00. Prólogo

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Nos vemos lá em baixo!

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Min Yoongi e Jung Hoseok se conheceram ainda no ensino médio. Yoongi havia se mudado recentemente de Daegu para Seul após a expansão dos negócios do pai e Hobi havia acabado de entrar no último ano.

Foi, literalmente, à primeira vista.

Yoongi entrou pelo portão principal enquanto Hobi estava conversando sobre algo bobo com um amigo, os olhos se encontraram e de repente o mundo todo virou uma mistura muito forte de tons e mais tons de vermelho. Os dois viraram assunto no colégio e Yoongi, que sempre foi muito romantizado em relação ao desencadeamento, resolveu se aproximar logo e conhecê-lo melhor.

Descobriram logo que não eram amicis.

Mesmo com alguns percalços, não demorou muito até engatarem em um relacionamento que começou exatamente no mesmo dia que desencadearam o amarelo, entretanto o último tom era um enigma para ambos. Não havia dúvida alguma que eles se amavam profundamente, que era uma ligação forte que ia muito além do carnal, mas o azul nunca chegou.

Eles tentaram de tudo. Ficaram semanas sem sexo, tentaram parar de se ver por algum tempo e até questionaram os próprios sentimentos, sempre chegando à conclusão de que, sim, eram sinceramente apaixonados e aquele, com certeza, não era o problema.

Durante os dois primeiros anos eles tentaram entender; procuraram especialistas, até mesmo buscaram ajuda religiosa, mas a resposta era sempre inconclusiva e eles continuavam com o desencadeamento incompleto que durante os cinco anos seguintes ficou em stand by.

Eles viveram a vida deles. Construíram uma rotina, os sentimentos se fortificaram, estudaram na mesma universidade (período no qual resolveram morar juntos) e até chegaram a noivar quando concluíram a formação.

Mas, nos últimos dois anos, as coisas começaram a ficar difíceis.

O noivado tornou tudo muito mais sério do que já era - uma vez que haviam, de fato, resolvido passar a vida toda juntos, o que os fazia concluir que jamais teriam acesso ao azul - e isso passou a gerar muita insegurança e conflitos.

Hobi se sentia culpado e Yoongi frustrado. Era como se depois de tudo eles ainda questionassem o que havia de errado com eles para que o desencadeamento não se completasse logo, e ainda que soubessem que aquilo não era tão importante quanto o sentimento cultivado nos últimos oito anos, era incômodo.

Hoseok tinha certeza que era culpa sua. Os pais eram ineligados; a mãe teve que sustentar os três filhos a vida toda, além de ter que lidar com as dívidas de um marido alcoólatra e viciado em jogos de azar que se matou quando Hobi ainda tinha onze anos.

Depois disso, ele jurou a si mesmo que cresceria na vida, encontraria sua alma gêmea e teria uma vida diferente da mãe, mas não conseguir entregar todas as cores a Yoongi era frustrante e fazia sentir como se fosse defeituoso, já que a família do noivo sempre fora perfeita.

E não importava o quanto Yoongi tentasse lhe explicar que aquilo não queria dizer nada, a culpa já havia consumido tanto o mais velho que as coisas começaram a se tornar insustentáveis e, para tentar salvar o que tinham, até tentaram voltar a morar em casas separadas, adiar o casamento e buscar outros métodos alternativos.

Mas havia chegado em um ponto onde Hobi não via mais alternativas. Ele andava se sentindo tão culpado e triste que notou que aquilo vinha passando para Yoongi e ele estava emocionalmente exausto também. Yoongi também se culpava por não ser capaz de tirar a culpa de dentro de Hoseok e aquilo tudo estava destruindo a ambos.

Foi por isso que Hobi optou pela decisão mais difícil. Ver Yoongi se apagando por sua culpa era infinitamente mais doloroso do que a ideia de ser obrigado a viver sem ele, ainda que isso significasse viver, literalmente, sem uma parte de sua alma.

E Yoongi percebeu que algo estava errado logo que acordou pela manhã.

A mensagem de Hobi era simples, dizia que iria trabalhar, mas que tinha algo importante para falar com ele no fim do dia e indicou uma cafeteria. Sem emojis, sem falar que lhe amava muito a cada três palavras.

Yoongi entendeu naquele momento que eles estavam acabando e ele não tinha nada a fazer sobre aquilo porque também não conseguia mais encontrar saída alguma para o relacionamento deles. Era doloroso e cansativo e ele não entendia mais por que as coisas haviam se tornado tão difíceis.

Chorou um pouco enquanto dirigia até o café. Havia perguntado se Hobi gostaria de carona, mas ele disse que preferia ir sozinho até a cafeteria e as coisas ficaram ainda mais claras para si.

Hoseok o deixaria naquela noite.

E ainda que já soubesse do fim iminente, ainda não estava pronto para se encontrar com o noivo, porque na hora que bateu os olhos nele, encolhido num cantinho mais afastado dentro do café, soube que ainda que estivesse péssimo, Hobi estava ainda pior.

Os olhos inchados entregavam o choro e a boca trêmula deixava impossível esconder que a vontade ainda estava ali. E ainda que fosse muito difícil, Hobi ainda lutava bravamente para não se permitir chorar demais, afinal era uma escolha dele... apesar disso, ainda era muito difícil e tão dolorido quanto perder um dos braços.

Os olhos os encontraram e a reação foi a mesma de sempre: a barriga gelando, as borboletas voando como loucas e aquele sentimento extremamente forte ardendo como se fosse fogo vivo. Yoongi sentou na cadeira da frente, tentando assumir uma postura mais sólida porque sentia que precisava manter Hobi em pé ainda que fosse para deixá-lo ir.

— Oi... — Hobi disse, a voz fraca enquanto ele apertava uma mão na outra com força.

Não queria. Não queria de jeito nenhum, mas sentia que já havia causado dor o suficiente.

Yoongi, por outro lado, sentia que havia tentado de tudo, mas ainda assim não era o bastante. E, se não era o bastante, não havia nada que pudesse fazer além de aceitar o que Hobi lhe proporia.

— Oi... — Yoongi respondeu, sólido como rocha, mas totalmente oco por dentro — O que você queria me dizer?

Hobi lambeu os lábios, abriu e fechou a boca algumas vezes tentando reproduzir o que havia passado inúmeras vezes na cabeça, mas falhando miseravelmente quando baixou o rosto e sorriu de um jeito pequeno e falso.

Parecia que o estavam esfolando vivo.

— É melhor... a gente pedir algo para comer antes... — Sussurrou, então levantou o rosto — Não acha?

Notando a insegurança dele, Yoongi assentiu.

— Tudo bem. — Forçou um sorriso compreensivo. Hobi já sabia que ele sabia, ambos estavam conscientes do que iria acontecer ali, a cumplicidade construída há anos não os permitia errar, mas nenhum dos dois tinha coragem de dizer alguma coisa.

Então Yoongi levantou a mão, chamando os garçons.

O clima na mesa era tão ruim que agora era difícil cruzar os olhares. Era como se naquele ato eles assinassem a concordância de uma separação iminente.

— Posso ajudar? — A voz grave do atendente os chamou, de forma educada e polida. Ambos levantaram os olhos para ele, encontrando os similares ao mesmo tempo.

Então, de repente, tudo ficou colorido.

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Espero que aproveitem a história! Quem já leu True Colors conhece a dinâmica, mas essa história se aprofunda mais em questões que não se aplicaram lá.

Atualizações todas às Quintas-Feiras, 18:00h.

TERCEIRO TOM | taeyoonseok vers.Onde histórias criam vida. Descubra agora