── 𝗣𝗥𝗢́𝗟𝗢𝗚𝗢

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Missões de reconhecimento era algo do qual o especialista menos gostava, era entediante ter que ficar apenas colhendo informações e depois fazer diversos relatórios sobre. Saul sempre iria preferir uma boa luta, entretanto, nos meios que se encontravam, o único momento em que teria a chance de sacar sua espada e usá-la seria nos treinos com os especialistas e isso o frustrava.

Porém, ordens eram ordens e ele jamais deixaria e desobedeceria Farah, a grande diretora de Alfea, uma escola para fadas. Assim como a mesma lhe dera uma missão, ela o dera um dia de folga, para que ele pudesse descansar dos dias que estavam por vir.

Sua missão era simples -até demais-, atravessar a barreira e o portal para chegar ao Primeiro Mundo e falar com um ex aluno e amigo, colher as informações necessárias e voltar para Alfea. No entanto, Saul não pode negar o pedido do amigo para se reunir com ele em um bar próximo de onde se encontravam, do qual usou a desculpa de que o mesmo precisava espairecer para convencer o especialista.

Horas mais tarde, ainda no bar, Silva se perguntava o porquê de ainda estar lá, já que beber se era inútil e ele deveria estar sóbrio quando retornasse à escola. Não fazia sentido continuar, mas ao mesmo tempo era como se ele devesse permanecer lá, pois algo o aguardava e ele não sabia dizer o quê, o deixando mais frustrado ainda.

Em seguida, quase como se fosse premeditado, uma sensação angustiante o preencheu, assim como a todos no bar. Eles começaram a se lamentar e chorar, no mesmo instante que uma onda de tristeza atingiu Saul e aos outros.

Ele não entendia o que estava acontecendo, mas por reflexo sacou sua adaga, a mantendo em mãos. Em busca de onde vinha aquela carga de emoções anormais, principalmente por ter atingindo todos aos mesmo tempo, Silva encontrou a fonte, não muito tempo depois, onde belos olhos violetas brilhavam encarando todos com medo, não deles, mas sim do que estava fazendo.

Seus olhos estavam marejados de lágrimas não soltas, seu desespero se era quase palpável, intensificando aquela angústia quase o levando ao chão com tamanho força.

Uma fada da mente.

Seu descontrole era nítido, a jovem não tinha noção de como fizera aquilo, de como projetara sua dor àqueles que se encontravam no bar junto a mesma. Ela não compreendia, a única coisa que sabia era que tudo aquilo era sua culpa, estava novamente causando dor a pessoas inocentes.

Silva, insistentemente, tentou abandonar aquela sensação que parecia querer o puxar para um abismo de onde ele não poderia sair, ele sabia que se desse ouvidos aquilo, aquelas emoções que não eram suas, estaria condenando aquelas pobres pessoas, pois a jovem garota sequer tinha controle sobre si mesma.

Lutando internamente contra si, ele se ergueu e caminhou demoradamente até a adolescente, tentando conter o chamado que parecia cada vez mais alto. Ele não cederia, não poderia, ele tinha que manter o controle, tinha que driblar ela.

Mesmo não sabendo como, Saul conseguiu chegar até a garota, do qual lhe era estranhamente familiar, a vendo o olhar desesperado. Ela estava assustada, não, a pequena garota estava aterrorizada.

A angústia voltou, em ondas mais fortes dessa vez, junto com um medo avalassador. Silva não conseguiu se esquivar dessa vez, mas, por reflexo, para o bem de todos, ele conseguir desferir um golpe contra a pobre menina, a apagando no mesmo momento em que ele caia, graças ao medo absurdo que havia o tomado.

Ele agarrou o corpo dela antes que atingisse o chão, a segurando contra seu corpo e a mantendo por perto. A única coisa que sabia sobre a garota era que ela era uma fada, uma fada da mente bastante poderosa e descontrolada.

Então, remexendo nos bolsos dela, ele encontrou apenas um papel amassado com um nome: Sorrel. Aquilo fora o suficiente para que ele agarrasse o corpo dela e se erguesse, caminhando para fora do recinto.

Saul Silva havia completado sua missão, mas no final conseguiu mais do que Farah havia pedido. A diretora certamente ficaria surpresa e intrigada com o que ele havia encontrado.

Porque a garota adormecida em seus braços não era uma fada qualquer, era alguém a muito tempo perdido e que estavam à procura.

𝐒𝐀𝐅𝐄𝐓𝐘 ꧞ ЅΚⲨOnde histórias criam vida. Descubra agora