Capítulo 3

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Mulherzinha faladeira essa Eliza, mas confesso que ela despertou um lado meu que a muito eu não via

O de ser desafiado, se ela acha que será fácil ter a vaga está muito engana,irei transformar sua vida em um verdadeiro inferno,e se no final de tudo ela ainda estiver disposta a trabalhar lhe darei a vaga
-No que está pensando?te conhecendo bem como conheço essa moça não terá boa vida por aqui_João começa a espalhar a palha pelo curral

- Não estou pensando em nada, a faladeira queria uma oportunidade e eu dei, basta agora mostra ser capaz_guio minha cadeira para fora do curral

- E eu tenho certeza que será bem difícil para ela provar isso, ou talvez suas intenções sejam outras, sejamos sinceros a mulher é um espetáculo, Maria que não nos ouça, mas a danada é muito bonita _ele ri

- Não tenho intenção alguma com ela, ela não faz o meu tipo_paro quando vejo ela se aproximando

Olho em meu relógio e constato que ela não se atrasou nem um minuto, chegou na hora combinada
-Fico feliz em saber que não faço seu tipo afinal estou aqui trabalhar, creio que prefira loiras dos olhos azuis_ela alfineta se referindo a sua prima

- Minha vida particular não está em pauta,me acompanhe quero te mostrar os bois que serão os primeiros da lista em seus cuidados _aponto para uma fileira de bovinos que acaba de chegar

Ela passa por mim e por um minuto admiro seu corpo, ela veste uma calça, jeans que se acentua em suas curvas com uma camisa branca de botões que dá um contraste incrível com seu tom de pele
Os cachos estão presos em um coque bagunçado lhe deixando com uma aparência ainda mais jovem
-Tem certeza que ela não faz seu tipo?_João diz em um tom que apenas eu ouça

- Vá trabalhar e me deixe em paz, ou será você quem estará em teste por aqui _começo a observar o trabalho dela

João bate continência rindo da minha cara e sai indo cuidar dos seus serviços, ela lê atentamente o exame de cada animal, pois precisará fazer uma triagem com cada um deles antes de se juntarem aos outros no curral
Ela faz carinho em cada um deles antes de aplicar a primeira dose do medicamento para a engorda dos bovinos
Ela é carinhosa e gentil com elesmostrando que realmente ama o que faz e admito que isso é um ponto a seu favor, entretanto não será tão fácil conseguir a minha confiança

Cada funcionário dessa fazenda passou por inúmeros testes até ter a minha confiança, depois de tudo o que aconteceu confiança é algo valioso para mim
-Já estão todos devidamente vacinados agora é só o João dar a ração para eles_ela vem sorrindo tirando suas luvas

- João hoje está muito ocupado, então pensei que você mesma poderia fazer isso_olho em seu olhos

- Claro sem problemas, eu disse que posso fazer qualquer coisa _ela olha apreensiva para o saco de ração empilhado em um amontoado de sacos

- Precisa chamar um dos peões para te ajudar, e provavelmente terá que fazer isso sempre já que a maioria das vezes os sacos estarão na pilha

- Acredito que poderei chamar sempre que precisar, a menos que você me proiba_ela está irritada

- Você mesma me disse que não é um homem, mas consegue fazer qualquer coisa _a provoco

- Eu disse qualquer coisa que estivesse ao meu alcance e isso claramente não está, e também não está ao seu_ela diz ríspida olhando para a cadeira

- Você está certa eu não consigo _dou lhe as costas guiando minha cadeira para longe dali

Há muito tempo eu deixei de ser um homem completo, hoje sou apenas a parte de um
E odeio quando alguém diz o que não quero ouvir, ouvir que não sou mais capaz de cuidar do meu gado é algo que me destrói
-Espere senhor Montenegro, perdão pelo que eu disse eu preciso controlar a minha língua, já é a segunda vez que te ofendo, mas eu juro que não tive a intenção de ser tão grosseira_ela corre atrás de mim ofegante

- Inácio, a ajude com o saco de ração e mostre-lhe tudo o que ainda precisa ser feito hoje_chamo um dos meus peões e saio sem nem menos olhar para ela

Desço a rampa que leva para a casa grande, e no meio do caminho minha cadeira para de funcionar
Bufo irritado sabendo que ficarei com dores nos braços já que a casa não fica tão perto
Eu poderia chamar algum funcionário para me ajudar, mas não quero me sentir ainda mais inútil do que já me sinto agora
-Meu filho você veio empurrando a cadeira sozinho?_Ana vem ao meu encontro com cara de quem quer puxar minha orelha

- Eu já cheguei e é o que importa, vou para o escritório assinar uma papelada me prepare um suco por favor_sigo para meu escritório louco para tomar meu remédio de dor

- Eu preciso ir até à cidade ver a minha irmã, ocê vai ficar bem sozinho?_ela vem atrás de mim

- Sim, pode ir tranquila João estará por perto caso eu precise de algo

- Vou deixar o seu jantar pronto e um lanchinho caso sinta fome na madrugada _ela me olha com carinho

- Obrigado, agora preciso trabalhar pode se retirar por favor e não se esqueça do meu suco

- Eu sei que está com dor, o seu remédio que fica aí na mesa acabou, vou trazer outro_ela pisca o olho para mim

Assino uma papelada que não parecia ter fim e me despeço de uma Ana chorosa por me deixar sozinho
-Ana é só por um dia, amanhã você já estará de volta e eu estarei bem aqui te esperando _beijo sua mão

- Ai meu filho, depois do acidente eu sinto medo diariamente de te perder de novo_seus olhos estão preocupados

- Ana, aquilo não vai se repetir nunca mais _digo para ela e também para mim

Assim que ela sai subo para o meu quarto e tiro minhas roupas me preparando para entrar na banheira, a água está fria do jeito que gosto
Tomo um relaxante muscular e deixo que as memórias mais uma vez inundem minha mente

Eu penso nela todos os dias, penso em como seria ter ela aqui comigo,eu seria feliz como era antes, mas ao mesmo tempo, estaria iludido por suas mentiras
-Por que você fez isso comigo?você acabou com a minha vida_aperto as bordas da banheira com força

Uma abertura brusca na porta me tira das minhas lembranças, abro meus olhos encontrando Eliza
-O que você está fazendo aqui?_pergunto furioso

Ela não poderia ter chegado em piorar hora, sinto a raiva das lembranças ainda vivas em meu corpo
-Eu procurei o senhor por toda a casa e chamei, mas ninguém respondeu,pensei que poderia ter acontecido algo_seus olhos estão assustados, mas ao mesmo tempo, curiosos

- Sai daqui, saia da minha fazenda agora mesmo, invadir o meu espaço é algo que eu não posso aceitar_grito com ela

Ela abre a porta e me dá as costas saindo em silêncio

Ninguém nem mesmo Ana chegou a me ver tão vulnerável como agora, tento pegar a minha toalha, mas estou muito longe, forço meu corpo para fora da banheira e acabo caindo ao chão

Demorei mas cheguei,gente como algumas pessoas sabem o meu tempo é bem corrido,tenho o trabalho a casa os filhos por tanto é impossível conseguir ter um dia certo para capítulos,mas não se preocupem que sempre que possível terá capítulos, fiquem com Deus 😘

MontenegroOnde histórias criam vida. Descubra agora