02. Decisões

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A cabeça de Taehyung ainda estava doendo quando ele acordou no dia seguinte. A claridade lhe deixava tonto, a quantidade de tons vermelhos confundiam seu senso de direção e parecia que ele havia dormido e acordado em um planeta diferente, onde não conhecia nada.

Ele suspirou, apertando os olhos fechados para tentar controlar a dor. Quando falavam sobre desencadeamentos, era sempre do mesmo jeito: a alegria de encontrar sua outra metade, como era mágico finalmente poder enxergar cores em um mundo que antes era preto e branco... mas sempre esqueciam de falar sobre a parte chata - o quanto doía, como seus sentimentos ficam instáveis, sobre como a imunidade caía, como era fácil a ocorrência de pequenos acidentes por causa da adaptação com as cores novas.

Mas, a pior parte, era que nunca haviam avisado a Taehyung que talvez o desencadeamento viesse acompanhado de um problema bem grande, já que você corre o risco de desencadear com absolutamente qualquer pessoa, incluindo as casadas, felizes e em uma vida comprometida.

Ele não iria interferir nisso. Não queria acabar com a felicidade de casal algum.

Achava toda aquela situação desnecessária, para falar a verdade. Taehyung nunca procurou por uma alma gêmea e um amor perfeito e incontestável; ele era um cara bastante simples. Ele queria um emprego simples, uma casa simples, um amor simples que lhe agradasse e fosse confortável. Não precisava de um mundo colorido, precisava de paz... e aquela situação não lhe trazia nada além de ansiedade.

Ele sabia como o amor poderia ser real, mesmo que não fosse colorido: era filho de pais ineligados e havia crescido vendo o afeto da forma mais real possível no relacionamento deles. Sangah amava Dong e Dong amava Sangah; assim, preto e branco, tons de cinza e nenhuma gota aquarelável.

E tudo parecia em paz para eles. Sólido. Indestrutível.

Taehyung queria um relacionamento assim. Queria a paz de ter certeza que nunca destruiria o relacionamento de ninguém, e desde o começo foi muito fácil para si optar por não perseguir aqueles dois homens, por mais que Seokjin insistisse que ele "deveria correr atrás de sua alma gêmea".

Ele não queria que ninguém soubesse. Queria poder guardar aquilo apenas para si e ver vermelho sozinho para o resto da vida. Estava bom assim, era fácil desse jeito.

Ele desistiu de amenizar a dor de forma tátil e acabou tomando alguns analgésicos depois de tomar o banho. Sabia que sua rotina era sempre exaustiva e estava tranquilo com a perspectiva, mas havia esquecido de contar com esse tipo de situação logo em época de provas. Teria que dar conta das aulas, dos trabalhos, do café e de todos os estudos enquanto tentava se acostumar com a quantidade desesperadora de claridade que todos aqueles novos tons traziam. Ele também teria que evitar se preocupar com um futuro contato com um daqueles homens, porque Taehyung definitivamente não queria causar nenhum problema.

E, apesar de tentar tão desesperadamente se convencer de que não queria e nem precisava de nada daquilo, havia dentro de si aquela curiosidade irritante que ele tentava a todo custo afogar dentro da garrafa imensa de café. Ela ia ficar ali, bem quietinha e adormecida, guardando a paz de seu dia-a-dia sempre tão agitado.

O caminho até a universidade foi tranquilo como sempre. Primeiro a corrida até o ônibus, depois o curto percurso de metrô. Então, mais alguns metros de caminhada até a entrada da faculdade, onde comprou uma lata de energético e seguiu até sua sala de aula. Sentou na sexta cadeira da fileira ao lado da janela, de onde conseguia ver bem a aula, mas não se mantinha tão próximo do professor.

TERCEIRO TOM | taeyoonseok vers.Onde histórias criam vida. Descubra agora