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12 de Maio de 2021, Los Angeles, California, 17h23min.

Yuna bateu na porta. Ryujin se levantou, já esperava por ela há alguns minutos. Yuna tremia do outro lado da madeira branca, mas não o suficiente para a impedir de puxar e arma e apontar para a porta. Ryujin, do lado de dentro também tremia, seus saltos finos faziam barulho conforme andava até a porta. Suspirou pesado. Yuna engoliu em seco.

- Está tudo bem, Yuna, você pode fazer isso. - A morena murmurava pra si mesma vendo a arma tremer pateticamente entre suas mãos.

- Você sabia que esse momento chegaria, Ryujin. - A coreana sussurrou para si mesma, tentando se acalmar.

Contaram até três, ambas. E quando a fechadura estalou e a porta abriu, Ryujin não se sentiu surpresa ao ver a pistola trêmula apontada para seu rosto. Yuna respirava pesado, a observando por cima do cano da arma, Ryujin não tinha nenhum olhar gentil ou arrependido. Era apenas uma imensidão negra e vazia a qual fez um arrepio gélido percorrer por sua coluna. A coreana continuava a encarando com seu olhar indecifrável e os lábios vermelhos.

"Então foi nessa aparência em que matou Yeji" - Yuna se perguntava. Certamente, a Shin que conhecia nunca usaria um vestido tão decotado, decoraria os lábios com um batom tão forte ou a observaria com um olhar tão pesado ao ponto de lhe tremular a alma.

- Shin Ryujin, você está presa por homicidio qualificado. - Yuna tinha muito mais o que falar, mas as palavras não vinham, resolveu apenas puxar a algema, se aproximando enquanto ainda apontava a arma para a garota. - Tudo que disser poderá e será usado contra você no tribunal. - Se aproximou, mas a Shin não se virou e muito menos parecia se intimidar com a presença da detetive e da arma.

Ela suspirou, dizendo em um tom calmo: - Yuna, entre, não se precipite, precisamos conversar.

- Eu não estou me preciptando, você é uma assassina! - A morena se irritou, segurando mais firme na arma e elevando o tom de voz. - Faça o que estou te pedindo ou serei forçada a usar violência.

- Então use. - A garota respondeu rapidamente, tocando os dedos suaves sobre o cano da arma. - Use violência, me mate se necessário, mas eu não aceitarei ser presa antes de conversar com você. - Disse simplista, encaixando a ponta da arma na própria boca e fitando os olhos castanhos com o mais profundo olhar de súplica. Seus lábios vermelhos contornavam com perfeição o preto brilhante da arma enquanto encarava Yuna, esperando que puxasse o gatilho.

Quando Yuna deu-se conta do que poderia acontecer, afastou a arma bruscamente de sua boca, se assustando com o quão próximo de uma bala Ryujin ficara.

- Pare de gracinhas, Ryujin. - Pediu em súplica, a voz já se embargando por conta da tristeza e angústia que se espalhava por seu peito. A loira fechou a porta e a trancou, virando-se para encarar a morena. - Já basta, foi o suficiente! - Gritava, mas seu tom era triste e suplicante, sentia os joelhos cederem conforme ia se agaixando, largando a arma no chão enquanto chorava.

Sua mente caótica e sentimentos confusos a fizeram perder o propósito, esquecendo até mesmo as algemas ao deixa-las cair no chão.

- Amor-

- Não me chame assim! - A olhou enquanto gritava. - Não ouse! Você matou a Yeji e outras crianças, pessoas no começo da vida. Me fez virar noites atrás da maldita assassina enquanto era você! Do meu lado, dormindo comigo! - Vomitava as palavras com fúria, as lágrimas caíam abundantes tornando seu rosto vermelho. - Como eu pude... Você... - As palavras se perdiam conforme finalmente cedia, sentando no chão e encostando as costas nas paredes.

- Yuna, eu juro, eu te amo. - Se aproximou, mas Yuna não a olhava. - Me perdoe eu... Desde o início, só me envolvi com você para estar proxima de algum detetive, é por isso que vocês não conseguiam me pegar tão rápido porque... Porque eu manipulei você e suas informações, até o ponto onde eu achava ser suficiente. - Dizia calmamente, Yuna levantou o olhar de escuros como mirtilos agora mesclado ao vermelho do canto de seus olhos e suas olheiras.

Sᴡᴇᴇᴛ ʙᴜᴛ Psʏᴄʜᴏ.Onde histórias criam vida. Descubra agora