Preto e Branco

Por uma noite

Ray dormia na calada da madrugada. Apenas a pura paz do sono e dos sonhos, que fora interrompido por passos apressados e algo cutucando seu braço.

— Ei, Ray.. — Norman sussurrava no intuito de acordar apenas o amigo, que franze o cenho de olhos fechados, abrindo lentamente revelando a figura esbranquiçada. — Desculpa te acordar assim

— Norman, caramba...é madrugada, que diabos você 'tá fazendo aqui? — Ray sussurra irritado, coçando os olhos e se sentando devagar, vendo o olhar assustado do outro. — ..Não vai me dizer

— É — Outro pesadelo. Norman tinha esses pesadelos consecutivos nessas semanas por conta de uma história de terror inventada por Emma.

Era visível a tentativa de conter a angústia e o medo, apenas com o brilho do luar refletindo nas lágrimas reprimidas.

— ... — O moreno soltou um longo suspiro, abrindo os braços e imediatamente sendo abraçado forte pelo garoto trêmulo. — Mesmo se for o mesmo pesadelo, eu 'tô disposto a ouvir, ok?

— Foi o mesmo..! — O esbranquiçado murmurou angustiado. Se agarrando ao próximo como intuito de lhe dar conforto, o que funcionava. — A gente fazendo um picnic do lado de fora do orfanato, e a Emma falou que ia buscar uma fruta. E quando ela volta, ela 'tá sangrando muito..! A gente tenta enfaixar a cabeça dela mas a gente não 'tava mais no campo e sim numa floresta enorme, e você some! E eu fico completamente sozinho..

Norman soluçava baixo se abraçando forte ao maior, como se o soltasse, desmancharia.
Ray ouvia devagar, acariciando a cabeça do menor e sinal de conforto, logo os soluços cessaram e o aperto suavizou.

— Melhor? — Ray sussurrou ouvindo um murmuro de confirmação. — 'Pra um prodígio, você é muito emotivo, sabe disso?

— Cala boca, Ray — O albino riu leve, se afastando do abraço ajoelhado na cama, sorrindo pequeno para Ray a sua frente.

— Vem — O moreno disse indo para o lado da cama, dando leves batidas ao seu lado. — Deita comigo.

— Eu..posso? — Norman sussurrou vermelho, como se só de pensar fosse um pecado.

— Só por uma noite. — Ray completou dando de ombros na brincadeira, vendo o próximo sorrir maior e se deitar de lado, o imitando e o abraçando por trás. — Eu não vou sumir

— ..Eu sei que não — O albino murmurou segurando firme a mão do outro que o contornava, feliz e quentinho.

— Boa noite, Norman, sonhe com coisas boas — O moreno murmura sonolento, beijando devagar a cabeça do outro, sem notar realmente suas ações por conta do sono, adormecendo logo em seguida.

Mas ali, no escuro da madrugada, um rosto avermelhado sorrindo bobo se destacava. Norman não havia só perdido o sono, mas também toda sua estrutura foi perdida num simples carinho.
Um carinho de uma noite.

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Curto pq tô fazendo um capítulo grande