01 | Talvez a gente devesse mesmo se divorciar.

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— Pô pensei que não fosse conseguir falar contigo hoje, hein? Liguei várias vezes e nem me atendeu

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Pô pensei que não fosse conseguir falar contigo hoje, hein? Liguei várias vezes e nem me atendeu. Tava até preocupado já. — Rodrigo falou logo assim que eu atendi a vídeo chamada.

— Tava ocupada Rodrigo, trabalhando. Cheguei ainda pouco em casa. — Falei sem muita paciência, amarrei meu cabelo em um coque e comecei a tirar meus acessórios enquanto me olhava no espelho da minha penteadeira. — Por que aí tá tudo escuro? Não gosto de falar com o nada.

Olhei pra tela do celular e estava tudo preto, maior breu.

Ele deu uma risada e logo depois consegui enxergar o rosto dele. Mesmo que a luz estivesse fraca deu pra ver que Rodrigo estava com uma camisa preta simples, correntinha de ouro no pescoço e estava usando óculos, o que era novidade pra mim, nunca tinha visto ele de óculos de grau. Tinha ficado bonito, era uma armação simples e combinava com ele.

Ah... foi mal. — Ele se ajeitou na cama, ficando encostado na cabeceira de ferro. — Queria falar com o Théo, saudade do meu filho.

— Para de drama, sei que vocês passam o dia se falando por áudio. E só pra você saber nosso filho tá de castigo, tá?

Ué, por que? O que foi que aconteceu? Perguntou, se ajeitando na cama de novo, ficando mais sentado do que deitado.

— Não quer ir pra escola, faz a maior birra, se joga no chão. Vai chorando o caminho todo e não fica nem meia hora lá.

Rodrigo franziu a testa, e eu comecei a tirar a maquiagem com demaquilante e algodão.

Já tentou conversar com ele?

— Conversar o que? — Voltei a olhar diretamente pro celular.

Aí Thais, conversar pô. E se tiver acontecendo alguma coisa na escola e por isso ele não quer ir? — Fiquei calada, porque essa possibilidade não tinha passado pela minha cabeça. — Théo gostava de ir pra escola e agora fica fazendo birra? Sei lá cara, isso pra mim não tá normal.

Fiquei uns segundos pensando, franzi os lábios e tive que concordar com o Rodrigo.

Meu filho era uma criança normal: chorava e fazia manha as vezes, não dá pra cobrar maturidade de uma criança de só quatro anos. Mas ele nunca tinha me dado esse tipo de trabalho, nem mesmo quando coloquei na creche novinho, pelo contrário ele se amarrava em ir pra lá ficar com as outras crianças.

E se estivesse acontecendo alguma coisa na escola nova e eu toda cheia de trabalho e sem paciência não estivesse prestando atenção?

Do nada me deu um aperto no coração, um sentimento de culpa tomou conta de mim.

— Ele começou a fazer isso quando trocou de escolinha. — Comentei. — Rodrigo e se alguém estiver fazendo mal pra ele? Nossa cara, que merda. Eu quis tanto trocar o Théo de escola...

THAÍSOnde histórias criam vida. Descubra agora