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Era fim de tarde, o céu estava nublado, carregado de nuvens que cobriam o sol. Eu olhava pela janela do carro vendo a paisagem passar. Eu não sabia para onde estávamos indo, e acho que prefiro não saber.

Sentada ao meu lado, Yui parecia uma mistura de medo com ansiedade pela mudança repentina. A loira olhava para ambas suas mãos no colo, talvez fazendo uma oração silenciosa.

Eu, por outro lado, estava brava. Não me importava ser uma decisão da igreja, por que tão de repente? Por que conosco? É claro que Yui não iria se opor a isso, mas nosso pai sabia exatamente o quanto eu estava desconfortável com tudo isso. Era repentino demais. Era suspeito demais.

Finalmente, o carro preto para em frente a uma enorme mansão. Eu já havia descido, mas Yui parecia ter dificuldades com sua mala.

— Vem, eu te ajudo. — digo lhe afastando e retirando a mala com algum esforço.

— Obrigada, Naomi. — ela me lança um sorriso de agradecimento e eu retribuo com um mini-sorriso.

Fui adotada pelo padre quando tinha 9 anos de idade, antes disso, vivi nas ruas como uma batedora de carteiras. Cresci com Yui, primeiramente desconfiei de seu jeito meigo e doce, mas, depois de um tempo, criei certo afeto pela loira e, por conta de sua inocência, passei a protege-la nas mais diversas situações.

Assim que descemos, o carro preto se vai e percebo os enormes portões de ferro levemente abertos. Ambas entramos arrastando nossas malas até que sinto uma gota cair em meu nariz.

— Chuva? — a ouço falar e depois um trovão, o qual a fez encolher os ombros, assustada.

Nos apressamos em direção a entrada da mansão, tento abri-la, mas ela estava fechada. Então, ouço Yui bater a aldrava 3 vezes.

— Tem alguém aí? — pergunta e quando ela ia tocar na maçaneta, a porta se abre.

— Sinistro. — comento e empurro a porta para dar-nos passagem. Nós duas entramos e escuto a entrada se fechar atrás de nós.

— Olá, tem alguém aqui? — chama — Que estranho, talvez não avisaram que vínhamos hoje.

— Ou talvez só não quisessem a gente aqui. — murmuro para mim mesma.

Avançamos pelo tapete vermelho e noto o enorme lustre que estava logo a cima de nós. Seja quem for o dono dessa casa, é podre de rico.

— Com licença, nós... — Yui parou antes de falar ao ver um garoto ruivo deitado em um sofá verde e foi até seu encontro.

Eu, que demorei para entender o que ela estava fazendo, deixei nossas malas e fui ao encontro de minha irmã mais velha.

— Oi, você está bem? — pergunta e toca sua mão. — Ele está gelado, será que está bem? — diz me olhando.

Me ajoelho ao lado do ruivo e seguro seu pulso enquanto fecho os olhos.

— Não tem pulso. — relato, chocada com os olhos arregalados na direção de Yui que parecia tão nervosa quanto eu.

— Eu vou chamar uma ambulância! — diz com a voz trêmula.

Yui retira o celular da bolsa e disca rapidamente o número de uma ambulância até que seu celular é abruptamente retirado de suas mãos.

O ruivo que a um segundo mal possua pulsação se levanta, dou um passo para trás assustada enquanto minha irmã fica petrificada no lugar.

— Nossa, como vocês falam, por que não ficam quietas, hein? — pergunta com uma expressão de... raiva?!

— Você está vivo? — questiona, confusa.

— E por que não estaria?

— Talvez por que seu coração estava batendo tão fraco que mal dava para ouvir a pulsação? — digo, irônica, e ele franze as sombrancelhas.

A Irmã KomoriOnde histórias criam vida. Descubra agora