— Você pode me dizer como passou esses anos sozinho? — perguntou o adulto, sussurrando. — Aqui, eu vou passar o sabão em você...
— Os papais morreram, Hobi... e e-eles vieram até mim, mas eu corri, corri pra longe... eu fiquei sozinho e comi a comida que o papai dizia fazer mal, mas ela não fez... e você me achou.
— Você ficou com mais alguém? Antes de eu te achar?
— U-Uma mulher.
Hoseok fez um ruído baixo para que Taehyung entendesse que ele estava ouvindo.
— Ela cuidou de mim por a-algum tempo, mas depois... depois eu fugi dela.
— Fugiu? Por quê?
— E-Ela me assustou — murmurou, gostando de sentir a bucha limpa passar por seu corpo. Ele gostava de se sentir limpo, gostava de estar sendo cuidado. Taehyung olhava para Hoseok como se ele fosse um anjo. — E-Ela me tocou e foi estranho...
Jung parou o que fazia, olhando para o menino.
— O quê?
— E-Eu falei algo e-errado, Hobi? Me d-desculpe, eu...
— Oh, não. Você não falou, meu amor. Não falou.
— Por que v-você está chorando?
E Hoseok finalmente notou que algumas lágrimas grossas caíam de seus olhos, rolando por suas bochechas e parando em seu queixo. Ele as secou com rapidez, acariciando as bochechas do garoto e beijando a sua testa.
— Você não gostou de ela ter te tocado?
— Não, ela q-quis beijar aqui — murmurou, apontando para os próprios lábios. — M-Mas eu escapei. Não chore, Hobi.
— Eu nunca mais vou deixar ninguém tocar em você, TaeTae. Ninguém nunca, nunca mais vai fazer isso, meu amor.
— V-Você é diferente dela.
— Sim. Eu nunca vou te fazer mal.
— Você n-não tem nojo de mim.
Hoseok abraçou a criança molhada com a água da banheira, apertando-a contra o seu peito e sussurrando palavras bonitas, avisando-o de que agora estava protegido, de que agora poderia voltar a ser o que era, sem se preocupar com nada. Taehyung era uma criança e o seu maior dever era brincar, assim como Jimin.
— Hobi?
— Sim, meu bem?
— Você pode voltar a passar o sabão no meu cabelo? Ele está coçando...
— É mesmo? Está? — Hoseok questionou brincalhão, fungando a fim de engolir o choro que coçava a sua garganta. Aproximando-se da criança, ele colocou os dedos entre os seus fios morenos de cabelo e franziu o cenho ao avistar o motivo daquela coceira. — Você está com piolho, querido. Mas eu vou resolver isso, tudo bem? Espere, eu vou pegar um pente fino.
— Vai doer? — perguntou, erguendo a cabeça e vendo o outro ficar em pé, andando até uma gaveta da pia e pegando o objeto que citou anteriormente. — O q-que é "piolho"?
— Não vai, Tae. Você precisa somente ficar quietinho. Eu vou cuidar de você.
Passando o pente por cada mecha de Taehyung, Hoseok não se importou de ficar ali com ele por horas e lavar o seu cabelo mais de uma vez, acariciando-o e verificando se ele estava realmente limpo ou não. O pequeno pareceu gostar, pois em momento algum reclamou ou deixou de agradecer.
Colocando uma roupinha quente no menino, Hoseok desceu com ele no colo e o colocou sentado perto do balcão da cozinha, dizendo que iria preparar uma comida rápida para ele. E assim logo o fez, colocando um prato de sopa na frente dele e o dando uma colher personalizada de leãozinho.
— Hobi, eu gosto! — disse Taehyung, mostrando a colher para o mais velho.
— Gosta, é? O meu Jiminie também.
— J-Jiminie?
— É o meu filho — falou, acariciando o rosto alheio com o polegar.
— Oh...
— O que você acha de comer? Está morno. Você gosta de cenoura? Batatinha?
— Eu gosto, Hobi! Batatinha, cenourinha — cantarolou.
Após ajudar Taehyung a comer, Hoseok o mostrou à casa e andou com ele no colo até que o mesmo caísse no sono, a bochecha amassada contra o seu ombro e os seus lábios entreabertos. Acariciando as costas do garoto, o rapaz subiu com ele em direção ao quarto em que anteriormente estavam e o deitou na cama, beijando a sua bochecha e sorrindo de forma fraca.
Olhando para trás, escutando passos vindos para onde estava, Hoseok sorriu para o marido e acenou com as mãos fracamente. Jungkook se aproximou, passando os braços por seu torso e beijando a sua têmpora com carinho. Ele olhou para Taehyung adormecido no colchão, coberto pelo cobertor e rodeado de travesseiros.
— Ele parece bem à vontade. Isso é bom — Jungkook sussurrou no ouvido de Hoseok, acariciando o seu quadril. — Ele te disse algo? Te falou mais de onde veio? Com quem andou?
— Não — respondeu, suspirando. — Ele não disse muita coisa, e o que disse é, no mínimo, perturbador. Taehyung é uma criança gentil, querido. Mas passou por muitas coisas ruins.
— Tudo bem. Nós vamos ficar com ele. Agora estamos ele, certo?
Hoseok ergueu a cabeça, olhando para Jungkook e sorrindo pequeno, concordando.
— Você precisa ir tomar banho. E precisa dormir. Desde ontem, você está acordado, e eu tenho certeza de que você já resolveu todos os problemas que o chefe deixou para nós em Alexandria, ou pelo menos quase todos — Jungkook falou de forma suave, mostrando para o marido que ele precisava de um descanso. — Eu fico aqui cuidando do pequeno Taehyung. Não irei sair do lado dele.
— Promete?
— Prometo, querido. Vai lá.
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The gloomy corner.
أدب الهواةJung Hoseok e Jeon Jungkook eram felizes mesmo vivendo em meio ao apocalipse zumbi, com mortos-vivos andando pela terra e desfazendo tudo o que era bom. Após irem ao shopping buscar peças de roupas para o inverno que atingia a comunidade que moravam...