28.

781 93 38
                                    

28| RUÍNA
Deluca Pov

Existem três momentos da minha vida em que eu me senti, verdadeiramente, em um êxtase de medo e felicidade. Uma sensação estranha e embaraçosa que invade todo nosso corpo e mente dando calafrios e enjoos, talvez até borboletas no estômago.

A primeira vez, foi no meu primeiro dia de aula no ensino médio depois dos ataques de pânico começarem e a doutora Riggs conversar sobre minha ansiedade social. Falou sobre as aulas diferentes que eu poderia fazer e que provavelmente me manteria longe de mais transtorno. Eu fiquei feliz com isso...mesmo me cagando de medo.

A segunda vez, aconteceu quando eu tinha cinco anos e minha mãe falou sobre um ratinho que morava em uma caixa de bolachas guardada no armazém de uma confeitaria, e que todas as noites, sempre que uma criança perde um dente de leite, ele deixa um presente. Saber que terei que arrancar meu próprio dente para receber um presente me trouxe essa sensação. No final de tudo, ele caiu enquanto eu dormia. Eu ganhei um prato cheio de panquecas na manha seguinte.

E na terceira vez, eu vi uma das poucas pessoas que podia acabar com meu drama familiar, acabar com o caos que ronda minha casa. Uma das poucas pessoas que poderia me tirar de tudo isso. E ter a chance de ser salvo do meu pai ao encontrar aquela mulher de cabelos platinados e casaco branco me deixou completamente apavorado, porque isso acabaria com o casamento dos meus pais, livraria minha mãe daquele filho da puta, mas a deixaria arrasada, e eu não quero deixá-la arrasada.

Isso é uma corda bamba sem fim.

— Ai! Ai, ai, ai, ai, e-espera, Mona! — seus dedos me puxam pela orelha, e no mesmo instante, consegue me tirar de dentro do carro — Minha orelha! Minha orelha!

— Você não vai fugir de mim, seu pirralho! — foi me puxando até estarmos de volta a entrada da casa.

Ouço Dixie perguntar o que está acontecendo e Kendrick se aproximar com Cory até nós.

— DeeBee, liga pro James! — Monalisa, ordenou, se virando um momento para a garota a algum lugar perto de nós dois. Eu já não consigo ver nada ao meu redor com os dedos brutos puxando a pele da minha orelha com aquelas unhas finas — Você não vai sair daqui enquanto seu primo não chegar.

— Espera, Mona! — tento me virar para vê-la nos olhos, e vendo seu rosto mais de perto, posso ver que ainda está tão bonita quanto anos atrás — Dixie, não chama o James! Mona, Mona!

Tomo sua atenção por mais difícil que seja. Monalisa afrouxa o aperto, em silêncio, e o olhar agressivo se torna algo mais alarmante, então ficam lacrimejados. O momento caótico havia se resumido à um silêncio cheio de nostalgia.

— Você continua bonita como um anjo, sabia?

— E você cresceu, peste — disse, por um fio de voz.

Seus braços me rodearam, e o ar fica mais pesado, fica difícil de respirar, e a vontade de esperar por James aumenta a cada segundo, porque isso seria um sonho.

James conseguiria me tirar do meu pesadelo. De todos os meus pesadelos em Middway, e me manteria longe do meu pai, manteria a minha mãe longe dele, mas...Susan ficaria devastada. Ficar longe dele se tornaria seu pesadelo enquanto este seria meu sonho.

— Por onde você esteve, Phil? — Mona questiona, a voz embargada, em meu ombro — Procuramos por toda parte. James...ele ficou tão preocupado com você e Susan. Pra onde aquele desgraçado levou vocês?

Rei Do DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora