Os dias passam sem parar e começo a questionar-me sobre várias coisas em simultâneo, o que me dá conta da cabeça e me dá vontade de explodir e gritar contigo por bons motivos.
Será que realmente me segues para todo o lado porque receias que fique sozinho e me sinta mal, ou será que também vens porque queres mesmo estar perto de mim? Porque podes sentir aquela ansiedade estúpida que se entranha nos teus pensamentos invasivos sobre segurar-me, ou não, a mão? Será que me vens visitar a casa pelo meu irmão? Pela minha mãe? Pelo meu gato? Ou será que vens para me observar enquanto fico deitado na minha cama, a ouvir as músicas recentemente lançadas de que tanto gostaste, e por isso me obrigaste a ouvir?
Às vezes, Jungwoo, adoraria estar dentro da tua cabeça, para ver e apreciar tudo o que por aí se passa; mas detestaria que estivesses dentro da minha.
Porque, quando me pedes para te ajudar nos trabalhos de casa, finjo não saber à primeira, apenas para apreciar a expressão baralhada no teu rosto.
Porque, quando decides passar a noite na minha casa e fazemos o jantar com a minha mãe, evito fazer muita coisa porque gosto de te ver esforçado, a cortar cenouras, com a pontinha da língua de fora em pura concentração.
Porque, quando te deitas ao meu lado, penso em agarrar-te, abraçar-te, apertar-te e beijar-te até ficares sem ar, e não quero que saibas que penso assim, até eu poder saber o que pensas.
Hoje, pareces distante. Estás sentado na minha cama, a jogar vídeojogos na minha televisão, mas não pareces concentrado, não tens a pontinha da língua de fora, e muito menos o sorriso que envergas durante a maior parte do tempo. Por esse mesmo motivo, toco-te no braço, e retrais-te assim que o faço.
Merda. Será que entraste na minha cabeça sem que te desse permissão? Diz-me, por favor, que não o fizeste...
– O que foi, Jungwoo? – perguntei-te, ainda sentado, mas agora virado na tua direção, querendo fazer-te perceber que estava ali por ti, e apenas por ti.
Viraste a cara e não me respondeste. O meu coração avançou uma batida. Porra, Jungwoo, odeio quando fazes isso.
– Aconteceu alguma coisa na escola?
– Não aconteceu nada. Quero ir-me embora.
Há cinco minutos, ainda que igualmente casmurro, sorrias para mim enquanto me limpavas um bocado de chocolate do canto da boca, tal ato que jurei ser uma encenação, e que tomei como um bom sinal por esse mesmo motivo. Ao que parece, não o devia ter feito.
– Podes ir-te embora quando quiseres, não te prendo aqui. Mas gostava de saber o que se passa. Preocupa-me ires embora assim, Jungwoo, são onze e meia da noite.
– Não posso ficar aqui, porra. Não posso, Doyoung, percebes?
– Não percebo. – respondi, num tom calmo mas, ao mesmo tempo, impaciente de certo modo.
– Não posso ficar aqui. Temos de parar de fazer isto, porque se continuarmos eu tenho a certeza de que vou explodir e de que nunca mais me vais querer voltar a ver.
Deixaste-me confuso. Tão confuso, que me passaste a mim a vontade de fugir da própria casa.
– Deixa-te desconfortável? Vamos parar.
– És burro?
– E tu, estás parvo? Porque é que me estás a falar assim?
– Porque és cego, és mesmo cego! Odeio isto, Doyoung! – não respondi. Não me sentia chateado, nem confuso, apenas magoado. Magoado porque não sabia o que se passava e não parecias querer explicar. – E não me olhes assim! Credo, és tão idiota, não percebes o quanto te quero beijar agora?
Foi como se o mundo parasse. As tuas lágrimas desciam em câmara lenta e comecei a sentir o tremor das minhas mãos suadas. Fiquei especado, a olhar para ti como se tivesses acabado de me contar o maior e mais valioso segredo de estado, e senti-me mal por ti porque choravas desalmadamente.
– Idiota és tu, que não percebes que só te quero a ti. Estúpido.
Ajoelhado, aproximei-me de ti e abracei-te com força. Pareceu-me que te ias desfazer em bocados. Choravas desalmadamente e duvidei sobre realmente quereres ir-te embora, porque tinhas ar de quem não seria capaz de sair dos meus braços naquela noite, e na próxima, e na outra a seguir...
Disseste-me o que te preocupava. Chorámos juntos, mais tu do que eu. Rimo-nos a seguir das nossas próprias figuras tristes e sorrimos sem parar mesmo depois de tanto derramar lágrimas.
Abracei-te. Apertei-te. Beijei-te, como queria, sem medos, sem preocupações. Quando ficaste cansado, e eu não muito atrás, trocámos de roupa e deitámo-nos juntos, o meu gato aos nossos pés.
Caía chuva lá fora, mas não podia estar menos preocupado; tinha-te nos meus braços, Jungwoo e, naquela noite, foste tudo o que importou para mim. Eu e tu, enroscados nos meus lençóis, a ouvir as tuas músicas. Na noite seguinte nos teus, a ouvir as minhas músicas. Repetimos aquele mesmo ritual que me preocupei sobre cansar-me daquilo, mas cada vez me convencia mais de que seria impossível.
Convenci-me também, Jungwoo, de que queria que estivesses dentro da minha cabeça, agora e sempre. Talvez nunca tenha odiado essa ideia, e começo a reparar nisso agora. Ainda quero estar na tua cabeça de vez em quando e ver o que por aí vai, mas acredito que a minha seria um ótimo lar para ti.
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⌕ dowoo shorts ๑
Fanfictionpequenas histórias jungwoo x doyoung (nct) que escrevo quando não tenho nada de mais interessante para fazer. maioritariamente escritas ao som de cigarettes after sex, a altas horas da noite, ou em tardes bonitas de chuva. capítulos que contêm "𝗝 )...