Capítulo 11 - Eu vejo vermelho

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Oi! Demorei um cadinho dessa vez, né? Bom, esse é o maior capítulo de Supremacia, então eu espero que aproveitem. Está quente. ;)

Até o próximo!

•••

O corpo de Rafaella se levantou em um sobressalto, sua respiração estava ofegante e sua testa estava molhada pelo suor. Seu peito subia e descia, a mineira levou a mão até ele sentindo os batimentos acelerados e totalmente sem ritmo.

O pesadelo que tivera ainda parecia tão real, encarou as mãos e os braços verificando se não havia nenhuma mancha vermelha ali, observando se estava limpa do sangue de Laura. Virou o rosto podendo ter visão da carioca deitada ao seu lado com a cabeça apoiada sobre o braço esquerdo e adormecida num sono leve.

Rafaella puxou o ar para dentro dos seus pulmões devagar, inspirando pelo nariz e soltando pela boca. Os pelos do seu corpo ainda estavam arrepiados e podia jurar sentir seus ossos tremerem, as lembranças do pesadelo lhe invadindo; os olhos opacos da mãe, o buraco em sua cabeça fazendo-a conseguir ver o interior daquela área e Rafaella sentiu sua garganta trancar.

"Rafa?" A voz rouca de Bianca se fez presente no ouvido da Kalimann. "O que aconteceu?"

"Eu..." Rafaella tentou mas não conseguiu, falar era um pouco demais naquela hora.

"Calma." A ruiva se moveu, sentando-se de frente para a mulher. "Vamos respirar junto comigo, ok?"

Bianca levou as mãos até o rosto de Rafaella sentindo a área úmida pelo suor e começou uma série de exercícios de respiração para tentar acalmar os batimentos descontrolados da morena.

"Bi, não para de bater." Rafaella proferiu baixo levemente agoniada segurando no pulso de Bianca e levando a mão da menor até seu peito para que sentisse seu coração. "Faz parar."

"Não vai parar, meu amor." O tom da carioca era suave, calmo e brando. "Ele bate porque você está viva, Rafa. Sente o meu toque? O calor das minhas mãos sobre sua pele? Se concentre nisso. Preste atenção no timbre da minha voz e respire calmamente para que o seu coração possa bater no ritmo certo."

A mineira então fechou os olhos e fez o que Bianca pediu, se concentrando em outras coisas que não fosse as imagens do pesadelo recente. Os pesadelos haviam parado a muito tempo, mas após ver a foto da mãe sendo deixada por alguém que não conhecia, tudo voltou outra vez como uma avalanche totalmente descontrolada em cima de Rafaella. E ela não estava sabendo lidar com aquilo sem querer que aquele maldito pedaço de carne que bombeava seu sangue parasse.

"Vem." Bianca chamou baixinho se deitando e abrindo os braços para que Rafaella encostasse a cabeça em seu peito. "Se aconchega."

Assim o fez, colocando suas costas sobre o colchão e circulando a cintura de Bianca em um aperto firme. Rafaella fechou seus olhos prestando atenção no cheiro doce da carioca que adentrava suas narinas e na maciez de sua pele.

"Quando eu era mais nova e tinha algum tipo de sonho ruim, minha mãe se deitava comigo desse jeito e me colocava com o rosto sobre seu peito. Eu escutava e acompanhava atentamente os batimentos do seu coração, eu amava aquilo. Era um sinal de que ela estava ali, que seu amor iria me proteger e que eu nunca iria ficar sozinha pra enfrentar os meus medos." Rafaella proferiu sentindo os dedos delicados de Bianca passearem por entre seus cabelos. "No dia em que a enterrei, eu me aproximei de seu caixão e observei seu rosto coberto por um fino lenço branco, sua expressão era serena e ela estava tão linda. Por um momento, eu imaginei que ela iria levantar dali e nós iríamos pra casa. E então, eu coloquei minha mão sobre seu peito e eu não senti nada."

Bianca sentiu algo molhado tocar sua pele e percebeu que era as lágrimas que caiam dos olhos de Rafaella.

"Eu não senti nada, Bi. Acho que aquela foi a hora que eu entendi realmente que ela estava morta. E eu voltei pra casa sozinha."

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