Olhando a cidade pela enorme janela de vidro, Kakashi observava toda a cidade, a vista era linda, sem dúvidas. Mas, por mais que seu olhar estivesse focado nos variados edifícios, com o sol manchando o céu ao se pôr atrás deles, sua mente estava nas lembranças daquele lugar.
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Obito e Kakashi cultivavam uma bela amizade, mas isto não vinha desde os seus 7 anos de idade, quando se conheceram por causa das reuniões constantes de seus pais.
Os jovens não foram com a cara um do outro quando se conheceram. O Hatake era tímido demais e vivia emburrado quando tinha que ir para a empresa com o pai, já o Uchiha, adorava, e era super extrovertido, conversava com todos funcionários, chamava a atenção de todos com sua fofura e faladeira.
De cara, Obito tentou fazer amizade com o mais baixo, mas acabava levando patadas ou sendo ignorado, o que começou o estressar, o que custava ao rapaz ser seu amigo? Seus pais eram amigos!Os anos foram se passando nessa rotina, até ambos acharem coisas em comum e uma amizade nasceu alí. Não que Kakashi tenha mudado seu jeito tímido e tenha parado de dar patadas, agora o diferente era Obito, por ter se acostumado a isso, e os dois acabavam rindo no final, ao invés de manterem a discussão.
Sempre estavam juntos, gostavam muito da companhia um do outro, e se entendiam muito bem! Quase todos finais de semana e feriados, passavam o dia na casa um do outro, para brincarem, conversarem e também para estudar, em últimos — e urgentes — casos.
Beirando os 15 anos, Kakashi se via apaixonado pelo melhor amigo, e havia percebido tal paixão após ler um livro onde dois amigos tinham uma amizade colorida. Se pegou pensando várias vezes nesse assunto, e o foco dos pensamentos era Obito. E sabia que tinha muitas chances de ser uma paixão platônica.
Seu amigo sempre esteve interessado em garotas e nunca deu nenhum indício de que gostasse de garotos, e principalmente de si, como ele gostava. E, claro, tinha muito medo de falar qualquer coisa sobre o assunto. Não queria se afastar do seu único melhor amigo.Aos 17 anos, pela primeira vez sentiu seu coração doer, como se estivesse realmente se quebrando em milhões de pedacinhos. Às lágrimas permaneceram em seus olhos, ele se negava a chorar, principalmente na frente dele, e depois de tudo o que escutou.
Kakashi e Obito haviam brigado. O Hatake estava irritado pois o mais velho não o dava mais atenção, e quando se encontravam, tudo o que sabia fazer era falar sobre as garotas com que saiu. Não sentia que merecia ser deixado de lado assim, e mesmo que fosse apaixonado no amigo, sabia diferenciar as coisas e aquela situação não estava legal.
Começou a conversa irritado, Obito dizia que pediria a garota que estava saindo em namoro, e como se isso só não bastasse para magoar Kakashi, quando a discussão iniciou, o Uchiha falou todas coisas sem sentido que vinham em sua cabeça, usando inseguranças do platinado para o ofender, sem sequer pensar o que estava fazendo com os sentimentos do outro. Obviamente se arrependeria depois. Mas, seria tarde demais para isso.
Kakashi decidiu naquele momento que iria aceitar a proposta que um amigo de seu pai o ofereceu, que havia negado pois não queria abandonar sua cidade, e principalmente Obito. Porém, com o peito doendo e os olhos lacrimejando, percebeu que precisava se afastar, e então caiu a ficha de que Obito não o amaria de volta.[ >>> ]
Balançou os cachinhos prateados e encarou a taça de vinho em sua mão, aquelas memórias ainda doíam.
Ouviu uma movimentação atrás de si e virou-se para ver do que se tratava. Os cabelos longos e brancos seriam reconhecidos por si de qualquer distância. Não conteve o sorriso ao rever seu pai depois dos 3 anos em que esteve longe.
Sakumo sorriu para o filho, seguido de um suspiro de amor e admiração. Achou engraçado ele estar mais alto que si, costumava ser tão pequenino! O abraçou forte, deixando toda a saudade de seu menino ir embora.
Conversaram um pouco sobre tudo que aconteceu nesses anos. Kakashi havia começado a faculdade em engenharia, e orgulhava o pai a cada novidade que o contava por mensagens ou pelas ligações. Agora poderia o parabenizar pessoalmente por todos projetos que havia ajudado a empresa que trabalhava.