You and I redefine being lovesick
Lovesick, lovesick
Through it all you could still make my heart skip
Heart skip, oh, yeah
Even when you're yelling at me
I still think you're beautiful>>><<<
— Não quero falar disso.
— Você nunca quer, Tony.
— Já passou pela sua cabeça que eu tenho, sei lá, motivos pra isso?
— Parece mais que você procura motivos. — Tony revira os olhos. O loiro continua, não se rendendo à evasão dele: — Não tem ninguém que eu confie mais do que você.
— Valeu, Rogers. Agora a gente pode voltar a falar da missão? — ele se levanta, mas Steve o acompanha no gesto, bloqueando sua saída. — Você tá de brincadeira.
— Vai me escutar agora?
— Não. Você não tem mais o que falar e eu não tenho mais o que ouvir. Cara, você não se cansa? — Tony suspira, meneando a cabeça. — Porque eu, sim.
Steve sempre foi muito tranquilo. Menino de ouro; era educado, generoso, correto. Não falava quando não era solicitado, não era inconveniente, não era irritante; ou ao menos, tentava não ser... Mas havia algo em si que mudava na presença de Stark. Como se fosse da água pro vinho, ele se tornava insistente. Sufocante, por vezes, porque Tony deveria ser apelidado de sabonete de tão escorregadio que conseguia ser. Não parava no lugar, não gostava de franqueza. Diferente de Rogers, ele vivia para atormentar, rebelar, agir. E quando provocado, paradoxalmente, ficava inerte. Evasivo, num nível capaz de despertar os instintos mais mesquinhos do Capitão América.
Não era a primeira vez que estavam naquela sinuca de bico. Quanto mais Steve insistia, mais irritado Tony reagia. E em meio a verdades disfarçadas de ironia, ele deixava o loiro com suas súplicas para conversar. Àquela altura do campeonato, nem Rogers sabia mais do que tanto precisava falar com Tony, ele só precisava. Doía, de alguma maneira patética, ser meramente cordial e profissional com alguém que um dia fora seu melhor amigo. Alguém com quem ele poderia confiar sua vida. Parecia loucura, mas ele sentia que nunca chegou a ter uma amizade tão forte nem com Bucky.
Talvez sua culpa era o que pesava na relação com Tony, ademais. Era difícil desassociá-la da situação toda vez que ele o tratava com certa indiferença; em se tratando de assuntos pessoais, por exemplo. Antigamente piadas bobas eram a norma, risadas rápidas, comentários casuais. Hoje já não era mais assim. O foco principal sempre fora nas missões, mas agora era o único. E ainda que Stark tentasse tratá-lo como tratava a todos, era gritante a diferença. E doía em Steve, pateticamente. Por isso, ele respirou fundo, colhendo em sua memória cada momento que o machucava, porque era importante falar.
Ou era isso que diziam no grupo de apoio.
— Eu sei que te magoei. — ele pausa, alerta a qualquer sinal negativo de Tony. Não há nada no rosto dele, contudo. É como um quadro branco. — Achei que se eu não contasse a verdade sobre seus pais, de alguma maneira, protegeria você. Mas eu vejo agora que só me protegi, e eu sinto muito. — há um nó em sua garganta que o faz terminar a sentença ali, antes que tudo fique sentimental demais para Tony.
E ele, por sua vez, está com a cara torcida em uma expressão cômica, tipicamente sua. É, no entanto, tão vazia como nos últimos meses. É um disfarce, porque obviamente ele ainda não quer falar sobre aquilo. Só que agora é tarde demais.
— Eu precisei de você, Steve. — o loiro prende a respiração, cerrando os punhos. A voz de Tony é repleta de mágoa e olhos castanhos não deixam os de Steve por um segundo. Um dedo então aponta na sua direção, acusatoriamente: — Eu disse que a gente perderia, o que você disse?
— Tony...
— "Vamos perder juntos"! — ele diz, grita, se afastando de Steve como se fugisse de alguém. — E adivinha? A gente perdeu, você não tava lá. E não tem como mudar isso, não importa quantas vezes você peça desculpas. Não importa quantas vezes a gente tenha essa conversa. Você foi embora e me deixou aqui. — as últimas palavras são um sussurro, mas Rogers as ouviu perfeitamente.
Ele sabia que não devia dizer nada, não devia nem abrir a boca. Ainda assim, foi mais forte do que ele. Com Tony, tudo era mais forte do que ele:
— Vai começar com isso de novo, Tony? Eu não posso mudar o passado, tudo que posso fazer é me desculpar. O que mais você quer de mim?
Isso é o bastante pra estraçalhar qualquer chance de reconciliação com Tony, Steve sabe disso. E ele está certo. Os lábios finos comprimidos em linha reta, a dureza no olhar, o vinco entre suas sobrancelhas, o maxilar travado; eram todos indicadores de que Stark estava mais que pronto para mais uma disputa de gritos. Mas por algum motivo, talvez pelo cansaço, pelo desespero em sair de perto de Steve, ele apenas deixa o local em silêncio. Não bateu a porta, não soltou um palavrão enquanto saía. Simplesmente deixou-o ali sozinho, semelhante a quando o próprio Tony havia sido deixado pra trás no inverno terrível da Sibéria.
E como doía.
n/a:
é p doer mesmo <3