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22|Parker, beijos e Van Gogh
parte II — Vanessa pov


Parker é péssimo em escolher filmes.

Sei disso porque de todos filmes em todas as plataformas de streaming que ele assinou, ele foi escolher justo o pior de todos, o menos apropriado, o mais vergonhoso de todos...

— Às vezes, me pergunto como eles conseguiram fingirem estar juntos pra família inteira — Parker comenta, deitado entre os três travesseiros grandes que roubou de uma das salas de descanso do corredor — Eu nunca mais olharia na cara da pessoa se ela me visse pelado.

— Essa ideia já é muito relativa, Pequeno Parker — Deluca bagunçou seus cachos soltos e o mais novo parece gostar do gesto. Ele é a única pessoa que conheço que não se importa de alguém bagunça seus cachos — Vai depender muito de quem você vê pelado.

— Eu não iria gostar de ver ninguém pelado!

— Daqui alguns anos você me diz isso de novo, está bem? — zomba, acomodado em outro travesseiro. Ele havia tirado o paletó e frouxado a gravata borboleta.

Me encolho mais no puff redondo que furtei da mesma sala de descanso que haviam pegado os travesseiros. Parker também deu um jeito de conseguir pipoca, e agora ainda estamos na metade de A Proposta, protagonizado por Sandra Bullock e Ryan Reynolds, que se odeiam e fingem estar noivos para que Margaret — a personagem da Bullock — não seja deportada para o Canadá, seu país natal. Acabamos de ver a cena constrangedora entre Margaret e Andrew — personagem de Reynolds — se chocam corpo a corpo e caem no chão, totalmente nus.

— Não acredito que escolheram isso ao invés de algum filme de terror. — murmuro, batendo levemente nas minhas bochechas, forçando-as a voltarem ao seu tom normal — Tipo, poderia ser qualquer filme de terror.

— Eu odeio filmes de terror — Parker resmunga com os braços cruzados — Você está sendo uma chata, Nessa.

— Não estou sendo, não.

— Está, sim!

— Não est...— paro quando DeLuca puxa a saia do meu vestido, me fazendo encará-lo.

—  O garoto tem doze anos. Relaxa aí! — sussurrou, se esticando para o meu lado. Desvio meu olhar para a tela, vendo Parker de esguelha, ele nem parede se importar mais em discutir e os olhos amendoados estão vidrados no filme — Mais tarde, vamos conversar, tá legal? — sua voz é mansa.

— Que bom, porque você não pode fazer as coisas sem pensar nas consequências — digo, e ele reprime os lábios vendo que estou chateada pelo que fez. A palavra certa seria perdida, mas chateada pode servir, por enquanto.

Permaneço neutra — não sei se por muito tempo — mesmo quando seus dedos alcançam as mechas de cabelo na lateral do meu rosto e afastam até atrás da minha orelha. Meus braços cruzados se apertam envolvendo mais meu corpo ao sentir os efeitos que seu toque estão causando em mim, e por mais que eu tente, gosto da sensação.

— Sei disso — ele respondeu, sendo um pouco mais sério. Esperei que ele dissesse mais alguma coisa, e mesmo quando ele entreabriu os lábios, pronto para dizer o que quer que fosse, meu celular vibrou na bolsa e eu sei que era Amanda, avisando que teríamos que ir.

— É a Am — aviso, abrindo a bolsa quando sua mão se afastou do meu cabelo — Temos que ir, Parker.

— Mas já? — reclamou, aborrecido. Sorrio, me derretendo com seus olhos suplicantes — O filme já está na metade.

Rei Do DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora