Montenegro

Capítulo 13

Pedi a Ana que fosse até o chalé e buscasse as coisas de Eliza
Confesso que me surpreendeu ver apenas uma mochila com algumas peças surradas e um tênis
Não me atentei a ver o que ela possuía quando chegou aqui, e foi inevitável a comparação com Bárbara

Quando nos casamos ela trouxe tantas roupas que não couberam no closet, e precisei fazer outro só para ela

Agora estou aqui, olhando para o local onde ficava seu closet que hoje é apenas uma parede com um quadro, assim que voltei a fazenda mandei que o tirassem daqui e queimassem todas as suas roupas e sapatos
-Ela já tá no quarto, não tava com uma cara nada boa quando sai de lá _Ana fala se sentando na minha cama

— Pouco me importa se ela não gostou, eu e você sabemos que é o melhor para ela _continuo olhando para o quadro na parede

— Ainda tô sem acreditar que o delegado soltou aqueles monstros_ela fala irritada

— Eu também não consigo acreditar que a nossa lei possa ser tão branda com algo tão terrível como uma tentativa de estupro_respiro fundo

Eu fiz como Eliza queria, eles foram entregues na delegacia e prestamos a queixa, mas o juiz alegou que não haviam provas o suficiente para mantê-los presos, responderão em liberdade
Eles apenas pagaram a fiança e saíram como se nada tivesse acontecido, eu já havia decidido que ela ficaria aqui na casa grande, e depois da notícia que recebe eu não tive dúvidas de que a manteria protegida aqui comigo
-Ocê tem que contar pra ela_ela se levanta vindo até mim

— Eu irei, mas não agora deixe ela se acomodar primeiro e aceitar a ideia de ficar aqui_paro de olhar para o quadro e volto minha atenção para Ana que está atenta me olhando

— Ocê tá bem?tá sentindo dor?_seus olhos me olham curiosos

— Se eu te disser que estou totalmente sem dores estarei mentindo, mas hoje está suportável, minha coluna está dolorida já que ainda não deitei um pouco _levo a mão ao local sentindo que está começando um inchaço leve

— E a diaba?vai voltar?ou já desceu pro lugar de onde nunca deveria ter saído?

Sorrio ao ver o modo como ela se refere a Bárbara, Ana sempre tem ótimas comparações
-Eu não sei, você sabe como ela é, se teve coragem de vir aqui após dois anos é por que está querendo algo, por tanto devemos ficar atentos _giro minha cadeira me aproximando da cama

— Eu sei bem o que ela quer, e olha que ela não sabe que ocê já tá sentindo as pernas, por que se descobrir vai ficar igual, abelha no mel

— Eu sofri tanto por aquela mulher, chorei por ela, implorei para voltar para mim mesmo sabendo de todas as coisas que me fez, mas quando a vi aqui parada na minha sala com toda aquela soberba eu percebe que aquilo nunca foi amor, eu era obcecado por ela o que é bem diferente

— Eu não me conformo dela não ter sido presa, aquela enfermeira do capiroto não fazia tudo sozinha_sua raiva é quase palpável

— Eu sei, mas eu estava em coma não tenho provas de que ela também me torturava, e agradeço a Deus por ter estado em coma, se eu estivesse consciente teria assistido a todas as torturas desde queimados de cigarro a cortes de faca_levo a mão onde tenho a maior cicatriz que fica bem no meio do meu peito

— Eu nunca vou me perdoar por ter acreditado que ocê tinha morrido_ela me abraça

— Com um atestado de morte falso seria impossível que qualquer pessoa não acreditasse_acaricio seus cabelos brancos pela idade

— Ocê promete pra mim que nunca vai voltar pra aquela mulher?_ela aperta minha mão

— Eu prometo, não existe a menor possibilidade de que eu volte com ela, agora dá um jeito de ir fazer a comida que já é tarde_brinco com ela