desafio de ser adulta.