Criança.

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Jungkook era um homem de porte grande, com largos ombros, amplo peitoral e tatuagens ao redor do corpo. O seu cabelo era castanho escuro e a sua fisionomia era jovem e infantil, por mais que os seus músculos mostrassem o contrário. Ele tinha um piercing na sobrancelha, e constantemente um sorriso grande estava presente em seu rosto, mostrando os seus belos dentes brancos e as suas rugas perto de seus olhos de jabuticaba.

Hoseok suspirou ao vê-lo daquela forma. Ele era, incrivelmente, atraente.

Jung Hoseok e Jeon Jungkook começaram a namorar meses depois de que o apocalipse aconteceu. Ambos eram gays assumidos e pensavam que eram os últimos homens que sobraram na terra, sendo assim, foi fácil de se relacionarem. Foram algumas investidas ali e outras aqui até que assumissem um namoro sério. Isto depois de descobrirem uma comunidade repleta de pessoas. E também depois de receberem um bebê abandonado na frente da casa em que viviam.

— Jiminie, olha pro papai. — Hoseok avistou os olhos pequenos e doces da criança voarem em sua direção. — Eu vou te colocar no chão, mas você não pode se afastar nem de mim e nem do seu pai, tudo bem? Você consegue me entender?

— Consigo, papai.

— Então, repete o que eu disse.

— Eu não posso me afastar do senhor e nem do papai.

— Isso mesmo, meu bem.

— Posso ir pro chão, então?

— Pode.

Colocando a criança no chão, Hoseok acariciou a orelha dela ao vê-la se agarrar em sua perna, dizendo que queria voltar para o colo, pois estava muito frio. Ignorando o pequeno que reclamava, o rapaz andou junto a ele para as araras de roupas e apanhou algumas camisetas, amassando-as e pondo-as na mala. Jungkook logo se aproximou, fazendo o mesmo.

— Papai, a gente pode pegar um brinquedo pra mim?

— Hoje não, querido — Jeon o respondeu.

— Papai...

— E sem choro.

Jimin remendou o mais velho.

— E sem malcriação. Você não é malcriado para agir assim.

— Desculpa, papai...

— Pega uma roupinha pra você, meu bem — Hoseok pediu ao filho. — O que você quer? Você prefere uma calça verde, azul, laranja ou rosa?

— Laranja, laranja! — Jimin correu atrás de Hoseok, apontando para a calça que ele segurava no cabide. — A gente pode pegar essa camiseta de unicórnio? — perguntou, puxando o pedaço de tecido que estava ao lado da calça.

— É muito grande para você, meu amor.

— E essa?

— Essa cabe no seu pai, Jimin.

Vendo que o menor estava prestes a reclamar, Hoseok franziu o cenho ao escutar um gemido. Em posição de alerta, ele retirou a arma de seu bolso e a colocou na frente de sua visão, gritando para que Jimin ficasse próximo e para que Jungkook se aproximasse. Dando passos para trás, olhando com atenção para todos os lados para que não fosse pego de surpresa, o homem sentiu-se mais tranquilo ao ter o marido ao seu lado.

Jungkook pegou Jimin no colo.

— Quem está aí?

Os gemidos continuavam, mas nenhum morto-vivo apareceu. A tensão preencheu o ar e tudo pareceu agonizante.

— Olá? Apareça.

— Hoseok, vamos embora — Jungkook tentou puxar o marido, mas ele não se moveu. Ele estava rígido, em alerta. — Vamos embora.

— Tem alguém aqui.

— Nós precisamos ir embora,

— Tem alguém aqui, Jungkook. Verifique o perímetro, fique de guarda. Eu vou procurar.

— Hoseok...

Não tendo voz para discutir com o marido, Jungkook acatou a decisão dele e foi apurar o que foi pedido. Sem mortos-vivos, como já tinha determinado. Voltando para perto de Hoseok, ele levantou a pistola para os lados. Se algo se aproximasse, levaria tiro. Jungkook não deixaria nada tirar a vida de sua família.

— Jungkook, tem alguém ali.

— Eu vou atirar.

— Jungkook! — Hoseok exclamou.

— Mas o que porra, o que foi!? Você quer me matar do coração?

— Sem palavrões, papai.

— É uma criança, Jungkook. Abaixe as armas! Vamos, abaixe as armas!

— Uma criança?

The gloomy corner.Onde histórias criam vida. Descubra agora