03. 𝘞𝘦𝘭𝘤𝘰𝘮𝘦 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘺

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𝗖𝗔𝗣𝗜́𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗧𝗥𝗘̂𝗦
𝘞𝘦𝘭𝘤𝘰𝘮𝘦 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘺
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Aquela festa estava um tédio, se é que poderia ser chamada de festa. Haviam muitas pessoas ali, certamente, mas aquilo era apenas um encontro de confraternização, todos estavam apenas conversando e comendo, alguns criavam laços e outros apenas se reencontravam.

Eu não precisava conversar com as pessoas para saber do que falavam, já se era nítido. Haviam encontrado o pastor morto ao lado de fora da barreira, a qual foi feita para proteger os alunos e impedir qualquer ataque do lado de fora.

Esse era o assunto abordado pelas meninas, sendo exata por Terra, Musa e Aisha, já que eu apenas me encontrava apoiada na mesa de comida observando as meninas e os alunos que passavam por nós, todos presos em seus próprios mundinhos.

Era estranho de se imaginar a vida de cada um, ou de qual reino cada um deles poderiam ter vindo, ou quais reinos poderiam existir. Para alguém que nunca soube do Outro Mundo, estar aqui era algo bizarro e assustador, você não saberia o que esperar. Alfea é uma escola para fadas, mas quem além das crianças sonhadoras imaginariam que fadas são reais? Quem mais acreditariam nas histórias?

Ninguém, essa é a resposta. Qualquer pessoa sã e lógica não acreditaria, pois não há fundos ou provas de sua existência. Não há meios e nem razões para acreditar que elas existem, que nós existimos.

Fui despertada de meus pensamentos com uma onda forte de desapontamento me atingindo. Por um momento, eu perdi o equilíbrio, tendo que usar a mesa a meu favor até me recuperar.

Ao notar e reparar ao meu redor, pude notar uma Musa desconfortável e a Terra indo embora, só percebendo agora que Aisha havia nos deixado. A fada da mente parecia não saber o que fazer, então a mesma colocou os fones.

Eu a entendia, para ela, sua válvula de escape era a música, a única forma de não sentir e focar nas emoções perturbante dos outras. Para mim, era apenas um bom livro e uma música clássica.

— Musa, oi.— chamei, tocando seu ombro de leve, vendo ela me olhar e se recuperar aos poucos, retirando os fones.— Fada da mente, não é?— Ela assentiu com a cabeça, sem saber ao certo o que fazer.— Eu sei como é difícil, sabe? Lidar com todas essas emoções e não saber administrar elas, porque, afinal, elas sequer são nossas.

Ela me olhou sem entender, sequer tentando esconder sua confusão. Não precisei usar meus poderes para saber o que ela sentia.

— Também sou uma fada da mente.— acrescentei rapidamente, me explicando.

— Ah. Eu não sabia.— a dei um sorriso de lado, sem mostrar os dentes, como se fosse um relaxa. Aos poucos, ela foi se abrindo.— Os fones são para que eu não foque nos sentimentos dos outros, eles me ajudam a fugir disso.

— Eu imaginei.— confessei, me afastando da mesa e dela.— Bom, eu vou dar uma circulada. Aproveite a festa, Musa.

— Você também, Isobel.— ela sorriu, recolocando os fones e indo na direção contrária a minha.

Eu entendia Musa, as vezes as emoções dos outros chegavam a ser sufocante e a única forma de me acalmar e manter o controle era ouvir músicas no máximo e rezar para não surtar. Mas as garotas jamais entenderiam isso, porque não são elas que passam por isso, elas jamais nos compreenderiam.

𝐒𝐀𝐅𝐄𝐓𝐘 ꧞ ЅΚⲨOnde histórias criam vida. Descubra agora