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30.1| SEM CONTROLE
Deluca on

— Não que eu esteja querendo ele por perto neste momento, mas...quando o seu pai volta de viagem?

Pergunto à Vanessa enquanto entramos na plena mansão Winston. O céu não passa de um véu escuro cheio de estrelas e uma lua minguante, o que me lembra que estou passando minha segunda noite com ela, me mantendo longe das coisas ruins que tentam me alcançar.

— Só no sábado — ela brinca com alguns cachos do meu cabelo quando nos deitamos — Ele viaja bastante nessa época do ano. E talvez esteja aproveitando um tempo sozinho com Am agora que os dois namoram.

— O sogrão e a Am estão juntos?!

Me sobressalto, a assustando. Sinto um beliscão na costela, segundos depois, que me faz contorcer.

— Você me deu um susto, seu exasperado! — acabamos sorrindo — E sim, estão. Faz um tempo, e não surpreende ninguém. Todos em casa sempre souberam que aquelas brigas significavam algo a mais.

— Muito sexo reprimido — acabo falando, recebendo outro beliscão. — Não acredito que amanhã já tem aula.

— Sim... — suspira, se encolhendo mais contra meu abraço. A aconchego mais enquanto encaramos o teto do seu quarto.

— Tem algo de errado?

— Não sei...só sinto que as coisas mudaram repetidamente desde a Caça.

— Acha que as coisas serão diferentes amanhã? Agora com o novo casal na área, vai ser, sim — sorrio, satisfeito — Tô até imaginando a Lessa e o Ken se pegando horrores pelos corredores, e eu vou fazer questão de dizer que nós criamos aqueles monstros.

Senti seus ombros tremerem enquanto ria, mas não durou muito, o que indica que ainda há algo errado com esse lance de mudança. Depois de um tempo, sentindo minhas pálpebras pesarem e o teto branco do quarto turquesa ficar turvo com o sono, ainda insisto.

— Tá tudo bem mesmo? — murmuro, já sonolento.

— Uhum...amanhã, Kendrick e Alessa estarão juntinhos... — é o que recebo dela antes dos dois dormirem feito pedra.

Na manhã seguinte...

— Relaxa, irmãozão. Às vezes, as coisas acontecem assim. Eu meio que estava obcecado demais com tudo aquilo e quando a beijei... — Kendrick refletiu, em um tom quase poético que me deixou assombrado — não foi o que eu esperava. Desculpa, Lessa, seu beijo é ótimo, é só que...

— Eu entendo completamente, Ken. Seu beijo também não foi dos melhores — Alessa soltou com batidinhas amigáveis em suas costas. Os dois estão abraçados de lado como dois amiguinhos no jardim de infância — Acho que precisamos ir, temos aula de literatura agora. Vocês têm artes, certo? — indagou, mudando o assunto como uma conversa banal e instantânea.

— S-sim — Vanessa respondeu um pouco atordoada, o braço apertando o meu com certa força — Nós vamos pra sala, e...é sério mesmo que não sentem nada?

Ambos negaram juntos.

— Nadinha? Nem um pouquinho?

Negaram, outra vez.

— Nem fodendo — digo de repente por um fio de voz, não querendo aceitar aquela tragédia.

Rei Do DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora