CAPÍTULO 05

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─ Melina?

A voz do Oliver corta o silêncio do corredor e eu me arrependo de ter vindo imediatamente.

─ O que aconteceu?

─ Só quero te fazer uma pergunta. Posso entrar? Sabe, o corredor é gelado para alguém de pijama.

Ele olha meu roupão e depois me dá passagem.

─ O que quer me perguntar de tão importante que não pode esperar até amanhã?

─ Se você tivesse uma namorada, linda e divertida. Isso é hipotético, claro que nenhuma mulher linda e divertida fosse querer ser sua namorada.

─ Te dou três minutos para terminar de falar, senão te expulso daqui.

─ Se você fosse na casa da sua namorada depois de dias sem se verem, ela coloca uma camisola sensual para chamar a sua atenção, mas aí a campainha toca e ela vai atender. É o seu vizinho bonitão, e lembra como ela está vestida? Você se sentiria enciumado? Pelo menos incomodado com a situação?

Oliver parece estar prendendo um riso e se senta no sofá.

─ Bom, acho que se essa mulher bonita e divertida é a minha namorada, eu me garanto e sei que não vou perdê-la para um vizinho... bonitão.

─ É sério? Seu ego seria tão alto assim?

Ele ri e respira fundo.

─ Melina, eu sou a última pessoa que você deveria pedir conselhos amorosos. Sou péssimo nisso.

─ Você é homem, quero a opinião de um homem. E isso não é um conselho amoroso.

Oliver fica em silêncio por alguns segundos e então, sério, como se realmente estivesse pensando na situação que eu descrevi, ele diz:

─ Ela é linda e divertida, então eu sou um cara de sorte por tê-la e gosto de demonstrar o quão tenho apreço por ela. Se estamos dias sem nos ver, então estou com saudades e só quero ficar com ela, sentindo seu abraço e seu perfume. Claro que me sentiria incomodado de vê-la falando com o cara usando a camisola que era só pra mim. E ainda mais com o cara dizendo que a veria no dia seguinte.

Ele me encara.

Sinto algo estranho dentro de mim, não esperava uma resposta tão... intensa e detalhada. E nem o olhar firme de Oliver sobre mim.

Tento dizer algo, mas ele levanta e se aproxima de mim.

─ Então dispensaria o cara e fecharia a porta na cara dele.

─ E discutiria com ela?

─ O quê? Lógico que não. Eu a puxaria para perto e diria que ela estava perfeita naquela camisola, mas que ficaria melhor sem.

Entreabro a boca em choque e arregalo os olhos.

─ Você é muito expressiva, Melina. E, como eu nunca terei uma namorada linda e divertida, como você mesma disse, nunca farei isso, então você não saberá o que aconteceria depois.

─ Eca! Eu não quero saber! ─ Me afasto e aperto mais o nó do meu roupão.

─ Por que veio até aqui me pedir conselho?

─ Eu não vim te pedir conselho, apenas te fazer uma pergunta. Você é meu único vizinho e... eu não tenho que te explicar!

Oliver parece prender um riso, de novo.

─ Melhor você ir, seu namorado deve estar te esperando. Ansioso pra matar a saudade, suponho.

─ Ah, é! Vamos matar muito a saudade!

PEDIDO AO LUAROnde histórias criam vida. Descubra agora