Prólogo

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— Corra. E não me espere.

— O quê? Jack eu não posso....

— Confia em mim!

Jack tinha uma urgência no olhar. Uma urgência que dava pena e coragem a Dimitri ao mesmo tempo. Não. Pena era algo que ele não poderia sentir por Jack. Mas coragem...

Assentiu com a cabeça.

— Não importa o que aconteça, não pare de correr.

Em um movimento, Jack desatou a correr para o lado oposto, deixando Dimitri no meio da multidão de braços raivosos que tentavam agarrá-lo.

— Que droga, Jack! — gritou e, em um impulso contra sua vontade, correu em direção aos meninos.

— É aquele ali!

— Guardas, foi ele que me roubou!

Não importa o que aconteça, não pare de correr.

Dimitri estreitou os olhos e, utilizando toda a energia que lhe restava, correu o mais rápido que pôde, desviando de civis e pulando muretas. Os guardas começavam a aparecer montados em seus enormes cavalos ou guiando seus cães de caça ou brandindo suas lanças. E os vendedores continuavam a gritar enfurecidos.

— O que está acontecendo?

— Meus pombos!

— Ahhh, socorro! Por favor!

— ALI ESTÁ! FOI AQUELE RATO ALI!

Dimitri estranhou os novos comentário, mas antes que pudesse ter a chance de olhar para trás, ouviu o bater de milhares de asas sendo libertadas nos céus. Olhou para cima e percebeu um bando de pombos cinzentos voando para longe, e outro bando causando confusão na feira. Jack usou seu gancho para saltar para longe da gaiola do mágico de rua, que se lamentava com a perda de seu número mais importante, e alcançar Dimitri.

— Você é impossível.

Jack sorriu, sem ralentar o passo.

— Eu disse para confiar em mim.

Ao chegarem ao ponto de encontro, Caspar e Poeta juntaram-se aos dois seguidos de uma enorme nuvem de fumaça que subia do chão por conta da multidão que os perseguia. Os quatro Saqueadores da Barra armaram uma corrida em linha reta até o Nadia Keane. Ou quase.

— Caspar, esse não é nosso navio, idiota! — gritava Jack.

— Eita.

Poeta foi atrás de Caspar, que quase entrou em uma escuna qualquer. Dimitri sentiu uma dor de cabeça muito forte, e a voz da mulher mística voltou a ecoar.

Não adianta tentar escapar de mim, ela ressoava.

Os comerciantes começavam a chegar perto.

— Devolvam minhas velas!

— Eu quero suas cabeças. Guardas!

O Nadia Keane já havia desancorado e preparava-se para zarpar em direção ao alto-mar. Foi preciso um impulso gigantesco e coragem para que os garotos pulassem do deque do porto bem em cima da rede de pesca do navio. Poeta. Então Caspar. Então Dimitri. Então...

— JACK!

Nadia Keane -Parte Um: o Tesouro Roubado (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora