Capítulo 3

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Anna veio me chamar às três da tarde para fazer o tour pelo apartamento.

Ela me mostrou a sala de visitas, de estar, de jantar, a cozinha, dois banheiros sociais, a lavanderia e a despensa que ficavam no andar de baixo, e depois subimos para o segundo andar.

Do lado esquerdo do pequeno hall que havia na entrada ficavam os quartos, onde o meu era o da terceira porta à direita.

Do lado direito tinha o escritório de Raphael, uma biblioteca, uma sala de jogos e uma sala de esportes, com alguns aparelhos de academia.

Quando fomos para o corredor dos quartos, Anna pulou a primeira porta e partiu para a segunda, que era o quarto do dono da casa, a terceira era do meu e os demais três quartos em frente aos nossos estavam vazios, cada um com seu closet e banheiro particular.

-   Desculpa a curiosidade, Anna, mas o que tem aqui? - apontei para a porta que ela não abriu.

-   Raph não gosta que abram esse quarto, Alexia. As coisas dos pais dele estão aí, é como se fosse o quarto deles - ela disse com tristeza no olhar.

-   Esse apartamento era deles? - perguntei interessada e curiosa.

-   Não, Raph comprou o apartamento quando assumiu a presidência da TBR. Eles moravam em uma casa mais afastada do centro da cidade, mas que ficou destruída no incêndio. Daí o meu menino trouxe o que sobrou das coisas dos pais e da infância dele e trancou neste quarto. - franzi o cenho.

-   Incêndio? - ela assentiu.

-   Os pais dele morreram nesse incêndio. O sr. e a sra. Thomas eram ótimas pessoas e ótimos pais, o menino Raph ficou arrasado depois que perdeu eles - sua voz estava baixa e pesarosa. Meu coração se apertou de tristeza por pensar que Raphael tinha perdido os dois pais e ficado sozinho.. Se foi horrível para mim ter perdido minha mãe, eu nem conseguia imaginar o quão pior tinha sido para ele.

-   Foi há quanto tempo? - falei baixinho.

-   Vai fazer dois anos - assenti e o clima tinha ficado muito pesado - Sei que você não deve gostar do meu menino, mas ele não é uma má pessoa. Se ele propôs esse acordo, ele tem os motivos dele - ela disse calmamente.

-   Não é tão simples assim, Anna. Ele mexeu com a minha vida de uma forma que não dá para aceitar facilmente - suspirei e ela me encarou com os olhos tristes.

-   Venha, vou te mostrar o terraço - sorri e a acompanhei.

Subimos a última escada do apartamento e eu ofeguei com a visão.

O terraço tinha se tornado minha parte favorita do apartamento assim que pus meus olhos nele.

Tinha uma linda área de lazer com piscina e churrasqueira, um jardim pequeno, mas incrivelmente belo, poltronas de um lado e espreguiçadeiras do outro, mas o que mais me chamou a atenção foi a vista incrível da cidade.

Annecy é uma cidade linda, mas vista do terraço de um prédio de dez andares é de tirar o fôlego.

-   Eu sabia que você iria gostar daqui - Anna falou me lembrando da sua presença.

-   É… - suspirei encantada - É a coisa mais linda que eu já vi na vida - meu sorriso se expandiu como há muito tempo não fazia.

-   Você pode vir aqui quando o seu quarto ficar muito tedioso - eu ri assentindo - Agora, vamos descer, pois preciso preparar o jantar.

Descemos e eu avisei a Anna que precisava dar uma passada na Bâtiments Bernard para ver o andamento do projeto rapidinho.

Eu sei que é meu dia de folga e eu não deveria ir até lá, mas minha ansiedade e minha súbita inspiração não me deixariam dormir se eu não fosse até lá fazer algumas modificações.

UM ACASO DO DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora