Capítulo VI

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Alguns dias depois, Edmund estava no escritório com seu pai, ajudando na contabilidade da empresa, envolvido em papéis, quando uma comoção na parte da frente da casa chama sua atenção.

Risadas e uma saudação amistosa parecia estar acontecendo no salão de entrada. Ele e o pai encaram-se, questionando o que poderia ser. Ouviram passos no corredor e, logo após, uma figura masculina magra e não muito alta passa pela porta aberta.

— Olá, família! Felizes em me ver?

Com um sorriso escancarado, Robert para no meio do escritório com os braços abertos. Era o irmão mais novo de Edmund. O rosto jovem e aventureiro de sempre, os cabelos castanhos ondulados levemente rebeldes no topo da cabeça. O pai e Edmund levantam-se numa risada e lhe tomam num abraço animado.

— Robert! O que está fazendo aqui tão cedo? Achei que só viria em fevereiro — Edmund questiona, descontraído.

— Sim, mas resolvi fazer uma surpresa e vir mais cedo. Não estava mais aguentando viver longe da correria de Londres! Paris já teve sua vez em minha vida.

— Já era hora! — exclama o pai, sorrindo. — Onde está Clara? Vamos organizar um jantar de boas-vindas.

O pai sai na direção da porta para encontrar com a esposa.

— Sim, por favor, sinto falta da comida de casa. Acredito que mamãe já esteja preparando tudo ― Robert aquiesce.

Com o pai fora, ficam os irmãos juntos. Robert coloca a mão ao redor do ombro do irmão mais velho, que era significativamente mais alto, e caminha, perguntando das novidades:

— Mas e então? Está quase casado pelo que ouvi dizer.

Edmund ri.

— É, já era hora. Não posso fugir das obrigações da família por muito tempo.

— Ora, você se cobra demais, irmãozinho! — Robert o solta e sai caminhando, inspirado. — Se deixasse as obrigações de lado por um tempo e viesse conhecer o mundo comigo, veria que casamento é uma tradição muitíssimo superestimada!

— Não tenho os privilégios de ser o filho mais novo, o preferido, Robert — argumenta Edmund, com um sorriso leve.

— Ora, Edmund, é porque se esmorece demais diante das ordens do meu pai! — Robert toca os ombros de Edmund e o encara energicamente, encorajando-o. — Faça um favor ao seu irmãozinho, está bem? Faça uma coisa louca de repente, algum dia, por mim. Verá o quanto será libertador!

Edmund escuta o conselho e pondera sobre ele por um tempo, quando Robert volta a falar:

― Mas então, conte-me tudo. ― Envolve os ombros do irmão e saem caminhando para fora do escritório. ― A noiva ganhou seu coração?

― É educada e bonita. Será, sem dúvida, uma boa esposa.

― Ah! Estou feliz por você, irmãozinho. Como é a família da moça? Por falar nisso, não sei o nome dela ainda.

― É Polly, Polly Bordeaux. A família é respeitável, tem seu nível significativo de posses, os pais são amigáveis... Ah! Ela tem uma irmã mais nova bastante singular.

― Ah, é mesmo?

― Sim. Conhece de música e pintura, muito mais culta que qualquer outro ente da sua família, e tem um espírito bastante desafiador, por assim dizer... ― ele bafora um leve riso e curva um sorriso torto, lembrando-se dela.

― Ótimo. Bom saber.

Os dois descem as escadas lado a lado, agora sem estarem abraçados, e veem a mãe dando ordem aos empregados na sala de jantar. O pai falava alguma coisa com o mordomo.

A Irmã da NoivaOnde histórias criam vida. Descubra agora