𝑼𝒎𝒂 𝒏𝒂𝒄𝒂𝒐 𝒅𝒆 𝒍𝒖𝒕𝒐

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Quando uma nação perde um herdeiro, é muito mais do que uma mãe perder um filho, é mais profundo do que a dor de seus amigos, está além das dores do rei. No fim, o que fica é apenas a dúvida, a dúvida que ressoa por todo o reino.

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Os sinos estavam tocando, indicava o fim da grande missa de despedida, o caixão estava no meio da grandiosa Igreja de São Domingues, a principal de todo o reino, onde acontecia os casamentos Reais, e também o funeral da realeza. Ele se foi tão cedo. Era o que se conseguia escutar dos servos falando pelos cantos. De fato era uma trágica verdade. O herdeiro do trono, Príncipe Kalil Fillippo George III havia falecido, o jovem príncipe tinha por volta dos seus 25 anos, uma morte em batalha, morreu como um herói, seus súditos diziam.

O Rei Fillippo II, é o primeiro a se levantar, fazendo com que todos ao redor fizessem o mesmo, começa a se dirigir ao caixão, não consegue evitar de escapar algumas lágrimas de seu rosto, seja forte, dizia a si mesmo.

     —Kalil era meu filho mais velho, e posso dizer que o mais responsável de todos eles - Encara seus outros filhos que estavam sentados nas cadeiras da frente. - Kalil era um homem bom, sempre pensava em sua nação, morreu fazendo o que amava. Morreu protegendo a Coroa, morreu pela vida de sua família e mais ainda pela vida de seus súditos. Não chegou ao poder de um Rei, mas morrerá como um - O rei da uma última olhada no caixão, antes de mandar os Soltados fecharem.

     —NÃO! - Grita Lyra, sua filha mais nova, a moça tinha por volta dos seus 15 anos ainda. De todos, ela era a mais apegada ao irmão Kalil, ele sempre foi o que protegia ela, o que tirava seus monstros de baixo da cama, e o que ela confiava seus segredos tranquilamente.

A princesa vai até o caixão, tira seu cordão, um que tinha guardado de Kalil.

     —Você me disse que voltaria bem, me disse que eu iria conseguir devolver seu cordão, que voltaria para casa para isso - A donzela diz em lágrimas - Só não sabia que seria com você dentro de um caixão....- Ela coloca nos dedos do príncipe, não consegue evitar de encarar ele por mais alguns minutos antes de os guardas fecharem.

Lyra volta para o seu lugar, ao lado de Eliel, agora o segundo da linha de sucessão. Eliel se mantinha firme, mesmo que por dentro estivesse completamente desesperado. Tinha acabado de perder seu irmão, e seria o próximo na linha de sucessão. Não se sentia digno para isso, Kalil que tinha nascido para isso, Kalil que seria um bom Rei. Eliel não conseguia ver outra pessoa melhor que seu irmão para esse trono.

Mas os deuses mudaram o seu destino, agora ele tinha responsabilidades, seria o próximo Rei um dia. E para isso teria que se esforçar para chegar aos pés do que um dia Kalil foi.

A outra filha era Celine, com seus 19 anos, 1 ano apenas mais nova que seu irmão, agora futuro rei. Celine assim como Eliel, se mantinha firme. Celine não queria mostrar fraqueza, não na frente de todos que estavam ali. Na verdade o que ela mais queria era um bom vinho, queria beber, queria afogar suas mágoas em uma taça com algum vinho que ela não era nem nascida quando fabricado. Queria está na companhia de rapazes, queria suas amigas, simplesmente qualquer coisa, qualquer coisa que tirasse esse vazio que Kalil deixou. Se sentia egoísta algumas vezes, por ter raiva de Kalil, ele a deixou! Ele está morto, e mesmo assim ele não tem culpa disso, sua mente entra em conflito com tudo isso.

Quando o caixão sai na frente, todos os convidados, depois do Rei, seguem em frente. Quando os portões da igreja são abertos para que o caixão consiga ir até o Grande rio dos deuses, é possível ver uma multidão, muitos jogando rosas no caixão. Era de se esperar, Kalil era um príncipe amado, alguns tentavam empurrar os guardas, na tentativa de conseguir encostar no caixão, ou até mesmo na família real, tentativa essa que era bem falha.

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