Cuidados

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!AU!

Os raios de Sol invadiam levemente o quarto de Ray através da cortina. O mesmo havia faltado aula com a permissão de sua mãe ao constar estar com febre.

Depois de alguns minutos, ou horas, (não sabia direito por estar desligado do mundo externo) da partida de sua mãe, um peso na cama se fez presente além do seu próprio. Abriu levemente os olhos e viu uma cabeleira branca.

— ...Norman..? — Ray questionou forçando um pouco os olhos cansados, vendo que era mesmo ele.

— Bom dia, flor do dia — Norman sorri levemente, antes de aproximar a mão da testa de Ray. Estava fervendo. — Eu vou pegar um termômetro, fica quietinho aí.

Norman se levantou e foi rápido ao banheiro onde havia um kit médico, enquanto Ray permanecia na sua pose confortável. O que Norman estava fazendo ali?

Tentou se levantar um mínimo, sendo logo parado.

— Ei ei ei, sem esforço, você está doente — O Albino o repreende após voltar do banheiro com o kit, indo logo se sentar ao lado do amigo, o forçando a se deitar novamente. — Levanta o braço.

— O que..você tá fazendo aqui? — O moreno pergunta fraco, levantando o braço.

— Vim cuidar de você — O mais novo sorri, colocando o termômetro na axila de Ray, antes que o mesmo abaixasse o braço.

— Você vai ficar doente também. — O emo fala revirando os olhos, vendo o amigo dar de ombros.

— Febre não é contagiosa. — Norman diz colocando o kit de lado. — O termômetro vai apitar daqui 5 minutos, me liga uma vez quando isso acontecer, para não se forçar a falar ou levantar. Eu vou preparar alguma coisa para você

— Eu só preciso..dormir — Ray balbucia, mas chiando um pouco por conta da dor de cabeça.

— O controle do ar está aqui — O albino avisa colocando o controle  junto ao celular ao lado do garoto — Seu celular 'tá aqui também, se precisar de algo e eu não estiver aqui, liga o celular que meu contato vai aparecer já. Se a dor de cabeça aumentar me avise.

— 'Tá, 'tá, não sou criança — O moreno murmura fechando os olhos, ouvindo o próximo rir um pouco antes de se levantar e sair do quarto. — Faltou aula só para cuidar de alguém doente igual eu? Tsk, que patético.

Ray permaneceu em um estado semi acordado semi inconsciente. Foi trazido para a realidade quando o apito baixo do termômetro soou. Levou a mão cansada até o termômetro, o tirando de debaixo de seu braço e aproximando do seu rosto para poder ler.

— 3...3 8.. — Lia devagar, antes de ouvir o amigo entrar no quarto.

— Ah, já deu 5 minutos? Vim checar você — Norman sorri gentil, recebendo o olhar incomodado do amigo. — Deixe-me ver

— Não..! — Ray nega levando o termômetro para a direção oposta de Norman, que levanta uma sobrancelha.

— Por que está tão incomodado?

— ..... — Ahhh não era fácil assim, não iria admitir normalmente que odiava que pessoas o vissem em estado de fraqueza, ainda mais o melhor amigo. Era seu momento de fragilidade, não queria que ninguém o visse, soubesse e/ou sentisse pena. Isso o incomodava.

Mas Norman obviamente sabia disso, eram melhores amigos afinal.

— Ray, eu sei totalmente que você é capaz de cuidar de si mesmo. Mas não é fraco ter uma ajuda de vez em quando, ok? — O albino falou se sentando ao lado do amigo, vendo o rosto do outro se avermelhar. — Eu quero cuidar de você não por pena, mas sim porque eu sei que num estado assim, fazer coisas simples pode ser bem difícil. Então que tal você me devolver esse termômetro, hm?

— ...'Tá — Murmurou, colocando o termômetro devagar nas mãos do mais novo, que sorriu.

— Muito obrigado. — Norman cantarolou, podendo olhar o número na tela digital do termômetro. — 38,7, bem alta. Não é atoa que esteja tão lento em ambos sentidos de raciocinar e agir. — Falou e pensou, antes de olhar para o mais velho, que mantinha seus olhos fixados no termômetro. — Eu vou preparar uma sopa, vou ligar a Tv e deixar em volume baixo para que não fique entediado caso não durma

— Ei — Ray resmunga movendo sua mão para o braço do maior, vendo o mesmo parar e olhá-lo. — ...por que...'tá fazendo isso.? Você faltou..aula

— Eu não ligo, professora Isabela concordou com a minha falta pelo motivo de você precisar de cuidados — O albino deu de ombros sorrindo. — E eu gosto de cuidar de você

— ... — O moreno estava obviamente envergonhado, o que fez o outro rir pouco, arrumando a franja bagunçada do outro.

— Agora descansa — Norman sorri levemente antes de se levantar, indo para a cozinha.

Estar doente não era tão ruim, ficar confortável e parado o dia inteiro era bem gostoso, mas não anulava a dor de cabeça constante e a mudanças temperais em seu corpo. Ray odiava a dor de cabeça, ela esquentava demais e as vezes acabava fazendo chiados involuntários por conta do desconforto.

Nem notou que havia dormido, nem notou quando Norman entrará em seu quarto inúmeras vezes para checar se continuará dormindo e se sua testa continuava quente. Ray estava confortável. Se sentiu acolhido pelos cuidados, e mesmo dormindo conseguiu sentir o beijo depositado em sua testa antes do albino ir embora, quando Isabella chegara.

Um dia depois Ray já se sentia melhor, conseguindo ir a escola. Levando uma coisa extra em sua mochila, uma pequena surpresa.

Norman estava conversando com algumas pessoas junto a Emma, quando notou o moreno na porta da sala, o chamando para fora.

— Vou no banheiro um instantinho, já volto — Norman falou sorrindo, antes de se virar e ir até a porta, sendo puxado pelo pulso até um canto mais isolado. — Que bom que 'tá melhor Ray! Fico feliz

— ...obrigado — Ray murmurou em um tom semi-inaudível, dando apenas para ser escutado por conta do lugar estar vazio. Então o esbranquiçado notou algo nas mãos no maior.

— O que é isso aí? — Norman questionou espiando a coisa antes que Ray empurrasse contra seu peito.

— Toma — Ray resmunga envergonhado olhando a reação de Norman ao ver a caixa de seus chocolates junto a uma cartinha com palavras de agradecimento que não tinha coragem de ditar. — É por..ter cuidado de mim.. — Ele sussurrou a última parte, mas justo pelo lugar estar vazio que o outro pôde ouvir.

— Valeu, Ray, não precisava! — O albino diz sorridente, pegando a cartinha e a abrindo, antes de ser fechada novamente pelo outro.

— Se eu escrevi, significa que eu não quero me constranger. — O moreno fala irritado, antes de colocar a cartinha nas mãos do outro de novo e sair andando.

— Hehe, que fofo — Norman sorri bobo, abrindo a cartinha e a lendo, comendo os chocolates. Talvez a aula fosse começar mas não se importava.

Dentre palavras de agradecimento, Norman notou palavras de carinho a si, o que fez seu coração aquecer. E se tivesse uma chance?
Talvez devesse cuidar de Ray mais vezes.

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Esqueci que eu tinha vida aqui 🤏

Preto e BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora